Grupo de torcedoras Gurias PTE, de Sapiranga, ganha espaço e protagonismo na Arena

Reportagem Especial: Leonardo Oberherr

Após o recente caso da torcedora gremista que tirou a blusa durante o clássico Gre-Nal 422, na Arena do Grêmio, o debate sobre a presença das mulheres nos estádios voltou a tomar forma. Enquanto inúmeras torcedoras identificadas com o clube repudiaram a atitude de Maikelly Muhl, outras defenderam a postura de que homens e mulheres têm direitos iguais nos estádios e, por isso, as mulheres também podem ficar sem a camisa. Mesmo sofrendo preconceitos, as torcedoras se fazem cada vez mais presentes na Arena do Grêmio. No último levantamento feito, em 2018, o número de mulheres associadas ao clube representava 16% do quadro social tricolor. Não é só na Arena que a presença feminina cresce. O número de mulheres que apoia o time fora do estádio também aumentou. Grupos de torcedoras são vistos em boa parte dos jogos do Grêmio, bem como acompanhando os jogos em bares e locais públicos, como é o caso das Gurias PTE, de Sapiranga.

Formado em 2017, o grupo reúne cerca de 25 mulheres para acompanhar o tricolor, tanto na Arena do Grêmio, quanto no Bar do Geci, local identificado com a torcida gremista que promove eventos em dias de jogos. Letícia Maiara, fundadora da torcida, afirma que o grupo surgiu no dia 6 de dezembro de 2017: “começou com três gurias, que nem se conheciam, mas resolveram marcar de olhar um jogo no Bar do Geci junto com outros gremistas, e dali em diante a união foi crescendo. Somos 25 gurias no grupo de Sapiranga, mas temos união com meninas de outras cidades, como Novo Hamburgo, por exemplo”, explica a torcedora. Conforme o proprietário do estabelecimento, Geci Pedro Correa, todas as meninas são bem-vindas no bar: “essas gurias têm um respeito enorme. Não permito que nada aconteça, pois todas são muito queridas e merecem respeito”, enfatiza.

Regularmente, as Gurias PTE são vistas na Arena do Grêmio, como foi no último Gre-Nal, ocorrido no dia 3 de novembro, jogo em que Maikelly Muhl comemorou o segundo gol fazendo um topless e deixando os seios à mostra.

A finalidade do grupo é torcer para o Grêmio

O grupo “Gurias PTE”, de Sapiranga, é formado por torcedoras que frequentam o setor da Geral do Grêmio, fazem festa e acompanham os jogos nos bares da cidade, principalmente quando o tricolor joga em outros estádios.

Letícia conta como é a experiência vivenciada no estádio. “Ir para jogos, excursões e barzinhos virou algo do nosso cotidiano. Já nem existe mais as perguntas bestas, do tipo: ‘se a gente sabe o que é tiro de meta, escanteio ou pênalti’, porque já provamos que sabemos sim, que sabemos muito da história do clube”, afirma.

Segundo Letícia, outras mulheres são muito bem-vindas ao grupo, desde que tenham o intuito de ajudar, participar dos jogos sempre que puder e “ajudar nos movimentos que fizemos”.

Como é ser mulher e frequentar a Arena do Grêmio?

Uma entrevista foi realizada com diversas das integrantes do Grupo Gurias PTE durante uma das partidas que elas acompanharam no returno do campeonato brasileiro. Letícia comentou sobre o fato de ser mulher e frequentar a Arena do Grêmio: “O fato de ser mulher e frequentar o estádio passou a ser algo comum para nós, algo que antes era comum só entre homens, passou a fazer parte da nossa rotina. Ir para jogos, excursões, barzinhos, tomar uma ‘ceva’ antes do jogo, virou algo do nosso cotidiano. Discutir futebol? Tem que ser muito bom para ‘enrolar’ as gurias (risos). Já nem existe mais as perguntas bestas, do tipo: ‘se a gente sabe o que é tiro de meta, escanteio ou pênalti’, porque já provamos que sabemos sim, que sabemos muito da história do nosso clube, assim como de vários outros. Chegamos no ‘sapatinho’ e aos poucos fomos conquistando nosso espaço, fazendo nosso espaço e conquistando o respeito de muitos”.

Torcedoras contam suas experiências: