Sociedade impõe nova maneira de lutar por ideais

Transformações | Cidadãos sem ligações político-partidárias saem às ruas buscando preços justos

Campo Bom – Em um momento onde os quase 40 partidos políticos brasileiros enfrentam a maior crise de confiança, credibilidade e ética, os trabalhadores deixam sindicatos, associações de bairro e os próprios partidos políticos para se organizarem com suas próprias forças e desejos.
Longe da disputa dos projetos de poder, os cidadãos deram um exemplo que é possível mostrar contrariedade e força, mesmo distante do “guarda-chuva” das chamadas entidades de classe.
Pessoas comuns, jovens, aposentados e até crianças,  todos cidadãos conscientes, sabem que é preciso evidenciar, seja pela manifestação virtual ou física, indo para a rua, que o povo não aguenta mais tanta truculência econômica de seus governantes. 
E foi justamente contra um novo aumento de impostos, desta vez nos combustíveis, que mais de 300 pessoas e cerca de 250 veículos, conforme a Brigada Militar de Campo Bom (os manifestantes acreditam que tenham reunido 300 pessoas e 200 veículos), protestaram no domingo (8).
A estratégia nasceu na internet, ganhou fôlego em um único encontro presencial ainda no sábado (7), antes de ganhar as ruas de Campo Bom e Novo Hamburgo na tarde do domingo.
Pacificamente, apenas com nariz de palhaço na ponta do nariz, algumas camisas estampadas ainda na  véspera da carreata e centenas de folhas com a inscrição “Na mesma moeda. Chega de exploração. Vamos pagar na mesma moeda”, os manifestantes percorreram seis postos de combustíveis. Pedestres, sem entender a movimentação perguntaram à reportagem. “O que é isso?”. “É uma manifestação contra o aumento dos combustíveis”. Justo!
Panfleto é distribuído aos manifestantes
O grupo Na mesma moeda se reuniu em dois grupos. Manifestantes de Novo Hamburgo que participaram, se concentraram com campo-bonenses no Largo Irmãos Vetter e um segundo grupo se reuniu no Centro de Educação Integrada (CEI). De lá, os manifestantes foram em direção ao primeiro posto (o Shell da Avenida Brasil esquina com Avenida dos Municípios). Os funcionários, avisados da manifestação, distribuíram avisos informando que o posto era solidário e que o repasse aos consumidores ficou R$ 0,01 abaixo do preço da distribuídora.
Quanto se pagou de imposto ao abastecer R$ 0,50 
Cerca de 53% do preço final da gasolina é de impostos, conforme o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT). Os manifestantes que abasteceram 50 centavos nos postos de combustíveis alvos do protesto, pagaram em média, cerca de 15 centavos de impostos, aproximadamente 28,30 % de tributos. O litro do etanol possui 26% de impostos e o diesel 41%. Nova manifestação deve ocorrer no dia 22.