Sapiranga 69 Anos: João Edmar Wolff

Sapiranga – Cantor, empresário calçadista e um apaixonado pela sua cidade de criação. Essas são algumas das faces de João Edmar Wolff, figura conhecida e de grande relevância na região, mas especialmente em um município do Vale do Sinos: Sapiranga.

 

Nascido em Campo Bom, na época São Leopoldo, Seu João, como costuma ser tratado, veio para a Cidade das Rosas com um ano de idade e desde então nunca mais saiu. Criado no bairro Amaral Ribeiro, todas as façanhas de sua autoria, como o próprio define, foram feitas pelo bem da cidade.

A seguir, uma entrevista feita pela nossa equipe de reportagem com vários momentos da vida do seu João Edmar Wolff.

Jornal Repercussão: O senhor é nascido em que município?
João Wolff: “Em 1894, meu avô construiu aquela casa ali em Amaral Ribeiro. Número 1667. Eu considero essa casa uma das mais antigas de Sapiranga. Ele morreu em 1919 com a Covid da época, que era Febre Espanhola. Ele morreu, tinha 10 filhos e os filhos, na adolescência, se mudaram para procurar emprego fora de Sapiranga. Meu pai foi morar em Campo Bom, casou, onde teve dois filhos, eu e meu irmão, e com um ano de idade (quando João tinha) ele foi para Sapiranga porque conseguiu comprar a parte dos herdeiros da casa e na obrigação de cuidar da avó que era viva. Então nós moramos ali e quando eu me casei eu me mudei para Sapiranga, em 1968, e fiquei até hoje”.

Jornal Repercussão: Quais foram as atividades profissionais que o senhor desempenhou durante a sua vida?
João Wolff: “Fui operário a partir dos 12 anos. Trabalhei na empresa Klippel e Companhia Amaral Ribeiro. Com 16 anos, fui para Sapiranga trabalhar no Calçados Orquídea até os 22 anos, (quando) fundei a empresa Musa Caçados no bairro Amaral, com sócios. Em paralelo, com 16 anos, descobri que sabia cantar, então fundamos o conjunto Montezuma e ele durou 10, 12 anos mais ou menos.
Em 1967 houve um concurso de cantores na TV Piratini e concorreram 430 candidatos em todo o RS; eu tirei o primeiro lugar. Quando houve o encerramento lá em Porto Alegre, foi uma caravana de sapiranguenses me receber. Ganhei uma viagem para o Rio e São Paulo para me apresentar nas televisões co-ligadas da TV Piratini. Em São Paulo, cantei no Silvio Santos e no Rio de Janeiro me apresentei no Chacrinha”.

Jornal Repercussão: Hoje o senhor está na presidência do hospital. De que forma chegou até lá?
João Wolff: “Todos os municípios têm dificuldades para manter um hospital. O hospital é filantrópico, é da comunidade e o tinha sempre um apoio de cinco indústrias principais em Sapiranga. Em 2005, 2006, começou a dar prejuízo. A diretoria não conseguia mais cobrir os custos. Foi feito no hospital uma troca de diretoria e depois de um ano nós chegamos a conclusão de que teria que se doar o hospital. Não apareceu ninguém. Quando chegou o momento de passar para a prefeitura, pedi um tempo que eu assumiria o hospital por um ano para ver uma maneira de recuperar ele e reduzir o prejuízo; nesse ano que entrei ali, já não deu mais nem um mês de prejuízo. Resolvi gerar uma gestão tipo fábrica. Nomeei diretores, pessoal e o regime de fábrica, pela experiência que a gente tinha. Cumprimento de horário, limpeza; tudo. Introduzimos esse sistema e o hospital começou a responder. Entrei no hospital para salvar o hospital e realmente eu consegui”.

Jornal Repercussão: O que o município representa para o senhor?
João Wolff: “Representa a minha cidade natal. Se eu vim com um ano para cá, é porque me trouxeram, mas eu considero que eu nasci em Sapiranga, me criei no Amaral, o Amaral foi meu chão até a adolescência toda. É minha terra, meu chão. Significa tudo. Se fiz alguma coisa boa para cidade, é porque sou sapiranguense. Sou um amarelense e sou um sapiranguense. Quero deixar uma história de trabalho, respeito por Sapiranga”.