Sapiranga 67 anos: Ferrabraz e Voo Livre: duas paixões que se completam e colocam Sapiranga em evidência

Quando se pensa em Sapiranga, em esporte, em natureza, automaticamente o Morro Ferrabraz e o voo livre estão presentes nessas ideias. O esporte, iniciado na região ainda no final da década de 70, transformou a cidade em uma das referências no esporte. Seja na asa-delta ou no paraglider, os saltos de voo livre a partir das rampas do Morro Ferrabraz oferecem uma oportunidade única para vislumbrar a cidade de um ângulo impossível de verificar de outra forma.

Com o passar dos anos, novos praticantes foram chegando e hoje Sapiranga é considerada uma referência nacional e mundial para a prática do voo livre, sediando campeonatos e fortalecendo o turismo para quem deseja iniciar no esporte ou conhecer a cidade das alturas. Os primeiros saltos no Ferrabraz ocorreram de asa-delta e quem presenciou de perto esse início foi Gilson Caloni, 53 anos. “Meu pai tem uma chácara embaixo de uma das rampas então assisti de camarote os primeiros voos”, relembra. “Depois disso, meu irmão começou a voar em 1980 e eu comecei a voar em 1982 aos 14 anos,seguindo os passos dele”, conta Gilson. Desde então, Caloni se aperfeiçoou, garantiu uma evolução no esporte e, prestes a completar 40 anos nos ares, a vontade de saltar do Morro Ferrabraz segue a mesma. “Enquanto eu tiver condições físicas para praticar o esporte, quero sempre estar com minha asa e continuar com os saltos”, salienta Caloni.

“Voar é divino”

Filho de Sapiranga e praticante do esporte há 40 anos, Gilson também conta da satisfação de poder voar na sua cidade. “Voar é divino e eu tive a oportunidade de acompanhar a evolução da cidade lá de cima. É uma experiência incrível, afinal você enxerga tudo com uma ótica diferente e tudo fica diferente”, pontua. A prática do voo livre também permite que o imponente Ferrabraz possa ser desbravado de outra forma. “Nós, olhando o morro aqui debaixo, temos uma dimensão dele, mas voando sobre ele, enxergando toda a cordilheira que tem lá atrás, nós temos uma dimensão muito maior, muito diferente e muito mais bonita”, revela Caloni destacando ainda o carinho e respeito com a natureza que o esporte proporciona. “A gente precisa entender os sinais que a natureza nos dá e estudar esses sinais. Entendendo tudo isso, nós conseguimos fazer voos com muita segurança.

Evolução do esporte e as novas modalidades

Para falar de voo-livre e Ferrabraz é preciso sempre lembrar da evolução do esporte e das novas modalidades que foram se desenvolvendo com o avanço das práticas. Se os saltos de asa-delta começaram no final da década de 70, anos mais tarde os paragliders ou parapentes chegaram para oferecer ainda mais beleza aos céus de Sapiranga e fortalecer a integração entre os praticantes do voo livre. Um destes esportistas que há anos “desfila” seu parapente no Ferrabraz é Luciano Horn. “No verão de 1994 meu pai fez um voo duplo. Meu padrinho Rogelio Dri já voava de asa delta. Já visitávamos a AGVL algumas vezes para acompanhar meu padrinho Dri. Assim em outubro de 1994 eu comecei a voar de parapente. São 28 anos já praticando o esporte”, conta Luciano que enaltece os encantos que o voo livre proporciona. “Lá de cima é possível ver o quanto cresceu Sapiranga nesses anos todos que pratico o esporte”. Horn também valoriza a relação entre a população de Sapiranga com o esporte que pratica. ” A comunidade abraça o voo livre na cidade. Muito prestativa em auxiliar pilotos que acabam pousando fora do campo de pouso oficial. Mas ainda existem pessoas que precisam evoluir e respeitar a natureza.” salienta Luciano.

As características que o Morro Ferrabraz oferece para a prática do esporte exigem muita perícia dos pilotos, mas também garantem experiência maior para competições em outros locais. “O voo aqui é muito técnico, possuímos uma cordilheira de 15 km até Igrejinha. Também podemos voar longe das montanhas. Assim conseguimos treinar e nos aperfeiçoar em voos de relevo e sem relevo. Outra característica daqui é o voo que é mais difícil que no resto no país. Então precisamos nos concentrar para conseguir subir em térmicas mais fracas. Em competições fora daqui, isso é um diferencial importante”, explica Horn que deixa um recado à comunidade que admira o Ferrabraz e o voo livre. ” Cuidem do Ferrabraz. Somos privilegiados em ter em nossa cidade um morro que hoje é conhecido mundo a fora. Precisamos preservar isso. Cuidem do Ferrabraz, essa é a mensagem”, finaliza o piloto.