UTI do Lauro Reus, de Campo Bom, ganha destaque estadual com projeto

Campo Bom – O Hospital Lauro Reus vem desenvolvendo um projeto inovador com pacientes internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Casa de Saúde. Pacientes em estado clínico estável e com autorização de familiares e equipe médica, realizam passeios e atividades ao ar livre.

O projeto surgiu da iniciativa da fisioterapeuta, Mariana Barbosa, e da enfermeira, Roberta Backes Koche, em proporcionar um momento diferenciado para uma paciente, de 98 anos, que estava internada há três meses na UTI e já tinha perdido o ânimo de viver. Após as saídas, em duas semanas voltou para o hospital de origem, em Novo Hamburgo, e na sequência foi para casa. Com o resultado positivo da ação, as coordenadoras da UTI, enfermeira Roberta Backes Koche, fisioterapeuta Mariana Barbosa, nutricionista Jaqueline Diniz e a psicóloga Mariana Azevedo de Souza, organizaram o projeto e apresentaram para a direção do Lauro Reus e equipe médica. Todos aceitaram a proposta.

As atividades objetivam a mobilização precoce do paciente – que consiste em sair do leito e realizar exercícios físicos, como pedalar, levantar pesos, tomar banho e até mesmo caminhar. Além disso, os pacientes são levados para passeios e banhos de sol em um jardim reservado somente para eles.

Ventilação não é empecilho

Na segunda-feira (18), dos 10 leitos que a Casa de Saúde tem disponíveis para UTI, nove estavam ocupados. Um dos motivos se dá pela chegada do inverno e as baixas temperaturas. Todos os pacientes estavam com ventilação mecânica – que auxilia ou faz o processo de respiração pela pessoa -, mas com o auxílio de respirador portátil é possível realizar os passeios e exercícios.

O projeto busca a desospitalização. “Muitas vezes falamos em tratar o paciente dentro da UTI e é esquecido que ele vai ter uma vida depois daqui. Muitas vezes são feitas medidas heroicas para salvar as pessoas, mas não pensado na qualidade de vida depois daqui”, comentou a enfermeira Roberta.

Projeto apresentado em Gramado

O programa já é desenvolvido há um ano e é pioneiro aqui no Estado. Neste mês, o projeto inovador foi um dos três escolhidos – entre diversos projetos de todo o Estado – para ser apresentado durante o VIII Congresso Gaúcho de Terapia Intensiva, realizado em Gramado. “Nós mostramos com embasamento científico que a mobilização precoce, que é todo o tipo de exercício o mais cedo possível, e a saída deste ambiente artificial, com sons de alarmes e toda a tensão que provoca aqui, causa diminuição do delírio, que é aquela situação onde o paciente fica confuso, desorientado e isso prejudica muito a melhora dele”, explicou Mariana Barbosa.

O projeto iniciou sem a intenção de ganhar destaque no RS. “Ainda não temos quantitativos nossos de como a mobilização precoce e os passeios auxiliam na melhora dos pacientes internados, mas percebemos que essas atividades melhoram muito a autoestima”, destacou Roberta.