Setembro Amarelo é mês dedicado à prevenção ao suicídio e RS lidera ranking

Região – O suicídio é a quarta maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos no Brasil, segundo dados do CEVS (Centro Estadual de Vigilância em Saúde), publicado no Boletim de Vigilância Epidemiológica de Suicídio e Tentativa de Suicídio, de 2018.

O estudo utilizou dados de 2016, e identificou 3.700 casos de violência autoprovocada somente no RS, dos quais, 1.837 foram classificados como tentativa de suicídio (TS), e, desse total, 1.166 foram concretizados. O número representa cerca de 11 suicídios a cada 100 mil habitantes, número maior que a média nacional, que foi de 6,13 por 100 mil, referente as 11.433 mortes ocorridas em todo o território nacional no mesmo ano.

Há quem acredite que falar de suicídio pode incentivar novos casos, no entanto, muitas mortes podem ser evitadas justamente por conta disso. Então, é preciso falar sobre suicídio. Os motivos que podem levar uma pessoa a tirar a própria vida são muitos, mas depressão é um dos mais comuns, e que merece atenção, pois segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), o Brasil possui a maior prevalência de casos de depressão da América Latina, e o segundo nas Américas. Do total de suicídios registrados em 2016 no RS (1.166), 901 apresentaram alguma deficiência/transtorno, destas, 604 (67%) tinham algum transtorno mental.

A melhor solução é sempre falar

Falar sobre o suicídio pode ser um tabu, mas não falar, pode ser prejudicial. Paulo Tigre, médico especializado em Toxicologia Clínica e que presta atendimento no CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) de Campo Bom, reforçou esta importância. “Solidão é tão grave para a saúde pública, quanto fumar 15 cigarros por dia, ou ser obeso. O que mais se vê hoje em dia é falta de amor, carinho, compreensão e ouvidos. As pessoas não se escutam, não conversam.”

Falar é a melhor solução e por isso, há mais de 50 anos, o Centro De Valorização Da Vida (CVV) presta este serviço. Os atendimentos são sigilosos e podem ser realizados pelo telefone 188, Skype, e-mail ou chat, 24h. “De 10 suicídios, nove poderiam ser evitados, bastava parar para ouvir, e nós fazemos isto, colocando sempre o outro em primeiro lugar, através de uma abordagem humanista e não diretiva”, explica Anildo Fernandes, coordenador nacional do CVV.

Secretária de Saúde de Campo Bom comenta:

Suzana Ambros Pereira: “Em Campo Bom, a preocupação com esse tema acompanha diariamente as ações e estratégias de vários setores, em especial do eixo de saúde mental, alinhado as políticas públicas do SUS. E, dessa forma, estamos empenhados em alertar a população em geral sobre o tema, além de orientar profissionais da área de saúde e de outras áreas para identificar e notificar corretamente os casos para que contem com o devido acompanhamento”, afirma.

 

Secretária de Saúde de Sapiranga comenta

Janete Salvati Hess: “Este problema de saúde pública é causado pelo desconhecimento. Familiares e amigos não reconhecem os sinais de que alguém querido vai tirar a própria vida. Aliás, muitas vezes, a própria vítima não entende que precisa de ajuda e acaba se afundando cada vez mais em uma solidão desesperadora. Por isso, não é preciso ficar com vergonha e nem se sentir inseguro. Depressão é uma doença e, assim como você trataria um resfriado ou um câncer, você deve tratá-la de acordo com a orientação médica”, conclui.

 

Texto: Taylor Abreu

Foto: Reprodução CVV