Equipe de futebol de Sapiranga levou o nome da cidade para o Estado

Tamanho: 11x16,5 Características: Aparece o Sr. Lirio Pires segurando a bola, Adão Constante da Silva, Ellwagner, Pedro Constante da Silva, Orlando Constante da Silva.

Sapiranga – A Associação Esportiva de Sapiranga, um clube tradicional do município, que já conquistou várias competições importantes no seu longo período de história, como os campeonatos amadores. E chegou a disputar até a 2ª divisão do Campeonato Gaúcho, em 2003 e 2004.

O time iniciou de forma diferente, se comparado com a maioria dos clubes brasileiros e mundiais.
Seu primeiro nome foi Grêmio Esportivo Brasil, com sua fundação em 7 de agosto de 1945. Porém, com a extinção do Sapiranga Futebol Clube na década de 1970, o Grêmio Esportivo decidiu alterar o seu nome de fundação e colocar algo que identificasse a cidade natal da equipe. Com isso, em 22 de janeiro de 1974, passou a ser conhecido como Associação Esportiva Sapiranga.

E parece que a troca de nome deu certo, pois a partir da alteração o clube conquistou vários títulos importantes para uma equipe do interior do estado do Rio Grande do Sul.

Nos anos de 1978, 1981 e 1999, o time foi campeão do Campeonato Gaúcho de Futebol Amador. Nos anos 2000, o clube alcançou ainda mais destaque no cenário estadual e nacional. Foi vice-campeão do Sul-Brasileiro de Futebol Amador e disputou a 3ª divisão do Campeonato Gaúcho profissional em 2001 e 2002. O seu auge foi nos dois anos seguintes, com a disputa da Segunda Divisão do gauchão em 2003 e 2004.

Título e amistoso com o inter

E para contar histórias detalhadas do clube, principalmente nos anos onde foi campeão amador de 1978 e 1981, o Jornal Repercussão convidou dois atletas que fazem parte da grande história da equipe de Sapiranga.

Paulo Roberto Nunes, mais conhecido por Lambari, chegou ao clube no início de 1981. Zagueiro habilidoso e com liderança, gostava de sair jogando, sempre com um passe preciso, encontrando o companheiro de equipe mais bem posicionado para o time desenvolver o seu jogo. Ficou até 1985 na Associação, nesse período de cinco anos foi campeão amador de 1981, com uma equipe, segundo ele, imbatível. Além do título, o time fez boas campanhas nos campeonatos amadores da época e, um amistoso contra o Inter em 22 de março de 1982, no estádio da Associação, que o zagueiro se recorda até hoje.

Décadas de 1970 e 1980 de equipes fortes

Além de atleta, ele também ajudou a formar a equipe campeã de 1981, que tinha grande parte do elenco, com jogadores de Sapiranga, mas com alguns atletas, trazidos por Lambari. “Em 1981 a gente estava começando a fazer o plantel, um plantel muito bom. Daí eu arrumei dois boleiros de lá, um ponta esquerda e um zagueiro muito bom, o Carlão. Eu morava em Porto Alegre, daí para eu vir para Sapiranga e trazer outros atletas, a Associação me deu um carro, assim facilitou para todos, o clube não precisou gastar com transporte, alimentação e logística com os jogadores que trazia”, afirma Lambari. No final da década de 70 e início de 80, foi uma fase gloriosa da equipe do Vale dos Sinos, pois todos os anos jogava no Campeonato Amador do estado, com uma renda fixa de bilheteria, patrocínios e gestão eficiente.

Quadrangular final de 1981 foi em Taquara, com a decisão contra time da casa, em um jogo emocionante

Outro aleta que atuou nessa época e que foi campeão em 1981, é o meia Miguelito. Natural de Sapiranga, atuou na equipe de 1981 a 1986 e se recorda bem do título conquistado e a quase ida da Associação, para o Campeonato Gaúcho da primeira divisão, no início dos anos 2000.

Os campeonatos amadores eram disputados com várias equipes do estado. Na primeira fase, para facilitar questões de custos, transporte e logística, os grupos eram feitos por região. No caso da Associação Sapiranga, enfrentava, por exemplo, times de Dois Irmãos, Novo Hamburgo, Campo Bom e Estância Velha. Após essa fase, era formado um quadrangular com os quatro melhores do Rio Grande do Sul. Aquele que somasse mais pontos era o campeão.

Em 1981 os quatro finalistas do amador foram a Associação Sapiranga, Juventude de Ibirubá, Botago de Três de Maio e o Taquarense de Taquara, que foi a cede das decisões. “O quadrangular final foi em Taquara. A Federação Gaúcha organizava a competição e era escolhido um estádio entre os quatro finalistas, para fazer essa última fase. Tinha critérios de logística, estrutura, segurança, organização entre outras coisas”, afirma Miguelito.

A Associação Sapiranga ganhou seus dois primeiros jogos e o Taquarense teve uma vitória e um empate. Com isso, no último jogo entre as duas equipes, o time de Taquara precisava vencer para ser campeão, dentro de seu estádio completamente lotado.

Miguelito, que era titular da Associação, lembra que foi um confronto tenso, por ser no estádio do Taquarense e ainda teve a mudança de horário das duas últimas partidas, que fechavam o quadrangular no domingo. “Eles fizeram de tudo para ganhar lá. Nosso jogo estava marcado para às 16h e foi antecipado para às 14h. A federação nos avisou e nem tínhamos almoçado, chegamos meio dia lá e fizemos um lanche, para já se concentrar para a partida”, declara o meia-direita.

Contra o Taquarense, a Associação precisava pelo menos do empate para se tornar bicampeã

O Taquarense abriu o placar no segundo tempo e para deixar a equipe ainda mais próxima da taça, dois jogadores da Associação Sapiranga foram expulsos, inclusive, o meia Miguelito. “Nossas expulsões talvez foram justas, mas o juiz poderia ter expulsado um deles também, acho que faltou critério”, afirma Miguelito. Apesar das circunstâncias negativas, jogando fora de casa, com dois jogadores a menos e precisando empatar, a Associação Sapiranga não desistiu e, aos 45 minutos do segundo tempo, com sua torcida que lotou o seu espaço no estádio para a decisão, viu o goleiro do Taquarense sair mau em uma jogada e derrubar dentro da área o atacante da Associação. Com os dois cobradores oficiais de pênalti expulsos, o Zagueiro Carlão (que Lambari trouxe de Porto Alegre) foi para a cobrança e com o seu gol, calou o estádio lotado em Taquara. Em função das paralisações o juiz deu quase dez minutos de acréscimos. Com o Taquarense emocionalmente abalado, a Associação Sapiranga conseguiu administrar a partida e, pela segunda vez, foi campeão amador do estado.

No início dos anos 2000, a Associação disputou a segunda divisão do Campeonato Gaúcho. E só não subiu para a primeira divisão porque em 2001, na decisão contra o Brasil de Pelotas, levou um gol de empate no final da partida. E agora, as lembranças dos momentos inesquecíveis estão na memória dos sapiranguenses e quem sabe um dia, a nova geração possa ver este time em ação novamente e ganhando títulos.

Texto: Diego Moraes

Fotos: Arquivo Pessoal / Diego Moraes