Veado-campeiro teria sido visto na Picada São Jacó, em Sapiranga. Especialistas acreditam ser outra espécie

Sapiranga – Há alguns dias, o Jornal Repercussão recebeu de um leitor fotos do que ele acreditava ser um veado-campeiro, encontrado na Picada São Jacó em Sapiranga. Para confirmarmos a informação, conversamos com alguns especialistas da região.

Segundo o biólogo Luiz Fernando Stumpf, do Núcleo Sócio Ambiental Araçá-piranga, não há a possibilidade de se tratar de um veado-campeiro, pois esta espécie é muito rara, e quase foi extinta dos campos gaúchos. Luiz acredita que se trata de um veado-mateiro, comum em ecossistemas florestais preservados como parte do Ferrabraz, e por, inclusive, já terem sido vistos alguns animais desta espécie cruzando ruas e propriedades na zona rural da cidade.

Assim como Luiz, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Preservação Ecológica, explica que dificilmente se trata de um veado-campeiro, pois, além de estarem restritas e isoladas geograficamente, esta é uma espécie característica de ambientes abertos, raramente encontrados em ambientes de mata. A Secretaria, diz que pelas fotos não é possível identificar se tratar de um veado, mas acredita, que se caso for, é provável que seja um veado-mão-curta, “cuja espécie há registro de ocorrência nas cotas mais altas, em ambiente de borda de mata, no Morro Ferrabraz”, informa a Secretaria.

A caça de animais sem a devida autorização incide em infração ambiental e multa

É importante ressaltar que de acordo com o Art. 24, do Decreto Federal nº 6.514/2008 “Matar, perseguir, caçar, apanhar, coletar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida” é considerado infração ambiental e tem previsão de multa que varia de R$ 500,00 a R$ 5.000,00.

Características de cada um

O veado-mateiro. “É o maior cervo de chifres simples que ocorre no Estado. A cor geral é marrom avermelhada, podendo variar em tonalidades. A cauda é esbranquiçada no lado inferior. Os chifres são rugosos e possuem cerca de 12cm de altura”, explica Luiz. “Já o veado-mão-curta possui cerca de 50 cm de altura e 60-100 cm de comprimento, pesando geralmente menos de 15 kg. A cabeça é curta, as orelhas são pequenas e arredondadas. Os chifres são simples, voltados para trás”, informa a Secretaria de Meio Ambiente.

Luiz, assim como outros ambientalistas da região, chamam a atenção sobre a caça destes animais. “Recebemos constantes relatos da presença de caçadores que realizam incursões na madrugada a partir da Picada São Jacó em direção a borda da encosta do Morro Ferrabraz e casos de moradores que perseguem e afastam a tiros esses animais”, cita o biólogo, que também destaca o cuidado quanto a atropelamentos e a destruição dos habitats.

Preservação

A Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Preservação Ecológica vem tomando medidas para preservar as espécies do ecossistema do Morro Ferrrabraz. “Um conjunto de ações vem sendo desenvolvidas para a preservação desta e das demais espécies e ecossistemas ocorrentes no município, sobretudo, no Morro Ferrabraz. Dentre as ações estão as atividades fiscalizatórias de caça, desmatamento, o monitoramento ambiental durante a execução de obras e das atividades potencialmente poluidoras, atividades de educação ambiental, o estímulo à promoção e conservação de espaços territoriais e recursos ambientais relevantes para a fauna”, diz comunicado da Seceretaria. Como ações recentes, a pasta destaca. “A implantação de travessias subterrâneas e aéreas em pontos estratégicos de passagem da fauna terrestre e arvícola, da rua Emília José da Silva, bem como, a instalação de placas informativas na via, tanto sobre travessia de animais silvestres, quanto placa específica das espécies comuns , encontradas no local.”

Reportagem: Laura Blos

Foto: Daphnne Chelles Marins