Talentos literários e artísticos em ascensão na Cidade das Rosas

Sapiranga – A Cidade das Rosas conta com diversos talentos, alguns um pouco escondidos, mas que aos poucos vão se mostrando para a sociedade. Dois destes talentos são moradoras do bairro São Luiz, a poucos quilômetros uma do outra. Uma mora na rua Cláudio Adão Weiss, e outra na General Nascimento Vargas.

Caroline Waschburger, de 19 anos, é conhecida por muitos sapiranguenses por ter sido a princesa da 35ª Festa das Rosas de Sapiranga, mas o que alguns não sabem, é que ela passa a maior parte do seu tempo envolvida com livros, seja lendo ou escrevendo. Carol tem atualmente quatro livros publicados (O Quadro da Moldura Vermelha; A Escolhida; Luke; A sombra do Terceiro Anjo), e em meio a sua rotina corrida, comum na vida adulta, não deixa sua maior paixão, a literatura infanto-juvenil.

Kelly Rodrigues exibe orgulhosa seu primeiro livro de poemas, escrito e ilustrado por ela mesma

O segundo talento oriundo da Cidade das Rosas é Kelly Rodrigues, de 26 anos. Kelly tem deficiência, mas isso não a impede em nada de achar a felicidade, como diz um de seus poemas de maior destaque. Com cerca de três anos nesta estrada artística, Kelly escreveu e publicou um livro de poemas, onde fala sobre sua rotina, paixões e maneiras de ver o mundo (Escrever, Pintar e Amar…).

Além disso, Kelly tem mais dois talentos que desenvolveu com o passar do tempo: desenho e pintura. Todos os poemas escritos em seu livro foram ilustrados a mão pela própria Kelly, que transmite este talento para as telas brancas, que se tornaram linda pinturas, muitas vendidas posteriormente.

Um pouco mais sobre a pintora e poetisa Kelly Rodrigues

No quadro, Kelly retrata toda a família, até os cachorros

O quadro que Kelly segura ao lado foi apenas um dos muitos pintados por ela. Nele, toda a sua família é retratada, sem esquecer, é claro, dos cachorrinhos. Com uma infância complicada, levando em consideração relatos de sua mãe sobre o tempo de Kelly na escola, a vida da jovem girou 180º e hoje ela aprimora seus talentos e passa o tempo se divertindo, em meio a poemas e pinturas.

A jovem conta um pouco de como tudo começou. “A mãe estava em um quarto passando roupa, e como eu não tinha nada para fazer, peguei papel e caneta e assim saiu o primeiro poema, ‘Meu primeiro amor’”, revela.

Grande parte do seu desenvolvimento, começou após ser inscrita pela mãe em aulas de artes – para passar o tempo. “Decidimos tirar ela da escola, por todas as implicâncias de alunos com ela. A Kelly aprendeu a ler e escrever, então já sabia se defender. Mas percebi que ela precisava de uma atividade para a semana, então procurei a Tânia Hanauer, que dá cursos de artes, e foi assim que ela se desenvolveu, e quando surgiu o livro. Ela se prendia no quarto e só escrevia. Assim ela passa o tempo dela”, conta Lais Regina dos Santos Rodrigues, mãe de Kelly.

Um pouco mais sobre a escritora Caroline Waschburger

Caroline Waschburger, conta que a leitura sempre fez parte de sua vida. “Desde pequena sempre gostei muito de ouvir historias que meu avô me contava. Sempre pedia aos meus pais que comprassem e lessem livros para mim, até eu aprender a ler e assim desenvolvi esse gosto pela leitura”, conta a jovem, que relembra uma de suas primeiras obras, não publicadas. “Esses dias eu achei um rascunho de um livrinho que pedi para a minha mãe escrever. Eu fiz os desenhos e ia ditando a história para ela. O livro se chamava ‘A Saideira e os Dois Namorados, ou o Peixe Dourado e a Menina dos Pensamentos’, e contava a historia de uma menina que tinha ido a uma festa com o namorado”, relembra Carol, que começou a fazer seus próprios livros tão logo aprendeu a escrever. “Quando aprendi a escrever eu pegava folhas de oficio, dobrava no formato de um livro e fazia historinhas, mas era tudo na brincadeira, sempre foi algo que eu gostava de fazer, um hobby”, explica.

