Capitão da BM fala sobre o policiamento no município

Segurança | Comandante da Brigada Militar de Campo Bom enaltece trabalho diário da corporação

O capitão da Brigada Militar Luciano da Cunha Veríssimo possui dez anos de serviços prestados à corporação. Antes de chegar ao município, em 2013, integrou o quadro de oficiais do 11º Batalhão da BM em Porto Alegre e ainda atuou em São Leopoldo. Atual sub-comandante do 32º Batalhão de Polícia Militar – responsável pelo policiamento em 13 municípios do Vale do Sinos e da Encosta da Serra -, possui formação em Ciências Jurídicas e Sociais e Especialização em Segurança Pública, pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). Em 2015, após a implantação dos quatro núcleos de Policiamento Comunitário em Campo Bom, teve a oportunidade de fazer um curso de especialização em Gestão em Polícia Comunitária do outro lado do mundo, no Japão.

Tamanho conhecimento tornou o capitão Veríssimo, como é conhecido na comunidade e na corporação, tutor na disciplina de Tiro Policial dentro da Brigada Militar. Graças ao conhecimento obtido pelo capitão, seguidamente é um dos professores do curso de Gestão em Polícia Comunitária, em cursos promovidos pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) em outros estados do país, como São Paulo e Minas Gerais. O Jornal Repercussão entrevistou o capitão da Brigada Militar sobre o atual momento da segurança pública no estado e no município, e agora, apresenta os melhores trechos da entrevista concedida na véspera do aniversário de emancipação de Campo Bom.

Policiamento comunitário

Para o capitão Veríssimo a principal conquista e ganho para a Brigada Militar e a comunidade com a implantação dos quatro núcleos de Policiamento Comunitário foi a reaproximação da polícia com a população. “Isso, para nós, é o principal legado. Esperamos que a BM em Campo Bom seja 100% comunitária. Temos a expectativa que ali na frente, possamos tornar a BM 100% comunitária. Estamos quase lá. Buscamos a reaproximação, a conquista da confiança e a credibilidade. Entendemos e temos a convicção de que com a polícia próxima da comunidade, entendendo o anseio, aquilo que realmente preocupa ela e adquirindo a confiança, a informação chega. Se a comunidade confia no policial, se o policial está ao lado da comunidade, ou seja, ele mora ali, frequenta os mesmos locais que os moradores frequentam, que a comunidade frequenta, ele adquire confiança e a pessoa vê que o policial também é um cidadão local, que também busca o bem-estar da sua família. E de forma mais rápida obtém a informação. Hoje a polícia sem informação não consegue desempenhar um bom trabalho”, avalia o capitão.

Monitoramento por câmeras

“Várias situações pudemos antecipar devido ao videomonitoramento, sem falar o apoio prestado às investigações. Tivemos alguns casos elucidados devido ao videomonitoramento deflagrado. Mas, claro, enfrentamos alguma dificuldade em monitorar em tempo real alguma ocorrência devido ao déficit de pessoal. O vídeomonitoramento é uma ferramenta indispensável para o trabalho da polícia. Temos um índice muito grande de trotes. Em alguns casos, por ser próximo de câmeras, constatamos que a ocorrência não existe”, comenta o capitão.

Luciano da Cunha Veríssimo esclarece ainda que todas as ocorrências cobertas pelas câmeras são sigilosas. “Por fazer parte de uma área criminal, todos os órgãos da circunscrição criminal fazem uso das imagens. Temos cuidado muito grande. Isso mexe com a imagem das pessoas. Para obter uma imagem aqui só com autorização judicial ou fazendo parte de uma investigação criminal”, esclarece o policial militar.

Ampliação do sistema

Conforme Veríssimo, o sistema atual comporta ampliação. “O recurso usado na implantação do atual sistema foi disponibilizado pela Prefeitura. Trabalhamos, para que no futuro, se possa ampliar essa ferramenta”, projeta.

Situação das viaturas

Em 2015, quando a crise política/administrativa/financeira do Estado ficou mais evidente, o parcelamento dos servidores públicos estaduais foi deflagrado, vieram à tona dezenas de casos onde policiais denunciaram o mau estado de conservação das viaturas, tanto da Polícia Militar quanto da Polícia Civil. Questionado sobre estas dificuldades, o capitão foi claro. “Estamos providos de recursos materiais, temos viaturas novas e podemos fazer um trabalho de qualidade. Temos bons veículos como uma Duster, Palio Wekend, S10 e um Focus. São viaturas que permitem trabalhar com qualidade. A última viatura recebida, veio ano passado, via Prefeitura. Esta viatura trabalha na área comercial. Além disso, recebemos do Consepro as submetralhadoras, e as carabinas”, pontua Veríssimo.

Danos ao patrimônio

Uma das queixas da população do Estado são os constantes casos de furtos e roubos contra o patrimônio das pessoas. Sobre esta questão polêmica, o capitão Veríssimo disse que houve uma redução dos índices de criminalidade. “Diferentemente do cenário nacional e estadual, conseguimos reduzir, significativamente, casos de furtos e roubos de veículos. Isso devido ao trabalho. Fizemos ações integradas junto com o Ministério Público, Polícia Civil e o Poder Judiciário. Deixamos esse legado. Foram trabalhos integrados muito bons. Fizemos prisões de quadrilhas que estavam estabelecidas no município e isso contribui na redução dos índices”, comenta.

Roubo a pedestres

Outra situação rotineira em praticamente todos os municípios são os roubos a pedestres. Sobre esta questão o capitão esclarece. “Fizemos inúmeras prisões de especialistas em roubo a pedestres. A responsabilidade é da PM de impedir o crime. Vivemos uma realidade, hoje, em que a responsabilidade deve ser compartilhada. Infelizmente, não temos mais o direito, de na parte da noite, manusear aparelhos eletrônicos caros em determinados locais. Isso oferece a oportunidade para o criminoso. Para ser configurado o crime, temos que ter o triângulo do crime: o criminoso motivado, a vítima e a oportunidade. Se faltar um desses três itens, não se configura o crime. Criminoso motivado temos bastante na rua. O que não podemos deixar fechar nesse triangulo é a oportunidade. Não podemos deixar a oportunidade surgir. Essa responsabilidade precisa ser compartilhada por todos. Assim, manusear o celular de forma ostensiva em determinado local e hora do dia tem que ser evitado. A chegada e a saída de casa são momentos delicados. É necessário observarmos todas as questões que possam oferecer a oportunidade. Sempre procuramos alertar as pessoas para que não ofereçam a oportunidade”.

Mensagem

“O cidadão de Campo Bom pode ficar tranquilo com a questão da segurança pública aqui na cidade. A gente vem trabalhando de forma árdua para que possamos manter e diminuir os índices de hoje. Comparando com outros municípios, de alguma forma, entendemos que a comunidade está sendo atendida na segurança pública. Ela está bem aquém do ideal, mas temos convicção que está sendo realizado um trabalho integrado com a comunidade, que contribui com a polícia, por isso temos registrado queda nos índices de criminalidade”, conclui Veríssimo.