Rodovias da região estão no radar do Estado em estudo para possibilidade de concessões

Região – As rodovias estaduais que atravessam os municípios dos vales do Sinos e Paranhana estão no radar do Governo do Estado. Isso porque estão sendo feitos estudos técnicos por parte do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para conceder à iniciativa privada mais de mil quilômetros de rodovias. A medida tem a promessa de qualificar acessos e infraestrutura de 63 cidades. Fazem parte desse planejamento as rodovias RS-239, a RS-020 e a RS-115.

De acordo com o secretário extraordinário de Parcerias do Estado, Bruno Vanuzzi, as qualificações podem contemplar duplicações, implementação de terceiras faixas e obras de segurança. Concessões de novas praças e tarifas também são estudadas nessa etapa.

Ao todo, são 18 rodovias contempladas, que somam 1.028 quilômetros, sendo 760 quilômetros pedagiados e sob administração da Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) e outros 268 quilômetros de responsabilidade do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer).

Novas praças

Cinco novos pedágios previstos pelo contrato de concessão iniciam a cobrança da tarifa a partir da zero hora do domingo (9). As praças estão localizadas na BR-386, em Victor Graeff, Fontoura Xavier, Paverama e Montenegro, e na BR-101 em Três Cachoeiras. A tarifa inicial será de R$ 4,40, cobrada em ambos os sentidos das rodovias. Desde o dia 30 de janeiro, todos que passam pelas praças são abordados por funcionários da concessionária e os usuários avisados do começo da cobrança no dia 9.

Conheça um pouco mais das rodovias que percorrem nossa região

Rs-239 tem 123 quilômetros
A RS-239 liga Portão à Barra do Ouro, em Maquiné. A estrada cruza Estância Velha, Novo Hamburgo, Campo Bom, Sapiranga, Araricá, Nova Hartz, Parobé, Taquara, Rolante e Riozinho. Também conhecida como Rodovia Nestor Herculano de Paula, é importante rodovia para ligação do Vale dos Sinos ao Litoral Norte. A rodovia é duplicada de Estância Velha até Taquara, e em pista simples de Taquara a Riozinho. Possui uma praça de pedágio em Campo Bom.

Liga Taquara à gramado
A RS-115 é uma rodovia gaúcha que conta com uma extensão de 41,97 quilômetros e liga a RS-239, em Taquara, à Gramado, passando também por Igrejinha e Três Coroas, no Vale do Paranhana. Conta com um trecho de 41 quilômetros sob responsabilidade de uma praça de pedágio. Ganhou terceira pista do km 30 ao 35 e, hoje, os doze quilômetros que ligam Três Coroas a Gramado contam com faixa extra.

Liga Taquara à São Francisco de Paula
A rodovia estadual liga a RS-030 em Gravataí a BR-285 em São José dos Ausentes. A rodovia conta com um total de 213,08 quilômetros. Enquanto que a extensão de 28,2 quilômetros da ERS-020 está sob responsabilidade da EGR, em uma ligação entre as cidades de São Francisco de Paula e Taquara.

“A RS-239 tem uma característica muito urbana”

Entrevista: Secretário Extraordinário de Parcerias, Bruno Vanuzzi

Jornal Repercussão – Como vai funcionar o trabalho de estudo de viabilidade?
Bruno Vanuzzi – Estamos recém começando os estudos. Ainda é muito cedo para falar o que vai acontecer, mas o importante é que sabemos o caminho, temos muitas rodovias com viabilidades interessantes na região. Agora cabe analisar o melhor modelo a ser adotado e ainda tem uma longa caminhada. Inicialmente, vamos começar estudos de demanda, como por exemplo, o que tem de veículos passantes e quais necessidades em termo de investimento. E a partir desse estudo nós vamos fazer uma análise, um casamento ente as melhores opções de rodovias e em termos de necessidade de concessão.

Jornal Repercussão – A assinatura de contrato com o BNDES então é o primeiro passo?
Bruno Vanuzzi – A assinatura de contrato com o BNDES é de uma prestação de serviço de consultoria. A partir desta semana a gente vai analisar esses mil quilômetros de rodovia, para que consigamos primeiro entender as necessidades de engenharia, potenciais em termos de demandas e fluxo de veículos e qual o melhor modelo econômico. É onde entra a questão de quantas, quais as rodovias e os lotes, enquanto que a forma de pedágio é somente a terceira etapa. Todo o processo não é tão simples assim, isso ainda vai longe.

Jornal Repercussão – Qual a previsão de início de obras uma vez superada a etapa de estudos?
Bruno Vanuzzi – A previsão é para o próximo ano. Em nosso cronograma a ideia é termos a modelagem ao término de 2020, o processo de licitação no primeiro trimestre de 2021 e assinatura de contrato até metade de 2021, a partir disso, devem começar as obras de melhorias.

Jornal Repercussão – Com o fim da EGR, qual será a situação das vias que estavam sob a responsabilidade da empresa?
Bruno Vanuzzi – A ideia é que as rodovias, até aquelas que não são da EGR, sejam objeto de concessão para permitir mais investimentos em obras para assim trazer mais conforto e segurança aos usuários.

Jornal Repercussão – Em nossa região, a RS-239 tem registrado diversos acidentes, inclusive muitos deles com vítimas fatais, quais demandas já chegam ao seu conhecimento?
Bruno Vanuzzi – A RS-239 já tem um pedágio comunitário há um bom tempo, uma praça com uma rota de fuga importante, é duplicada, mas tem uma característica muito urbana, com velocidade limitada e uma série de redutores de velocidade. Se há possibilidade e é desejável tornar essa rodovia mais expressa, necessitaria de obras e construção de muitos trechos de marginais. Em relação a RS-239, além de análise de quantidade de pavimentos para quantificações mais do ponto de vista de engenharia, tem a questão do que as comunidades esperam em relação à classificação e categoria da rodovia. Hoje, não tem a característica de ser uma estrada expressa, a maioria dos trechos é de 60 Km/h, somente em alguns a velocidade é 80 km/h. A gente sabe que tem muitos trechos na RS-239, onde é totalmente inviável em termos de características. Isso será um debate interessante dentro do governo e com as comunidades locais. A rodovia tem característica de avenida, com alguns trechos de bom uso de vias marginais e com algum bloqueio e acesso a pista principal para incremento de velocidade. Ela será objeto de estudo por que tem muito movimento e precisa passar por um processo de qualificação para ter nível de serviço e velocidade que permita diminuir o tempo de transporte.

Jornal Repercussão – E o que pode ser dito em relação à RS-020?
Bruno Vanuzzi – Esta rodovia realmente é um caso à parte e possui duas características. Do trecho entre Taquara e Cachoeirinha possui um potencial de qualificação e é uma boa alternativa para BR-116. Exige um estudo de viabilidade complexo por que possui um potencial ainda não explorado a partir da duplicação da BR-118. Enquanto que do trecho de Taquara a São Francisco de Paula, já temos estudos que demonstram que mesmo em um curto e médio prazo não terá um aumento de movimento considerável.

Jornal Repercussão – E quanto à rodovia RS-115?
Bruno Vanuzzi – A rodovia vem recebendo melhorias ao longo tempo, mas precisa de aumento de capacidade para garantir fluidez e talvez tenha que passar por uma revisão da locação da praça de pedágio. É preciso entender melhor as relações de custo benefício do ponto e será algo que também será debatido bastante com a comunidade. As três rodovias acima são rodovias arteriais extremamente importantes para a economia do Estado.

Foto: Divulgação/EGR.