Acusado de feminicídio em Araricá se torna réu e família busca justiça

Acusado foi preso após capotar carro na fuga (Foto: PRF)

Araricá – O feminicídio da moradora de Araricá, Deise Silva, de 28 anos, completou 100 dias na segunda-feira (7). Ela foi morta em 27 de novembro de 2022.

No ano passado, na região de cobertura do Grupo Repercussão, duas mulheres foram mortas por ex-companheiros. Além de Deise, assassinada com um tiro, também foi vítima a professora de Igrejinha, Maria Joseane Barcelos, de 43 anos, morta a facadas pelo ex-marido dentro de um salão de beleza. Após o crime, a suspeita é de que ele tenha tentado o suicídio se atirando na frente de um caminhão na BR-116, em Novo Hamburgo. Com estado de saúde agravado, ele também segue preso.

Além destes dois casos de feminicídio, a região registrou outras 11 tentativas contra a vida de mulheres, sendo cinco em Sapiranga, três em Rolante, duas em Campo Bom e uma em Parobé. Em alguns casos, as mulheres ficaram gravemente feridas.

Crueldade

Deise foi espancada e morta com um tiro na cabeça pelo ex-marido Jair Kreulich. Câmeras de segurança flagraram ele abandonando o corpo dela na rua Felipe Diefenbach. Um morador chegou a pedir ajuda, mas Deise já chegou sem vida no posto de saúde. Dentro do carro, estava um dos filhos do casal, de dois aninhos. Na fuga, em direção à Serra, Jair largou o filho em um posto de combustíveis e foi preso após capotar o carro em São Vendelino.

Denúncia da promotora

Jair Kreulich

Preso após capotar o carro, Jair foi autuado em flagrante e encaminhado ao presídio, onde permanece recolhido. A criança foi socorrida por um rapaz que estava parado no posto e depois entregue à família.

Ainda em dezembro, o Ministério Público ofereceu denúncia e Jair se tornou réu pelo feminicídio da ex-mulher. “Sob o pretexto de entregar dinheiro a Deise, convenceu a vítima a ingressar em seu veículo, juntamente com seu filho. Após, atirou contra o crânio dela, levando-a a óbito e jogou o corpo na via pública, dirigindo com a criança em direção a Bom Princípio. Por fim, em um posto de combustíveis, retirou o menino do carro e ali o deixou, completamente incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono, em razão da tenra idade”, denunciou a promotora de Justiça, Karen Cristina Mallmann. Ainda conforme a denúncia, Jair não aceitava o término do relacionamento amoroso com a vítima e descumpriu as medidas protetivas.

Nove dias antes de ser morta, Deise procurou a polícia e conseguiu as medidas contra o ex.

Fase inicial do processo

Com a denúncia aceita, Jair se tornou réu e deverá ir a júri popular pelo assassinato de Deise. O processo ainda está em fase inicial no Judiciário. O próximo passo é a marcação da audiência de instrução, quando passam a ser ouvidos todos os envolvidos, assim como recursos de defesa e acusação. Até o fechamento da edição, não conseguimos contato com a defesa do réu.

“Uma dor muito grande”

A família de Deise ainda tenta superar a perda de forma trágica e a saudade. Todos estão na expectativa com o andamento e a conclusão do processo. “Nossa expectativa é de que ele seja condenado. Todos nós queremos justiça, é uma dor muito grande, sem explicação toda a crueldade feita contra ela”, disse a irmã, Morgana Silva. A família acolheu os filhos de Deise e um dos medos é de ver o acusado solto. “Temos medo, pois o que foi feito com ela é de assustar, foi cruel demais. Ficamos um pouco mais tranquilos em saber que ele está preso, queremos que a justiça continue sendo feita”, desabafa ela.