Ex–PM doa lucro da venda de seus livros para caridade

Inspiração | Adilson Machado está prestes a finalizar seu terceiro livro de poemas e reflexões

Campo Bom – Quando se diz que um ex-policial militar que passou 30 dos seus 64 anos a serviço da Brigada Militar hoje é um escritor, o que se espera é que a produção seja um livro de suas memórias na polícia. No entanto, não é o caso de Adilson Lopes Machado.
Adilson já tem dois livros publicados, “A Graça que vem do céu” e “Lágrimas de Mãe” e já tem uma próxima obra literária a caminho, que espera lançar daqui a um ano. Em seus livros, ele escreve poemas e reflexões. 
O Sargento aposentou-se em junho de 1997, mas retornou a ativa, de 2001 a novembro de 2014, quando trabalhou como segurança pela Brigada Militar no Judiciário de Campo Bom. Agora, o ex-policial militar dedica seu tempo à  escrita. 
O aspecto singular da carreira de Adilson é que, enquanto era policial militar, ele também trabalhou como locutor de rádio. Ele considera que esse contato com as pessoas foi o que despertou em si uma certa sensibilidade aos sentimentos dos outros.
Poemas são publicados para conseguir financiar doações
Como agora não está mais ligado à Brigada, Adilson dedica seu tempo à escrever em casa, no seu Cantinho do Poeta.  Ele também promove a venda dos livros, para poder continuar com as doações de alimentos. “Os livros estão à venda nas livrarias, mas agora que posso me dedicar, vou a restaurantes nos finais de semana, apresento meus poemas e levo alguns livros comigo. Sempre vendo alguma coisa”.
Corrente Fraterna
Foi durante seu trabalho como segurança no Judiciário de Campo Bom que surgiu a Corrente Fraterna, sua campanha de doações para caridade. Após as pessoas serem atendidas, ele conversava com elas e arrecadava dinheiro para as doações. “Se o total de doações era de R$ 800,00, ia ao mercado e comprava 8 sacolas básicas, de cem reais cada”, explica. Nas sacolinhas, Adilson procura incluir alimentos básicos, como feijão, arroz  e açúcar. O policial aposentando conta que escolhe as casas que irá visitar quando está no local, sem critério algum. “É sempre muito emocionante, às vezes as pessoas choravam e eu chorava junto”, ele se mostra comovido.  
Lista de doadores
Para comprovar que o dinheiro era destinado a ações de caridade, Adilson fazia uma lista com o nome do doador, a quantidade de dinheiro doada e o endereço da família a quem o dinheiro era destinado. “Se no final do mês haviam 80 pessoas naquela lista, eu fazia 80 cópias da lista e enviava a cada um” Porém, a vontade de Adilson era realizar suas doações sem precisar pedir dinheiro para as pessoas. “Foi aí que pensei que, se minha inspiração fosse melhor, poderia publicar os poemas e usar o dinheiro nas doações. Pedi a Deus por inspiração e foi a mesma coisa que colocar os dedos no interruptor e acender a lâmpada. Escrevi um poema atrás do outro”.conta.