#65Anos: Rio dos Sinos é habitat natural para diversas espécies de peixes e atrai pescadores campo-bonenses

Campo Bom – Em cerca de 190km de extensão, com a nascente em Caraá e foz em Canoas, o Rio dos Sinos conta com uma bacia hidográfica que contempla 30 cidades, entre elas, Campo Bom.

O Sinos é um dos oito rios que formam a Região Hidrográfica do Guaíba. O principais afluentes do Sinos são o Rio Rolante, Rio da Ilha e Paranhana. Além disso, recebe contribuição de dezenas de arroios, entre eles, o Schmidt, que corta o município de Campo Bom.

Apesar de nascer em meio a uma mata nativa, com águas cristalinas, puras e translúcidas, o Rio dos Sinos é um dos mais poluídos do país. O aumento do índice de tratamento de esgoto é um dos grandes fatores que contribuem para essa condição.

Pescador na cidade desde a infância, Celso Gomes enfatiza que a poluição também é responsabilidade da própria comunidade.

Espécies encontradas no Sinos

Piava – é um peixe nativo das bacias do Sul do Brasil. Uma Piava pode atingir até 55 cm de comprimento e, aproximadamente, 2,5kg.

Dourado – outra espécie de peixe nativo da região Sul. Um Dourado tende a crescer bastante, chegando a mais de um metro de comprimento e até 25kg.

Jundiá – mais uma das espécies nativas do Rio dos Sinos, com o corpo revestido de couro. Um Jundiá atinge cerca de 40cm de comprimento e até 2kg.

Traíra – é um peixe teleósteo, com a boca e olhos grandes e nadadeiras arredondadas. Uma Traíra pode medir 60cm de comprimento e até 5kg.

Lambari – outra espécie nativa da região, os Lambaris são onívoros e também utilizados como iscas para a pesca de peixes maiores. Medem até 20cm de comprimento.

Palometa – conhecidas como Piranhas, as Palometas são peixes invasores, consideradas ameaças no Rio dos Sinos, pois comem os peixes nativos. Atingem cerca de 15cm e 150g.

Campo-bonense de coração

Apesar de ter nascido em Novo Hamburgo, Celso Gomes – o famoso Celsão pescador –, se considera campo-bonense de coração, já que veio morar na cidade aos seis meses de vida. Em Campo Bom, cresceu, trabalhou, casou-se e constituiu família.

Hoje, aposentado do emprego na olaria – onde, por décadas, preparava as massas para fabricação de tijolos –, Celsão dedica seus dias à pescaria e o cuidado com o Rio dos Sinos.

No bairro Porto Blos, onde mora desde que veio para Campo Bom, há quase 70 anos, ele utiliza os caícos construídos pelas próprias mãos para remar pelo rio e retirar os materiais que encontra pelas águas. Além de se entreter com a pescaria, Celsão vende os recicláveis retirados do rio e faz uma renda extra.

Cuidado com o Rio dos Sinos

Entre os objetos encontrados às margens do rio, estão garrafas pet, latas, sacolas plásticas e vidros. Além desses, Celsão já retirou até porta de geladeira, pedaços de madeira, e tudo mais que os próprios moradores jogam no rio, ou deixam nas estradas às margens e são levados pela correnteza quando o nível da água sobe.

O pescador recorda de inúmeras vezes que, ao remar seu caíco pela água, já viu com os próprios olhos, a comunidade cometer o ato. “Não adianta nada, depois, dizer que a prefeitura não cuida da cidade, não faz a limpeza. Teve um dia que o pessoal da prefeitura esteve aqui na rua limpando tudo, colocando saibro na estrada. Foi só o tempo de saírem daqui, que o vizinho veio com o carro descarregar um monte de entulho”, lembra.

Fica aqui, então, o lembrete: cuidar do Rio dos Sinos é reponsabilidade de cada um.

Por Mairan Pacheco