Setor imobiliário vivencia novas preferências no cenário pós pandemia

Durante a pandemia, os hábitos referentes a escolha e a compra de imóveis mudaram consideravelmente. Antes, tanto os casais que iriam morar junto pela primeira vez como os jovens que pretendiam sair de casa buscavam normalmente o imóvel mais simples, mais barato, sem tantas exigências. Entretanto, o período pandêmico e seus agravantes trouxeram novos fatores a serem levados em consideração, em especial, a amplitude dos imóveis.

 

O novo cenário ao qual todos precisaram se adaptar é o de locais mais arejados, amplos, com maior facilidade na circulação de pessoas e que permita um distanciamento maior entre os ocupantes de um mesmo ambiente. Na busca pela primeira casa ou apartamento, a situação não foi diferente. Para a saída de casa, um dos critérios determinante foi dispor de um ambiente com espaço maior, o que vai contra ao que se tinha antes como fator determinante para a escolha de um novo lar, o baixo custo.

Em um novo formato profissional, social ou em qualquer outra área existente no nosso cotidiano, a mudança estrutural foi perceptível. As normas sanitárias e as medidas adotadas neste período atípico na sociedade fizeram com que todos se adaptassem a nova realidade, havendo, assim, uma nova percepção diante de fatores antes deixados de lado ou tratados como secundários no momento da escolha de um novo lar.

Diante da mudança dos critérios de escolha dos imóveis, Clóvis e seu filho Guilherme Bernardes, perceberam uma mudança nas preferências de seus clientes neste período de pandemia. “A partir da quarentena, em que as pessoas ficaram muito tempo dentro de casa, acabaram se sentindo um pouco presas, querendo buscar um lugar mais aberto, mais arejado, mais amplo mesmo, uma casa com uma visão ampliada da natureza, um contato maior com a parte externa. Justamente por isso que se deu esse fator de venda”, comenta Guilherme.

No atual período vivenciado pelos brasileiros e no mundo inteiro, a valorização de um ambiente amplo e propício para atividade a serem realizadas em locais externos foi uma mudança notável no setor imobiliário. Diante do cenário de “home office”, salas com uma maior circulação, escritórios com mais janelas e um ambiente domicilar mais arejado de uma forma geral, foram critérios definitivos para escolhas de imóveis neste momento que exigiu de todos uma mudança geral.

Famílias passaram a procurar por imóveis maiores 

Novas casas, novos apartamentos, novas ideias foram os fatores que elencaram a grande maioria dos pedidos dos clientes em referência aos novos lares. Assim como aqueles que estavam prestes a sair de casa, a pandemia, juntamente com seus ensinamentos, sugeriu a muitos moradores da região que já possuíam o próprio imóvel a mudança de endereço, apresentando, na maior parte das vezes, o mesmo motivo: ambientes amplos e arejados.

É desta forma que Aecio da Cunha, proprietário da Imobiliária Big House, define a procura por imóveis de seus clientes nos últimos meses. Segundo ele, foi uma prática bem recorrente.

Outro fator presente durante o período da pandemia e que causou uma mudança e um aumento na procura por imóveis foi o número de divórcios presenciados neste período. “Na verdade, na pandemia, um fator também que pesou bastante foram os divórcios, apareceram bastante imóveis. Pessoal optou por colocar a venda”.

Localizada na Rua Padre Réus, número 682, sala 5, no bairro Centro, de Sapiranga, a Big House, através de seu proprietário Aecio, observou outro ponto que definiu a mudança na escolha dos imóveis. “Pessoal optou por sair da casa da sogra, da casa da mãe, por uma opção de imóveis mais amplos”, completa o proprietário, situando outro fator comum e com incidência neste recente período de pandemia.

Como consequência da troca de moradias, o número de imóveis e a procura por estes aumentou, o que se caracterizou como um ponto positivo aos corretores. “Sim, foi algo positivo, porque apareceu mais produto (imóveis) para venda, pois após a venda, tem a procura em outros imóveis”, explica Aecio da Cunha, responsável pela gestão da Imobiliária Big House.

Saída de apartamentos para casas com pátio; setor imóbiliário vive mudanças

Desde o início da pandemia, a procura por imóveis que dispusessem de amplitude, ambiente arejado ou casas com pátio foram o foco e os principais requisitos para aquisição de um novo lar. Diante de novas formas de convivência, trabalho e medidas sanitárias, os gostos pessoais e as preferências mudaram, exigindo, em muitos casos, os mesmos diferenciais. Por conta das novas restrições, a grande maioria dos estabelecimentos comerciais teve que se adaptar e mudar as suas normas de convivência. Distanciamento e limite de clientes ou pessoas dentro de um mesmo ambiente foi um dos pontos mais observados neste novo formato de atendimento comercial. Como consequência a isso, aqueles com o interesse de mudar de casa optaram por seguir, por vezes até de forma inconsciente, os modelos adotados pela sociedade.

Em um novo formato de prioridades e requerimentos, o setor imobiliário se deparou com uma nova demanda. Pedidos que antes já aconteciam de forma eventual, agora são constantes e, por conta disso, houve a necessidade de uma maior exploração do mercado para suprir os anseios dos clientes.

Segundo Janete Tormes, proprietária da Universo Imóveis, a mudança de apartamentos para casas foi constante, e a procura por estes imóveis se justificou, na maior parte das vezes, pela necessidade de uma área externa ou um pátio nas residências. “Qualidade de vida, em função de que as pessoas ficaram muito tempo trancadas. Antes, procuravam imóveis pequenos, apartamentos pequenos, para não precisar limpar, e agora totalmente ao contrário”, explica Janete.

Esta mudança proporcionou aos profissionais do setor um novo desafio, um diferente foco no consumo daqueles que estavam se mudando, seja saindo de casa pela primeira vez ou na intenção de buscar novos ares após a primeira experiência morando sozinho. Conforme explica Janete, o contato com a natureza, a proximidade de atividades ao ar livre, experiências adiadas nestes últimos meses, foram muito aclamadas e motivaram a escolha de novos lares. “Pessoal já quer um pátio, uma grama, um espaço para as crianças, colocar o pé na terra. Realmente, trocou totalmente a opinião e a vida do povo em função da pandemia”, comenta a corretora. Apesar desta mudança, ela finaliza, ainda, citando que, apesar dos novos critérios na escolha do imóvel, a demanda permanece semelhante.