Topiqueiros pedem auxílio após um ano de paralisação das atividades

Enquanto aulas não voltam, Edson (esq.) e Darli querem auxílio para dar conta das despesas com impostos e comida - Foto: Henrique Ternus

Sapiranga – Mais de um ano após a chegada da pandemia ao Brasil, as atividades escolares e o turismo ainda tem suas retomadas de forma indefinida. As viagens não ocorrem em função da necessidade de isolamento social para evitar a disseminação da Covid-19. As aulas, que chegaram a retomar por breves períodos entre o fim de 2020 e o início deste ano no Rio Grande do Sul, sofrem pressão dos professores para evitar a retomada enquanto não houver vacina para a classe, e os pais, na necessidade de deixar os filhos sob os cuidados de alguém, pedem pela reabertura das escolas junto com o comércio.

No meio deste debate, os topiqueiros e empresas de transporte estão paralisados sem atividades há mais de um ano, pois não há transporte de viajantes nem de alunos. São pelo menos 40 profissionais, em Sapiranga, que estão sem atuar no período. Um deles é Edson Luiz de Oliveira, da LuizaTur. Edson conta que, para atuar no transporte, uma série de registros e vistorias são necessários, e explica que os topiqueiros precisam ter empresas registradas com CNPJ para transportar pessoas. “Não somos autônomos, temos impostos obrigatórios das empresas para pagar, além dos veículos. Sem arrecadação há mais de um ano, nossas dívidas não param de crescer e quase não temos dinheiro para comer. Neste período parado, deixei de arrecadar cerca de 180 mil reais, que seriam usados para pagar as contas da empresa e da minha van, além de alimentar minha família”, afirma.

Transportadores pedem ajuda para a prefeitura de Sapiranga, que prometeu auxílio

Para solucionar o problema, a Associação de Transportadores Escolares de Sapiranga (ATES), da qual Edson é vice-presidente, teve reuniões com a prefeita Carina Nath, solicitando auxílios para os profissionais da classe neste período em que há indefinição sobre o retorno das atividades escolares e das viagens. “A prefeitura e alguns vereadores estão do nosso lado, tivemos reuniões em que explicamos a situação e todos disseram que a ajuda vai vir, mas ainda estamos aguardando. Sabemos do processo legal e da burocracia que é necessário, mas estamos com a água no pescoço”, diz o transportador.

“Tive que vender até vassoura”

Edson conta que agora em fevereiro, de 35 vans, 12 não voltaram, e três empresas quebraram. “A volta às aulas dos anos iniciais vai nos permitir sobreviver. Queremos que voltem as aulas com segurança, seguindo todos os protocolos, sabemos dos riscos. Temos protocolos para transportar pessoas com segurança nas vans”, explica.

Além disso, Edson, junto com Darli Müller, que também é transportador no município, além de tesoureiro da ATES, explica que teve que se reinventar no ano passado para conseguir algum recurso. “Vendi vassoura, outro colega vendeu rapadura, outros foram para indústria trabalhar, mas todo mês vêm os boletos dos impostos. Temos colegas endividados, com empresas quebrando, outros com casos sérios de depressão, está feia a situação”, lamenta Edson.

Darli conta que teve que vender uma van e outra está na revenda. “Meu crédito no banco terminou. Comprei uma van em março de 2020, achando que o ano ia ser bom, e aí veio a pandemia”.