Suplício para conseguir atendimento especializado

Região – Com quatro stents  (tubo dilatador de artérias) no coração, fruto de um problema coronário, o morador do bairro Sete de Setembro, em Sapiranga, José Deomar Rocha, chegou antes das 11h30 de segunda-feira (28), na Rua Vera Cruz, Centro. Era dia de embarcar em um dos quatro veículos (entre ônibus, micro-ônibus, van, utilitários e automóveis) da Prefeitura de Sapiranga e buscar  atendimento especializado e um dos oito hospitais referências de Porto Alegre.
Seu José estava com sorte. O percurso de quase 60 quilômetros foi percorrido em menos de 50 minutos. Naquela manhã, a BR-116 estava com fluxo abaixo do normal (era Dia do Funcionário Público). Sapiranga possui um contrato com uma empresa de transportes de passageiros, especificamente, para levar e buscar moradores que dependem do Poder Público, caso do Sr. José, para consultar especialidades médicas não disponíveis no município.
A ambulancioterapia – quando um doente precisa viajar para outra cidade para receber tratamento – em Sapiranga, funciona em dois turnos (o mesmo ocorre em Campo Bom). Sempre às 5 horas da manhã (em um roteiro pré-estabelecido), um ônibus contratado pela Secretaria de Saúde campo-bonense passa em pontos estratégicos nos bairros, para depois, rumar à Porto Alegre. Um segundo veículo parte às 10 horas. 
Os pacientes que necessitam se submeter a este tipo de transporte são deixados nos principais hospitais da Capital como: Conceição, Clínicas, Fêmina, HPS, Santa Casa, Cristo Redentor e Instituto de Cardiologia, destino do Sr. José. 
Estado comenta situação
O secretário da Saúde do Estado, Ciro Simoni, afirma que os serviços de deslocamento de pacientes de municípios do interior à Porto Alegre não terminará. Ele inclusive, aproveitou para corrigir a expressão `ambulacioterapia’ por `vanterapia’. “A capacidade de atendimento construída em Porto Alegre extrapola a necessidade local. Além disso, foram construídos centros de referência na Capital que ainda não existem no Interior”, afirma.
Simoni destaca que, sem os pacientes do Interior e da região Metropolitana, alguns serviços ficariam ociosos. O secretário cita o caso daqueles centros que não funcionam na sua totalidade e podem ser ampliados, como a cirurgia cardíaca no Complexo Hospitalar Santa Casa. “A estrutura que existe pode fazer muito mais do que atende atualmente”, pontua.
Se na Capital há excesso de consultas especializadas, como aponta o secretário, no Interior a situação é crítica em algumas áreas. As mais carentes são traumatologia, otorrinolaringologia, urologia e oftalmologia. Em Araricá, o prefeito Sergio Machado, conta que já oferece algumas especialidades no próprio município.