Câmara de Sapiranga suspende vereador Ado Machado por suposta transfobia e caso acaba na Polícia

Sapiranga – A Câmara de Vereadores de Sapiranga decidiu nesta terça-feira (5), por ampla maioria, suspender por 15 dias o vereador Ado Machado (MDB) por um suposto discurso de transfobia, em vídeo publicado nas redes sociais do parlamentar no mês de agosto. Os vereadores Marquinhos Harff (PDT), Greici Medina (PSD), Professora Rita (PT), Guto (MDB), Valmir Monteiro (PTB) e os progressistas Leandro, Valdir Cardoso, Marconi e Olívia (o presidente da Casa, Tiago Moraes, não vota neste caso) decidiram pela suspensão, após o caso ter transcorrido no último mês pela Comissão de Ética da Casa Legislativa.

Além da suspensão, a sessão da Câmara acabou em polêmica. Na sua fala de defesa, entre outras coisas, Ado Machado disse que “ninguém se torna um transfóbico ou homofóbico por não concordar com alguma coisa. Eu só me torno um transfóbico, um homofóbico, se eu querer matar os trans”. O que causou irritação de transsexuais presentes no plenário foi do parlamentar ter usado o termo “os trans” e não “as trans”, o que motivou uma denúncia do grupo para a Brigada Militar no momento da sessão. Minutos após, brigadianos estiveram na Câmara e levaram o vereador para prestar esclarecimentos na Delegacia de Polícia. A sessão foi imediatamente encerrada.

No final da tarde, o tenente-coronel do 32º Batalhão de Polícia Militar, André Lima, disse ao Repercussão que: “a Brigada foi chamada ao local porque houve uma representação de uma das partes, mas ambas as partes foram levadas para a Delegacia para prestar esclarecimentos”. Na Delegacia de Polícia Civil de Sapiranga foi registrado um boletim de ocorrência e ambas as partes liberadas.

 

ENTENDA O O INÍCIO DO CASO:

Era final de agosto deste ano quando o vereador Ado Machado soltou nas suas redes sociais um vídeo com a legenda “Exigem respeito e com certeza merecem…”, onde discordava de transsexuais entrarem em banheiros femininos. “Imagina se isso vira lei, que homem que se sente mulher possa dividir o banheiro com as mulheres. Imagina o risco que as mulheres correm. Eu jamais ia deixar esposa, filha, estar dividindo banheiro com homem que se sente mulher. Veja bem, quantos malandros iriam se aproveitar e se fazer de mulher para cometer os crimes lá dentro? Então, a pessoa pode se sentir o que quiser e buscar a aceitação, mas jamais uma imposição”, disse o vereador.

O vídeo foi motivo para que grupos de transsexuais lotassem de comentários as redes sociais do vereador, criticando a sua postura. A ONG-Grupo Outros Olhares protocolou denúncia na Câmara. Outras seis denúncias também foram feitas na Casa Legislativa, alegando fala chula, transfobia e discurso de ódio.

Dias após, o vereador voltou a se manifestar em vídeo, frisando: “Distorceram tudo o que eu falei, parece que não olharam o mesmo vídeo”, disse Ado Machado.

A partir disso, a Câmara de Vereadores de Sapiranga, através de sua corregedoria, começou a apurar o caso, onde ouviu a defesa do vereador e dez testemunhas favoráveis ao parlamentar, entre eles pastores, empresários e profissionais liberais. Agora, quem assume o cargo por 15 dias é o primeiro suplente do MDB, Renato da Rapadura.