Especial Nova Hartz 33 anos: “Cidade bonita que pode ficar ainda mais”

Nova Hartz – Mário Valdir Augustin é bacharel em direito e político regional. Foi o primeiro prefeito do município de Nova Hartz e líder do processo de emancipação da cidade. Nesta entrevista, Augustin falou sobre sua trajetória política no município, o processo de emancipação de Nova Hartz, suas realizações como chefe novahartense e suas aspirações para a cidade atualmente.

 

Jornal Repercussão: Como foi o processo de emancipação?
Mário Augustin: O processo começou por uma conversa com um amigo meu, que tinha um atelier e influência sob muitas pessoas, e eu, professor na Elvira Jost, lecionava educação moral e cívica, e tive espaço para falar sobre processos de independência, emancipações, governos, já que a matéria exigia isso. E comecei a estimular, em sala de aula, a emancipação. Eu e meu amigo começamos a abrir esse leque, até conseguirmos uma reunião envolvendo boa parte da comunidade. No plebiscito, o povo aprovou com 94, 97% de aceitação. Aí vai ao governador, que aprova a criação do município, entra um período de um ano entre o decreto e a campanha. Nessa liderança que eu tinha me envolvido, fui candidato a prefeito, e tive uma boa campanha com muita aceitação. Eu envolvi a comunidade com carinho num propósito de nós sermos um município independente, com nosso governo, essa foi a proposta.

 

JR: Qual era a motivação na época para emancipar?
MA: O município de Sapiranga, em um ano, dispensou, em seu orçamento para Nova Hartz, algo em torno de R$150 mil reais. Quando emancipamos Araricá, o disponível no orçamento de Sapiranga para Araricá era R$50 mil. Nova Hartz era potencialmente maior, com maior geração de receita pelas indústrias calçadistas que estavam no seu apogeu.Tudo isso gerou, no primeiro mês do município, uma arrecadação em torno de 1,2 milhão de reais. De R$150 mil em um ano para R$ 1,2 milhão no primeiro mês. Tínhamos consciência disso e lutamos muito para isso.

 

JR: Qual o sentimento de ter sido o primeiro prefeito?
MA: Eu acho que eu fiz a minha parte, e bem feita, porque eu não tinha uma cadeira para sentar. Não tinha uma caneta. E não vou usar meias palavras, houve governos que em oito anos não fizeram o que eu fiz em quatro. Eu estruturei a cidade na área da segurança, da saúde, com a construção do posto, maior área de habitação, trouxe o segundo grau, aumentei as escolas e dei manutenção às que existiam, trabalhei em asfalto e calçamento, a transformação foi notória. Não quero julgar meus sucessores, isso cabe ao povo, que tem dado a resposta a quem não tem correspondido às expectativas.

JR: Em um panorama geral, como você enxerga a cidade hoje?
MA: Nova Hartz tem algumas coisas caindo de maduro (para crescer). A representação do município junto às demais cidades da região, com uma entrada bonita, arborização, sinalização, iluminação pública na via de acesso, isso está fraco em Nova Hartz. Falta coragem, determinação de transformar, de buscar alternativas. Tem quem fique sentado, mas tem quem faz. Precisamos envolver a sociedade toda nessas melhorias, dando o mínimo necessário aos bairros, moradores, às pessoas que precisam, que trabalham, que se deslocam. Hoje, Nova Hartz é uma cidade bonita e pode ficar ainda mais. É uma cidade de muita beleza, com esse fundo do morro, com alguns pontos a serem melhorados no ponto turístico, mas é muito bonita. E cresceu. É importante usar a comunicação, falar com as pessoas, ser forte e superar as diferenças.