Do Cairú para o Mundo: Campo-bonense Marcelo Grohe disputa o Mundial

Região – O ano de 2017 vem sendo de muita alegria para a família Grohe. O arqueiro de 30 anos, 1m88cm, destro e de boa índole, conquistou o Tricampeonato da Libertadores e vai em busca do Bicampeonato Mundial de Clubes do Grêmio neste sábado (15).

Criticado em muitas oportunidades diante de algumas falhas, o goleiro inspirado por Eurico Lara, Danrlei e Mazarópi, retomou ao posto de titular e caiu nas graças da torcida, após “O Milagre do Século”, na partida da semifinal da Copa Libertadores. O lance dito por muitos “como a defesa mais difícil da história” virou obra de arte, e motivo de orgulho para os torcedores.

Marcelo tornou-se profissional no fatídico ano de 2005. Terceiro goleiro, atrás de Eduardo e Galatto – este, também cria das categorias de base do Grêmio – eternizou seu nome na história após “A Batalha dos Aflitos”. Mas, foi em 2006 que Grohe estreou com a equipe profissional. Após lesão de Galatto, Marcelo assumiu a titularidade na Final do Campeonato Gaúcho de 2006, diante do Internacional – que havia recém conquistado o Mundial Interclubes, enfrentando o poderoso Barcelona de Ronaldinho e cia. – e não decepcionou. Após um primeiro jogo empatado em casa com o placar de 0 a 0, foi no Beira-Rio, que a equipe Tricolor conseguiu um novo empate, em 1 a 1, e conquistou o Campeonato. A partir daí, Grohe perseverou na reserva de goleiros como Saja, Victor e Dida, até que em 2014, após a dispensa de do último citado, Marcelo retomou o posto de titular, e chegou até a marca de 819 minutos sem levar gol no Brasileirão daquele ano, a quinta maior invencibilidade da história da competição. Porém, foi em 2016 que Grohe caiu nas graças da torcida. Com atuações seguras e dando cada vez mais confiança ao torcedor e ao time, Grohe levantou a Taça de Pentacampeão da Copa do Brasil, acabando com um jejum de 15 anos sem títulos expressivos do Tricolor.

Grohe disputa neste sábado, às 15h, diante do Real Madrid de Cristiano Ronaldo, o título do Mundial de Clubes.

Família de Campo Bom

Após a conquista da Libertadores de 2017, Marcelo Grohe desfilou em Caminhão de Corpo de Bombeiros pelas ruas de Campo Bom, no dia 02 de dezembro, ao lado de sua esposa, Paula Grohe e sua mãe, Ilse Grohe. Emocionada, Ilse comenta sobre o momento do filho “Para mim não caiu a ficha. Vim de Porto Alegre agora, não estamos dormindo, não estamos comendo, foi algo incrível. Já são dois anos como titular e ele já ganha essa Taça. Não tem palavras”, disse Ilse.

Relembrando o passado: Marcelo Grohe desfila em carro do Corpo de Bombeiros e relembra a época em que atuava pela UJC/Juventus e pelo Cairú

Gremista assumido, Marcelo Grohe começou jogando na escolinha de futsal da UJC, em Campo Bom. Após um curto período, “MilaGrohe”, como agora é conhecido, passou a atuar pelo Clube Atlético Cairú, de Sapiranga, até chegar às categorias de base do Tricolor.

Após a conquista da Libertadores da América, Marcelo Grohe voltou à sua cidade natal, em 02 de dezembro, para receber o carinho de fãs e torcedores do Grêmio, além de receber homenagens de professores, amigos e familiares. Grohe desfilou sobre um caminhão do Corpo de Bombeiros da cidade e distribuiu autógrafos. A reportagem do Jornal Repercussão conseguiu acompanhar o desfile e ainda entrevistou o goleiro Tricampeão da América.

Falando sobre a sua formação como atleta e como pessoa, Grohe agradeceu aos professores das escolinhas que ele participou: “Bom, foi onde tudo começou. Em 1998, eu ingressei na UJC, em Campo Bom, eu tinha 11 anos e jogava futebol de salão. Em 1999, eu entrei no Cairú, em Sapiranga, onde eu jogava futebol de campo. Eu acho que foi fundamental”, relembra.

Grohe cita ainda como foi o início na base. “Me deu uma base onde eu pude começar a me relacionar com o futebol de uma maneira onde eu podia vivenciar mais esse ambiente: da vitória, da derrota, da frustração, da alegria… Em 2000, nós fomos disputar uma competição na praia, onde eu fui visto e acabei ingressando na base do Grêmio, onde fiquei até os meus 17 anos. Só tenho a agradecer às escolinhas, a todo o pessoal do Cairú pela minha formação pessoal e profissional”.

Recebendo muito carinho dos fãs, Grohe comenta sobre a recepção dos torcedores em sua cidade natal, Campo Bom. “Olha cara, não tenho palavras para descrever esse momento. Poder receber o carinho dos familiares, amigos, das pessoas que me admiram… Todos sabem que eu nasci aqui e tenho um orgulho muito grande dessa cidade, sempre que possível eu venho aqui, e agora, estar podendo viver um momento muito especial na minha vida, podendo estar ao lado da minha família, da nossa torcida, é fantástico”.

Marcelo Grohe ainda deixou um recado para todos os alunos que desejam ser jogadores profissionais. “Eu incentivo os sonhos. As pessoas devem ir atrás dos seus sonhos, não desistir nunca. Quando temos um objetivo, devemos correr atrás e, com muito suor, muito sacrifício, muita fé, a gente busca e consegue realizar. Então é esse o recado, ir atrás de seus sonhos e não desistir nunca!”, disse.

O Diretor de Futebol do Clube Atlético Cairú, Hélio Voltz, relembra os bons momentos vividos pela equipe e destaca a frieza do jovem goleiro. Grohe atuou pelo time do bairro Amaral Ribeiro nos anos de 1998 e 1999, onde disputou diversas competições e levantou a taça na grande maioria delas. “Nós queríamos reforçar o time para a disputa do estadual. O Marcelo jogava na UJC e nós procuramos ele e o seu agente para fecharmos uma parceria com ele. Nós já víamos que ele era diferenciado em campo”, destacou.

Helinho, como é conhecido, comemora o sucesso de Marcelo no futebol profissional e fica feliz em vê-lo conquistando títulos pelo seu time do coração. “Nós víamos ele jogando aqui, com 12, 13 anos, e hoje vemos ele sendo o melhor goleiro do país”, comemora. Hélio ainda relembra que Grohe visitou a Escolinha do Cairú há dois anos e fala que gostaria de vê-lo falando mais sobre a importância do Cairu em sua carreira.