O primeiro trabalho publicado, “O Quadro da Moldura Vermelha”, foi escrito em segredo, quando Carol tinha apenas 12 anos, e levou quatro meses para ficar pronto. Após finalizado, ela mostrou para os pais e alguns professores, que a incentivaram a publicar. Após isso, foram surgindo diversas ideias, e mais três livros foram publicados, todos na linha infanto-juvenil de terror, aventura e romance. E com isso, a jovem, que já trabalhou como professora de inglês, segue fazendo o que gosta. “Estou sempre trabalhando em alguma coisa, ou lendo algo, os livros estão na minha rotina”, contextualiza.

Vida, novidade, projetos

Carol escreve conforme lê. “Escrevo muitas coisas ao mesmo tempo, assim como leio. Às vezes estou lendo um livro de romance e um de terror, e as vezes estou escrevendo um livro sobre drama, e terror, ou algo assim”, conta Carol, que revela seu próximo trabalho. “Não está nos meus planos publicar ainda, mas estou desenvolvendo um projeto que quero trabalhar mais afundo, sobre viagens que quero fazer, experiências que quero ter”, revela. Questionada se o trabalho será ficcional ou não, responde. “ Por mais que eu goste muito da realidade, eu acho que com fantasia ela fica um pouco mais divertida”, define.

Kelly, por sua vez, trabalha em uma segunda obra poética, o livro denominado “?”, será uma sequência do primeiro. Questionada sobre a escolha do título, revela. “Assim há um ar de mistério”, finaliza.

Kelly Rodrigues: de Sapiranga para o Brasil

Com o poema “Deficiência”, Kelly representará o 11º Conselho das Apaes em festival estadual

O poema abaixo é mais uma produção de Kelly Rodrigues. Foi feito a pedido da Apae de Sapiranga, onde ela estuda. O poema trata do tema deficiência, e de como Kelly enxerga o assunto. Esta obra tem dado o que falar, tendo sido apresentada para a prefeita Corinha Molling e demais autoridades no Centro de Cultura, onde foi muito elogiado e agora vai mais longe. Com ele, Kelly também saiu vitoriosa de uma etapa classificatória regional e agora se dirige para o 9º Festival Nossa Arte, uma competição a nível estadual das APAEs. Em Portão, no ano passado, a jovem ganhou uma medalha na seletiva, e agora vai representar o 11º Conselho, que reúne entidades de Sapiranga, Campo Bom, Nova Hartz, e outras, no festival estadual, na categoria Artes Literárias. Caso saia vitoriosa de mais esta etapa, a pintora e poetisa representará o Rio Grande do Sul na competição a nível nacional.

Deficiência

Por Kelly Rodrigues

Eu tenho deficiência, mas isso não me impede de nada de achar a felicidade.
Pessoas pelo mundo adentro às vezes nos rejeitam pelo nosso jeitinho especial de ser, só nosso.
Fiz uma descoberta fantástica: Descobri que pessoas com deficiência são doces, amáveis, românticas…. Quando precisar de um aconchego não tenha timidez, venha até nós.
Deficiência não é problema, basta colocar um belíssimo sorriso no rosto e olhar para frente que tudo fica bem.
Deficiência não é doença, apenas somos diferentes no meio dos normais.
Na moral, ninguém é normal…
Sonhe além…
Se olhe no espelho e se ache bela (o).
Lute por seus desejos
Não desanime, não abaixe a cabeça para os pequenos problemas que a vida nos traz.
Sinta-se especial.

Texto e fotos: Taylor Abreu