Um grito de socorro: Jovem de Sapiranga pede ajuda para realizar cirurgia

Sapiranga – A sapiranguense, Denise Hendges, 19 anos, vive um drama pessoal. Moradora do bairro São Jacó, ela pesa atualmente 170 quilos, e devido ao seu excesso de peso possui problemas nos pés, forçando a ficar por longos períodos sentada. Por diversas vezes, Denise procurou trabalho em indústrias e comércios, mas pela sua falta de mobilidade e dificuldade em se manter de pé por longos períodos, não consegue colocação no mercado de trabalho, consequentemente, encontrou no mercado informal uma maneira de subsistência, e hoje, trabalha em casa no polimento de fivelas e metais para a indústria calçadista.

Morando com seus pais, Denise clama por socorro e auxílio. “Meus pais não podem me ajudar. Meu pai tem problema nos pulmões e só eu e minha mãe trabalhamos. Está muito difícil, porque não consigo quase caminhar, pois a minha perna está entrevada. Já tive erisipela e enfrento problemas circulatórios”, narra Denise.

Na expectativa de superar o seu drama pessoal, Denise cadastrou uma vakinha on-line para tentar custear a sua cirurgia bariátrica. “Meu sonho é conseguir fazer essa cirurgia”, projeta a jovem, que é uma entre milhares de brasileiros com problemas de sobrepeso. Clique aqui para acessar a vakinha on-line!

O médico e coordenador cirúrgico, Cláudio Mottin, do Centro da Obesidade e Síndrome Metabólica (COM) do Hospital São Lucas da PUCRS alerta para as consequências do excesso de peso. “O risco para a saúde pública é muito grande e tem um impacto gigantesco na vida do indivíduo. Enfim, é uma doença catastrófica para qualquer sistema de saúde, em qualquer país”, alerta o especialista em cirurgia bariátrica.

Estado se manifesta e diz que solicitação está cadastrada em central

A Secretaria Estadual de Saúde se limitou a informar que a solicitação da paciente Denise Hendges para consulta especializada em cirurgia da obesidade mórbida está cadastrada na Central de Regulação do Estado aguardando disponibilidade de agenda. Porém, não informou o mês que a agenda estará disponível à reportagem.

A Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) considera o tema um dos maiores problemas de saúde pública da atualidade. “A obesidade já é tratada como o mal do século por médicos e especialistas no mundo”, destaca o presidente da SBCBM, Caetano Marchesini. Para frear tal realidade, é necessário um trabalho conjunto de toda a sociedade, acrescenta. Para Marchisini, a obesidade deve ser encarada como uma epidemia. O representante da SBCBM ainda comenta que fatores genéticos e a mudança nos padrões de consumo são alguns aspectos que explicam o crescente aumento do peso da população mundial.

Secretaria de saúde de Sapiranga explica

Todo o encaminhamento para a realização de qualquer procedimento cirúrgico deve passar pelas secretarias de saúde. Em Sapiranga, a Secretaria informou que Denise está cadastrada no sistema desde 5 de abril de 2017, quando foi avaliada pela regulação e foi encaminhada para a especialidade de endocrinologia adulta. Após este encaminhamento, conforme a evolução, a paciente trouxe nova referência no dia 8 de agosto de 2018 de obesidade grau 3. O Gercon (Sistema de regulação de consultas especializadas do SUS), através dos especialistas que a atenderam, alteraram o encaminhamento de endocrinologia adulta para cirurgia da obesidade mórbida. Desde então, a paciente aguarda reavaliação para análise específica. Todas estas avaliações e encaminhamentos, desde o cadastro da paciente para a cirurgia, são de responsabilidade do Gercon, o qual é de competência da Secretaria Estadual da Saúde.

Dados do Ministério da Saúde

Recente pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), de 2017, do Ministério da Saúde, apresentou um recorte do problema. O levantamento trouxe que quase 1 em cada 5 (18,9%) são obesos e que mais da metade da população das capitais brasileiras (54,0%) estão com excesso de peso. Outro estudo, desta vez, da Organização Mundial de Saúde (OMS), a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e a Organização Pan-americana de Saúde (OPAS) mostram que a maior prevalência está entre as mulheres, 22,7%.