Boatos sobre atentados em escolas preocupam comunidade e policias emitem análises sobre medidas de prevenção

Região – Após o boato, surgido na última semana, de um suposto atentado contra a Escola 31 de Janeiro em Campo Bom, isso após a tragédia ocorrida na escola de Suzano, em São Paulo, muito tem se falado a respeito deste assunto e de como as próprias escolas podem se precaver.

Emerson Wendt, que já foi chefe da Polícia Civil do Rio Grande do Sul e hoje atua como especialista em investigação de crimes cibernéticos e segurança da informação e professor de inteligência policial, destaca, em seu site, a existência de meios físicos de contenção e controle, que podem ser adotados pelas escolas, como catraca e controle eletrônico de acesso, controle de entrada e saída de visitantes, com registro de dados e videomonitoramento, com gravação por pelo menos 10 dias.

Como mecanismos preventivos, o especialista cita ações como a formação de equipes para avaliação de ameaças, definição de condutas que demandem intervenção imediata, como por exemplo o porte de arma e postagem em redes sociais. Ainda criação e gerência de um sistema anônimo que permita denúncias anônimas, como via e-mail ou telefone. Importante também valorizar o aluno e o incentivar a compartilhar suas preocupações, anseios, dificuldades. A escola ainda pode promover palestras e debates sobre bullying e consequências jurídicas dos atos para adolescentes e pais, além de envolver toda a comunidade escolar nas preocupações gerais sobre os comportamentos.

Em casos de ameaças ou suspeitas reais, a instrução principal é reportar a situação imediatamente para a Polícia Civil e Militar assim como acompanhamento físico e virtual dos alunos envolvidos, sempre com orientação policial. Os registros de vídeo, mensagens e postagens em redes sociais devem ser entregues às autoridades responsáveis pela investigação.

BM reforçou o monitoramento

O suposto atentado contra a Escola 31 de Janeiro de Campo Bom, conforme confirmado pela Brigada Militar, se tratou de um boato. De acordo com a BM, o aluno, posteriormente identificado pela Patrulha Escolar, divulgou as informações que causaram apreensão nos alunos, funcionários e comunidade. Mesmo se tratando de boato, a BM informou que reforçou o monitoramento, e patrulhas no entorno da localidade foram realizadas com maior frequência. O Capitão Tiago Reimann, da BM de Campo Bom, lembra que desde que assumiu o comando, outros casos como este já ocorreram. “Infelizmente pelo menos três casos como este ocorreram desde que assumi o comando em Campo Bom. Em um dos casos era divulgado que um veículo preto estaria sequestrando crianças de até sete anos, mas também era falso”, declarou.

Deputados estaduais pautam segurança e controle nas escolas em projeto de lei

Os deputados estaduais Luciano Zucco e Vilmar Lourenço (PSL), com intuito de garantir mais segurança aos estudantes da rede pública de ensino, se uniram em um projeto de lei para assegurar que escolas implantem sistemas de segurança na entrada e saída dos estudantes. O Projeto de Lei 148/2019, prevê que equipamentos eletrônicos, sejam eles do modelo cartão magnético, através de senha, ou através de biometria, sejam instalados nas escolas. Para o Tenente-Coronel Zucco, “é preciso trabalhar para que todos os estudantes gaúchos tenham proteção. E isso exige lançar mão de todos os recursos e dispositivos com moderna tecnologia. Este projeto justamente converge para esta possibilidade”. Já conforme o deputado Vilmar Lourenço, casos como da Escola de São Paulo, poderiam ser evitados com algum tipo de controle mais rigoroso no acesso às dependências da instituição. “Estamos prevendo que escolas com maiores índices de violência tenham prioridade na implantação dos equipamentos. A forma de controle não extingue a possibilidade de que ocorram crimes, mas inibe todas as possibilidades de atentados ou ameaças, como as que estão ocorrendo nas últimas semanas”, destacou o parlamentar.

Relembre o caso ocorrido em escola de Campo Bom

De acordo com a Brigada Militar, outra pessoa estaria divulgando que determinado aluno cometeria o atentado contra a instituição de ensino na quinta-feira, 28 de março, imputando assim a responsabilidade da ação a um adolescente e divulgando seu nome. O aluno etava, inclusive, em horário de aula no momento em que divulgou as informações falsas através de grupos de WhatsApp. “Na verdade, alguém gravou um áudio dizendo que ele cometeria a ação criminosa e divulgando o nome dele (adolescente). O adolescente, inclusive, estava recebendo ameaças de terceiros, que achavam que ele de fato cometeria o crime. Por conta disso nós orientamos ele e o responsável a fazer o registro de uma ocorrência na delegacia, para a Polícia Civil poder investigar melhor o caso”, revela Reimann.

O Repercussão contatou o comando da Brigada Militar da Região e de Campo Bom para maiores detalhes sobre medidas preventivas que podem ser adotadas pela população e até mesmo formas de evitar a disseminação de boatos pela internet, porém, até o fechamento desta edição, não obtivemos retorno.

Texto: Sabrina Strack

Foto: Brigada Militar