Riúnas de Sapiranga celebram a vida e a paz

Foto: Redes Sociais/CAS

Sapiranga – Com mais de meio século de história, uma das entidades mais tradicionais de Sapiranga preserva um costume que remonta às raízes históricas do município. Trata-se do Terno dos Atiradores, cuja celebração ocorre no Ano Novo, marcando uma saudação às famílias de brasileiros e imigrantes alemães e seu papel durante a Guerra do Paraguai (1864-1870).

A data, tão aguardada pelos moradores locais, é uma lembrança sobre envolvimento dos imigrantes alemães nesse conflito que marcou profundamente a região. Após o término da guerra, os imigrantes alemães foram agraciados com as chamadas “riúnas” do Exército, reconhecimento de sua bravura e dedicação.

O Terno dos Atiradores não apenas mantém viva essa memória, mas também representa um elo entre gerações, reforçando os laços com a história e as tradições que moldaram Sapiranga ao longo dos anos.

É um momento de reflexão, gratidão e celebração, onde se reconhece o legado deixado por aqueles que lutaram e contribuíram para o desenvolvimento da comunidade.

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A Guerra do Paraguai

A Guerra do Paraguai foi um conflito ocorrido entre 1864 e 1870, envolvendo o Paraguai e a Tríplice Aliança, composta por Brasil, Argentina e Uruguai. Foi uma das maiores guerras da história da América do Sul e teve como principais causas disputas territoriais e políticas na região do rio da Prata. O conflito resultou em enormes perdas humanas e materiais para o Paraguai e teve impactos duradouros na geopolítica da região.

Terno de Atiradores do bairro Amaral Ribeiro

Fundado em 30 de maio de 1988, o Terno de Sapiranga teve início no bairro Amaral Ribeiro. Ao longo dos anos houve fusões com outros Ternos. Na década
de 1990, a ex-prefeita Marlene dos Santos Wingert doou uma área para o Clube Atiradores e a Associação de Moradores do bairro Centenário, onde foi construída a sede própria do Terno, destacando-se como o único na região do Vale do Sinos com essa infraestrutura.

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Famílias recebiam os atiradores em suas casas

Na infância, João Fischer recorda-se de sua família receber visitas de integrantes do Clube Atiradores em sua casa, no Morro Alto, Taquara. Influenciado por histórias de seu bisavô e tios, ele ingressou no Clube Atiradores de Sapiranga na década de 1980. Para ele, essas confraternizações entre os clubes visam celebrar a paz, transmitindo votos de felicidade e bem-estar às famílias ao passarem de casa em casa.

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A caracterização para a apresentação

Durante as apresentações programadas previamente em algumas residências, é comum que homens se caracterizem como negros, levando consigo suas riúnas, pólvora, espoleta, papel para bucha e socador, além dos músicos para animação.
Após saudar o Ano Novo com versos em alemão ou português, inicia-se uma salva de tiros, começando pelos mais fracos e terminando com os mais potentes.
Os personagens incluem o palhaço, que interage e dança com o grupo e os anfitriões, o negro (simbolizando a integração étnica), o espantalho (para afastar a negatividade e atrair sorte), e até mesmo mulheres, representadas por homens vestidos como elas.

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Por Kainã Bohn