Seja de trem ou aeromóvel, população quer alternativa

Região – A mobilização de lideranças da região têm garantido avanços nos estudos e projetos de expansão da Trensurb até o município de Sapiranga, passando por Campo Bom. A prova de que a proposta não é apenas discurso político está no fato de que na próxima quarta-feira (27), na sede da empresa em Porto Alegre, será divulgado o nome da empresa que fará os estudos de viabilidade técnica, econômica e financeira do projeto de expansão. Orçado em R$ 2 milhões a estimativa é de que a análise fique pronta em um ano.
É através deste estudo que a Trensurb terá um panorama exato por onde os futuros trilhos passarão. Mas, um detalhe está claro, conforme revela o diretor de Administração e Finanças da Trensurb, Leonardo Hoff. “A tendência é passar por áreas com maior população para baratear o custo da passagem”, explica.
Tendo em vista esta necessidade da estatal de que uma futura expansão passe por áreas com grande concentração de pessoas, duas hipóteses ganham força.
Publicamente, o prefeito de Campo Bom, Faisal Karam, manifestou o seu desejo de ver o futuro traçado fora da área central do município. “Defendemos que o traçado seja aéreo e pela ERS-239”, opina. Porém, a proposta defendida pelo prefeito não é a mesma do presidente da Comissão Pró Expansão do Trem, o vereador Victor Fernando de Souza (PCdoB). “Entendemos que ele precisa passar por áreas povoadas”, disse em pronunciamento na Câmara campo-bonense
Hoje, a chamada Linha 1 da Trensurb inicia em Porto Alegre, tendo a última estação em fase final de construção em frente ao Bourbon Shopping, no Centro de Novo Hamburgo. Após mais de duas décadas de mobilizações políticas e sociais, a obra teve início em 2008, depois de ultrapassar barreiras jurídicas e pareceres desfavoráveis, inclusive, do Tribunal de Contas da União (TCU).
ENTREVISTA COM LEONARDO HOFF
Jornal Repercussão – A licitação da contratação do projeto de estudo de viabilidade técnica e financeira da expansão da Trensurb até Sapiranga corre normalmente?
Leonardo Hoff – A licitação foi aberta em 2012 e tivemos dois adiamentos em virtude de problemas no edital. Até o final deste mês, queremos anunciar o nome da empresa que fará o estudo até Sapiranga. É uma das prioridades da empresa dentro do seu projeto de expansão. O estudo custará R$ 2 milhões.
Jornal Repercussão – Esse valor é da Trensurb ou contou com articulação política para viabilizá-lo?
Leonardo Hoff – Vem da Trensurb. É importante destacar que ocorreram articulações políticas da bancada gaúcha na Câmara dos Deputados, onde um dos principais líderes foi o Renato Molling. Por uma soma de esforços será possível dar início aos estudos.
Jornal Repercussão – Como analisa a criação de comissões nas Câmaras de Vereadores pedindo expansão do serviço?
Leonardo Hoff – É importantíssimo. Antes de eu chegar na Trensurb fizemos um movimento em 2011 solicitando recurso para expansão do trem, pelo bairro Canudos (em Novo Hamburgo), para seguir em direção à Campo Bom e Sapiranga. Já na Trensurb, recebi vereadores de diversos municípios solicitando a expansão até seus respectivos municípios.
Penso que a Trensurb e o governo federal, ao verem que existe esta pressão para que recursos sejam investidos no sistema metroviário, sentirão o desejo das comunidades. Há ainda mobilização através dos Coredes e de pessoas como o Delmar Backes (reitor da Faccat), de Taquara.
Jornal Repercussão – O que determinará, futuramente, se o trem chegará aos municípios via elevada ou por via terrestre?
Leonardo Hoff – O estudo é imprenscindível para determinar o tipo de trem. Não necessariamente precisa ser o trem utilizado de Porto Alegre à Novo Hamburgo, que é utilizado para transportar milhares de pessoas. Daqui a pouco pode ser um outro modelo de trem, como o aeromóvel. Isso é estudo de viabilidade que vai determinar o tipo de construção, se é aéreo ou terrestre, levando em conta os planejamentos das prefeituras.
Jornal Repercussão – Existe algum estudo que mostre o custo por quilômetro da obra?
Leonardo Hoff – Os 9,3 km da extensão de São Leopoldo até Novo Hamburgo custou mais de R$ 900 milhões. Porém, ocorreram muitas desapropriações além de obras complementares (como o alargamento da calha do Arroio Luiz Rau, próximo da Fenac). Só o estudo mostrará o valor, talvez custe R$ 70 milhões por quilômetro.
Jornal Repercussão – O caminho (e o traçado) de uma futura expansão passaria por Canudos (bairro de Novo Hamburgo) ou seguiria pela RS-239?
Leonardo Hoff – A tendência é passar por áreas com maior população para baratear o custo da passagem. Particularmente, penso que a integração das cidades com a Trensurb passe pelo aeromóvel.
Eles receberam a maioria dos votos na região
“O estudo é uma excelente notícia. Precisamos buscar recursos para as próximas etapas. Este tema será abordado por mim na Assembleia Legislativa. A obra ajudaria a desafogar a BR-116.” – Lucas Redecker (PSDB), deputado estadual.
“Em 1998, ao lado do ex-deputado Júlio Redecker, pedimos ao presidente da República o estudo até Sapiranga. A extensão ajudaria a desafogar sim, a BR-116, mas é necessário a construção da RS-010. A mobilização continuará” – João Fischer – Fixinha – (PP), deputado estadual.
“O desafio é conciliar as modalidades de transporte. A expansão é positiva, mas terá que vir integrada aos ônibus. A integração tarifária em único bilhete para os diferentes sistemas é essencial.” – Giovani Feltes (PMDB) deputado estadual.
“A expansão é uma oportunidade de integração. Quando assumimos o Ministério das Cidades, iniciamos o diálogo para a extensão até Sapiranga. Continuaremos  mobilizando toda a região. Esse é um transporte rápido, barato e seguro”. – Renato Molling (PP), deputado federal.
“O Vale do Sinos é estratégico para o desenvolvimento do Estado. Ações ousadas de mobilidade urbana precisam estar na pauta dos governos nos três níveis. As lideranças devem se envolver nos estudos técnicos. Este é o caminho que devemos percorrer.” – Ronaldo Zulke (PT) deputado federal.
“É necessário ampliar as alternativas de transporte e integrar os modais, como metrô, ônibus e bicicleta. A expansão desafogaria a BR-116 e melhoraria a qualidade de vida.  Atuarei como interlocutora das três esferas dos governo.” – Manuela D’Ávila (PCdoB), deputada federal.