Sindicância para averiguar situação de escola estadual

Almeida Junior | Alunos e funcionária apontam que falta merenda. 2ª CRE abriu sindicância administrativa

Sapiranga – Ano passado, o Jornal Repercussão noticiou as dificuldades encontradas por algumas escolas estaduais para fornecer merenda aos seus alunos, devido ao período de transição após as merendas deixarem de ser municipalizadas (termo usado quando o município tem o compromisso de fornecer a merenda, o que a Prefeitura fazia por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar). Desde abril do ano passado, o Estado disponibiliza verba diretamente às escolas e a direção de cada instituição é responsável pela compra dos alimentos.

Na Escola Estadual de Ensino Fundamental Almeida Júnior, a merenda continuou sendo um assunto problemático, mesmo depois desse período de transição. Na semana passada, a reportagem do Jornal Repercussão recebeu a ligação de uma funcionária da escola (que, por solicitação da fonte, permanecerá anônima), relatando uma série de problemas enfrentados pela instituição. “Começamos a receber merenda em outubro. Agora, nesse ano, estamos sem. E não é porque não há verbas, mas porque a diretora não ‘se mexe’ para comprar. Os pais dos alunos estão cobrando e não temos o que fazer. Outros materiais também são um problema, como giz. Daqui a pouco não teremos mais materiais de limpeza também”, disse a fonte. Outra queixa foi de que a escola não conta com vice-diretor, uma supervisora ou uma coordenação. “Temos oito professores e duas funcionárias. Nossos alunos são pouco mais de 60 e temos várias turmas multisseriadas”, comenta.

Alunos também comentam o caso

Alunos da escola, que também não serão identificados, confirmam a situação. “Ano passado a gente tinha merenda, esse ano não tem mais. Não ganhávamos nada, nem bolachas. Precisávamos trazer de casa”, diz um dos alunos. “A situação lá na escola começou bem complicada, neste ano. É verdade, não estamos recebendo merenda, no ano passado também, recebemos merenda só lá por outubro. Recebemos no início do ano o que tinha em estoque do ano passado, mas agora acabou. Depois disso não recebemos mais, porque não foi feita a licitação. Mas agora vai mudar a direção”, revela uma aluna.

2ª CRE avalia o caso da Almeida Junior

Em março deste ano, o Jornal Repercussão realizou uma matéria a respeito da situação das escolas estaduais nos quatro municípios de sua circulação. Um dos casos apontados em Sapiranga foi justamente o da Almeida Júnior. Na época, foi apontado que as séries finais do Fundamental operavam em turmas multisseriadas – os anos iniciais funcionam desta forma há três anos – e que, com menos funcionários, a escola passou a atender apenas no turno da tarde.

Em contato com a 2ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), que atende o município de Sapiranga, foi informado que a Escola passa por uma sindicância administrativa – e, que, como uma das alunas apontou, a direção já sofreu mudanças. “Há uma sindicância em andamento, por questões administrativas. A diretora entrou em licença de saúde, o que é um direito dela. Apontamos uma pessoa para substituir a diretora, que começou na sexta-feira (19) pela tarde na escola. Tínhamos apontado outra professora, da própria escola, para assumir o posto, mas ela não quis”, informou Helenise Ávila Juchem, coordenadora responsável pela 2ª CRE.

“Essa agente administrativa que apontamos para assumir a direção tem uma licença de 30 dias, que é renovável. Ela já foi diretora de escola antes, tem uma bagagem. Depois dos 30 dias, iremos ver como ficará a questão da sindicância, e também da licença de saúde da diretora.” Sobre a falta de vice-diretores e coordenação na escola, Helenise esclarece. “Como a escola é de um turno só, funciona à tarde, tem apenas uma diretora”.