Por Lilian Lima, editora de Gastronomia do site As Boas Coisas da Vida. Visite: www.asboascoisasdavida.com.br
Considerada uma das bebidas mais antigas do mundo, o vinho surgiu no Cáucaso (Cordilheira entre Geórgia e Armênia, no extremo leste da Europa) há mais de 7 mil anos. Desde lá, acompanha a humanidade em sua trajetória pelo planeta.
Num passado distante, o vinho foi um alimento saudável que garantia a sobrevivência de populações submetidas a longos e congelantes invernos, na Europa. Hoje em dia, ninguém mais depende desta fonte calórica para viver. Pelo contrário, a oferta de calorias no mundo moderno chega a ser excessiva. Para o economista e vinhateiro, Rinaldo Dal Pizzol, profundo pesquisador da “civilização do vinho”, a bebida é muito mais do que uma fonte de calorias.
Então, por que continuamos a beber o vinho e a cultuá-lo? Porque o vinho é muito mais do que uma bebida, explica Rinaldo, proprietário de uma vinícola em Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha. O vinho está intimamente associado à religião, à cultura, à história, à convivência entre as pessoas e, principalmente, ao prazer. Em outras palavras, à civilização. Não por acaso, tradicionais regiões vinícolas da Europa, como o Douro, em Portugal, são hoje reconhecidas pela Unesco como patrimônios da humanidade.
– Ninguém viaja mais de mil quilômetros, de São Paulo até aqui, só para cheirar e beber vinho. Isso pode ser feito em São Paulo mesmo, até com mais conforto. As pessoas vêm de longe até nós em busca do que está em volta do vinho – reflete Rinaldo Dal Pizzol.
E se além do prazer, for bom para a saúde? O cardiologista Jairo Monson de Souza Filho, autor do livro “Vinho é Saúde”, estuda os benefícios da bebida para nossos ossos, cérebro e nervos. “O vinho é extraordinariamente adequado para ser consumido moderadamente junto com as refeições, para melhorar o desempenho físico e mental, o metabolismo como um todo e prevenir doenças degenerativas.”
E mesmo não sendo remédio, os benefícios do vinho aumentam quando compartilhado, ao redor da mesa, cercado de amigos e da família. É muito mais que uma bebida. É a história de uma região, é a cultura italiana, francesa, portuguesa, chilena, argentina e tudo que cerca este suco de uva fermentado. A arquitetura. Os costumes arraigados. A devoção quase sagrada destes vinhateiros pelo trabalho com a videira.