Pandemia do coronavírus leva Paquetá a demitir, reduzir salários e jornada de trabalho

Unidade da Paquetá, em Sapiranga, demite funcionários e enxuga despesas - Foto: Reprodução .

Sapiranga – Um dos maiores conglomerados calçadistas do Vale do Sinos, a Paquetá The Shoe Company foi a primeira indústria do setor a confirmar demissões em massa de seus colaboradores. Em meio à crise mundial do coronavírus, a empresa que havia anunciado férias coletivas de 23 de março até 21 de abril, confirmou nesta quinta-feira (2), que realizou demissões de funcionários.

Na prática, duas linhas de produção de calçados que estavam ativas, em Sapiranga, deixarão de fabricar, refletindo em uma legião de desempregados. Interlocutores ligados à indústria confirmaram que todos os setores (parte corporativa, administrativa, modelagem, financeira, jurídica, programação, compras, abastecimento e almoxarifado) também sofrerão cortes de pessoal, e também, redução salarial e de jornada de trabalho.

A empresa não revelou a quantidade de demissões, mas se estima que serão mais de 100 trabalhadores. Para o presidente do Sindicato dos Sapateiros de Sapiranga, Júlio Cavalheiro, estes são sinais de uma crise econômica muito grande que vem ao encontro das indústrias e dos trabalhadores daqui para frente: “O comércio do Brasil, do mundo e os grandes shoppings estão fechados. Mesmo que estivessem funcionando, venderiam sapato para quem”, indaga.

O que disse a Paquetá sobre as demissões 

Nota enviada ao Repercussão esclarece os seguintes pontos: “Infelizmente, seguindo um movimento inevitável do setor calçadista, atingido pela atual crise gerada pela pandemia, a Paquetá realizou demissões de funcionários. Essa medida foi adotada para adequação das plantas fabris à nova realidade que está sendo trazida ao setor calçadista pela crise. A empresa está desligando funcionários relativos à sua capacidade fabril ociosa, sem qualquer impacto nas operações rotineiras”, explica a empresa.

Sindicato avalia momento

Júlio Cavalheiro ainda está prudente com relação as demissões, mas está consciente de que notícias ruins para os trabalhadores estão a caminho: “Não tenho informações de demissões. Mas, conversamos com a gerente de RH da Paquetá, que nos comunicou que a empresa estava discutindo uma redução da jornada de trabalho em 25% e também demissões. Mas, não existe uma formalização ainda. O que sabemos é que uma terceirizada, da Ramarim, encerrou as atividades e demitiu 32 funcionários, em Sapiranga”, declarou o sindicalista. Por sua vez, a Paquetá disse que as demissões não possuem relação com a recuperação judicial da empresa, que segue seu curso normal, aguardando redesignação de Assembleia-Geral de Credores, cuja convocação foi suspensa em razão da impossibilidade de reunião dos credores causada pela pandemia. Durante a quinta-feira, familiares e funcionários da Paquetá confirmaram as demissões nos canais de interatividade do Grupo Repercussão.