Suzana reafirma para vereadores que não há chance do Hospital Dr. Lauro Reus fechar

Campo Bom – A crise de relacionamento entre os gestores do Hospital Dr. Lauro Reus e a Prefeitura fez a Comissão Especial da Saúde da Câmara de Vereadores convocar a secretária, Suzana Ambros Pereira. Nesta quarta-feira (31), na Câmara de Vereadores, durante mais de duas horas, a titular da pasta contextualizou uma série de fatos aos vereadores, entre eles, os problemas de relacionamento e também sobre a não comprovação de serviços realizados.

Durante o seu espaço, Suzana Ambros Pereira reafirmou que a atual Administração prioriza a área da saúde. “Estamos investindo muito em saúde com responsabilidade, com ética, transparência e qualidade técnica. Isso é fundamental e faz diferença no dia a dia. Em um momento que o SUS passa por uma crise de recurso, isso é de extrema importância. Temos que fazer com os mesmos recursos”, explicou Suzana aos vereadores.

Entenda como estão divididos os aportes financeiros ao Hospital Dr. Lauro Reus

Atualmente, o Município recebe R$ 2.258.202,75 para manter em funcionamento o Hospital Dr. Lauro Reus. Do governo estadual, o Município recebe R$ 85 mil mensais, do governo federal outros R$ 591.094,98 e o Município, atualmente, aporta cerca de R$ 1.582.107,77. Porém, desde dezembro de 2016, os gestores do Hospital Dr. Lauro Reus – que é administrado pelo Hospital de Caridade São Roque, de Faxinal do Soturno –  argumentam que o Município deixou de pagar a R$ 1.679.672,59 para o gerenciamento do Hospital. Por outro lado, a Prefeitura explica que o que existe são valores de glosas dos últimos meses sendo discutidas e na medida que estes forem esclarecidos (por parte dos gestores do Hospital Lauro Reus) e, se adequadamente comprovados, serão pagos, caso os serviços não forem comprovados, consequentemente os valores não são devidos.

Antigos administradores recebiam menos da metade dos recursos atuais

Quando o Grupo Hospitalar Mãe de Deus deixou a administração do Hospital Dr. Lauro Reus, a Prefeitura de Campo Bom repassava pouco mais de R$ R$ 306.573,56. “Não tem comparação os dois valores repassados. É evidente que a qualidade dos serviços serão distintas”, explicou a secretária Suzana. Sobre a quantidade de consultas médicas especializadas contratadas com os antigos administradores (Mãe de Deus) e com os atuais (São Roque) a secretária apresentou os reais números. “Antes, com o Mãe de Deus, Campo Bom possuía direito a 650 consultas médicas especializadas por R$ 37,00. Agora, com o São Roque, o Município compra 400 consultas e paga R$ 110,00. No aspecto das cirurgias eletivas também há diferenças. O Mãe de Deus recebia R$ 10 mil mensais para a realização destas cirurgias, e agora, o São Roque recebe R$ 181.000,00 mensais”, pondera a secretária.

Aditivos contratuais

Um dos temas que a secretária Suzana trouxe à público foram os aditivos contratuais concedidos ao Hospital São Roque. “O contrato inicial, em 2013, era de R$ 813.456,44 e recebeu um acréscimo de R$ 179.361,56 , ou seja, 24,07% , 110 dias após a assinatura do contrato. Porém, é necessário deixar claro que a média de cirurgias mensais está em 112 por mês. E isso comprova que não atingimos as cirurgias contratualizados pelo SUS, que exige 125 cirurgias. Ou seja, em 2014, fizemos 156 cirurgias a menos do que em 2013, e pagamos R$ 2.294.000,00 a mais. E isso precisa ser adequado”, defende a secretária. E essa diferença real no número de cirurgias realmente feitas para o número contratado é que gera questionamentos por parte da Prefeitura de Campo Bom.

Nota de compra de chope gera polêmica

Na apresentação para os vereadores, a secretária Suzana Ambros Pereira mostrou contrariedade com uma nota. “Uma compra de chope e de aparelhagem de som, no valor de R$ 3.024, apareceu na prestação de contas do bloco cirúrgico. E isso não é correto”, ponderou a secretária. Conforme a secretária, as despesas foram colocadas no custo da estrutura fixa do bloco cirúrgico. Essa compra veio à tona através da fiscalização do convênio desenvolvida por uma servidora da Prefeitura.

Por sua vez, o Hospital Dr. Lauro Reus soltou uma nota na tarde desta quinta-feira (1º de junho) rebatendo a acusação.

A secretária de saúde, de forma irresponsável e leviana, usou-se de uma informação contábil contida em um “relatório razão” da conta de despesas diversas para distorcer informações de uma especifica prestação de contas da competência dezembro/2016.

As despesas com as notas fiscais nº 812 fornecedor SPMV Com De Bebidas Ltda Me, no  valor de R$ 2.625,00 e nº 68 de HOTSOM de Antonio Santos de Brito MFI, no valor de R$ 800,00 são despesas legais, correspondentes a festa de confraternização de final de ano do hospital, onde teve a presença da diretoria do hospital, colaboradores, médicos e autoridades municipais.

Em momento algum, foi prestado contas informando que os valores das notas fiscais citadas eram despesas fixas do bloco cirúrgico.

O hospital de Caridade São Roque, diferentemente do que está sendo veiculado, sempre foi responsável e preza pela transparência. Não existem motivos para que informações fiscais, contábeis e principalmente prestações de contas sejam maquiadas ou omitidas. Gostaríamos de tranquilizar a população e garantir que os recursos federais, estaduais e municipais são devidamente alocados para melhor atender as demandas da saúde.

Ademais, como forma de reconhecimento e bonificação o hospital, sempre que possível, em finais de ano, reúne suas equipes em um momento de confraternização.

Auditora barrada no Lauro Reus

Ainda na apresentação aos vereadores, Suzana Ambros Pereira citou um episódio de uma enfermeira – que é auditora do Município no contrato com o Hospital Dr. Lauro Reus – que foi barrada de entrar no Hospital. “Essa servidora dá segurança à Administração nas auditorias que presta. Agora, ela consegue acessar o Hospital e é bem recebida pelos administradores”, explica a secretária.

Por fim, Suzana disse que não há qualquer chance do Hospital ser fechado e que não há interesse do Município em assumir a total administração do Hospital. “Não temos intenção de criar outro órgão para isso, como uma Associação ou Fundação Hospitalar. O Município quer que o hospital seja bem administrado e que tudo seja claro e transparente. Não podemos admitir enxertos de compra de chope”, conclui Suzana.