Skateboarder campo-bonense mira o campeonato mundial deste ano

Campo Bom – Aos 15 anos, Deise Reis já andava de skate pelas ruas de Campo Bom. Agora com 31, ela conta como surgiu o interesse pelo esporte. “Tinha alguns meninos que andavam de skate perto da minha casa, mas só me chamou atenção, quando eu vi uma menina andando de skate perto da minha casa também. Ela ia pra escola e tinha um estilo totalmente diferente das meninas que eu conhecia,” lembra Deise, que acrescenta. “Logo em seguida, fiz amizade com ela e ela me ensinou desde como subir até às primeiras manobras”, conta.

A skateboarder, que pratica a modalidade bowl, já participou de diversos campeonatos. “Já competi em São Paulo, Santa Catarina, Curitiba, Brasília, Rio de Janeiro. Este ano estou programando uma viagem para a Califórnia, EUA, e quero conciliar com um campeonato somente para mulheres”, conta Deise.

Atualmente na 10ª colocação do circuito Oi Stu open, principal competição do seu calendário (e que terá a última etapa disputada em Sapiranga), a atleta tem por objetivo participar do mundial. “Estou aguardando a resposta da confederação brasileira para a participação no mundial de skate, que acontece em São Paulo, em setembro deste ano. Este que é um do circuito classificatório para as olimpíadas”, declara a atleta.

Além do skate, estética e cosmética fazem parte do dia a dia corrido da atleta

Deise é formada e trabalha com estética. “Eu fui trabalhar em um salão, e gostei muito e então decidi estudar. Me formei em estética e cosmética este ano e durante a faculdade mantinha a rotina de trabalho, estudo, treino e competições”, conta. Além do trabalho e dos treinos, a skateboarder também estuda inglês e faz preparação física para as competições. Mas lamenta. “Quando tenho campeonato, acabo conseguindo chegar muito em cima da hora, e isso é um pouco complicado, atrapalha no desempenho”, diz Deise.

Muito mais que um esporte

= Deise defende que o skate vai muito além de apenas um esporte. “O skate é um estilo de vida, não só um esporte. Então para mim ele está sempre ligado a tudo que eu faço. Uso ele como ferramenta para inspirar outras mulheres a buscar aquilo que nos faz feliz, independente se isso é considerado seguro, masculino, perigoso e etc. Podemos fazer tudo aquilo que nos propusemos sem limites”, declara a atleta, que completa. “Afinal o skate não é minha única atividade, trabalho, me formei, tenho casa , uma vida normal. Mas quando estou praticando não penso em nada apenas em me divertir e evoluir”.

= A skateboarder também falou das diferenças entre gêneros no skate. “Dentro do esporte as pessoas se respeitam, e se apoiam, mas dentro das competições sempre foi mais difícil, porque os melhores horários, prêmios, visibilidade eram direcionados aos homens. Mas hoje já estamos mudando e observando uma melhora nestes aspectos, mesmo que a passos lentos, as mulheres estão recebendo mais espaço e mais visibilidade”, e acrescenta. “Acredito que cada vez mais isso vai melhorar com o número crescente”, conta Deise.

= Assim como ela iniciou por causa de uma amiga, Deise fala da importância de ser referência para outras meninas. “Recebo muitos feedback sobre isso, principalmente nas redes sociais, e até mesmo nas competições. Muitas que até mesmo já andam falam que querem melhorar e andar assim como eu”, e completa. “Claro que tenho em quem me inspirar também e que ainda estou longe do nível delas, mas mesmo assim, estamos no caminho”, declara.

Reportagem: Laura Blos