Sapiranga investe em treinos e competições para alunos de inclusão

Corrida foi um dos destaques dos jogos realizados nesta terça e quarta (Fotos: Melissa Costa)

Sapiranga – O município tem sido destaque no país com o empenho e conquistas dos alunos em jogos de paradesporto. Mais que medalhas, eles trazem para a casa a certeza de que podem superar qualquer dificuldade. No entanto, para que seja possível essas conquistas, Sapiranga tem investido na formação e treino de forma intensa.

Desde 2017, os alunos com deficiência intelectual, cadeirantes e portadores de síndrome de down são estimulados à prática do paradesporto no município. Quase 300 estudantes participam do projeto de contraturno. No campo 1º de Maio, ocorrem os treinos de atletismo, enquanto na escola municipal Anita Lydia, no bairro São Luiz, a bocha adaptada. “Além disso, também estamos incentivando a cultura da inclusão do paradesporto nas aulas tradicionais de Educação Física”, conta a diretora pedagógica da Secretaria de Educação, Ana Andrioli.

Os treinos do contraturno também são importantes para a participação em competições a níveis municipal, estadual e nacional. Nesta semana, na terça (19) e quarta-feira (20), no Parque do Imigrante, foram disputados os Jogos Escolares Paradesportivos. Cerca de 120 alunos, de 20 instituições de ensino, competiram nas modalidades de bocha adaptada, tênis de mesa e atletismo – corrida, salto em distância e arremesso de pelota. “São dias muito aguardados por eles”, conta Ana.

 

Em 2017, houve a grande mudança; do recreativo para os parajogos

Encerrada a competição dos jogos escolares, as atenções estarão voltadas para a definição dos paratletas ao Campeonato Paradesportivo do Rio Grande do Sul (Paracergs), assim como as Paralimpíadas Escolares. “Lembro como se fosse hoje. Quando passei a atuar na Secretaria, logo conversamos para mudar como a situação era tratada. Antes de 2017, ocorria apenas um festival com esses alunos, no formato recreativo”, conta Ana, que não concordava com a dinâmica. “Sugeri a mudança e a secretária (Cláudia Kichler) concordou. A partir dali, iniciamos toda a caminhada dos parajogos”, conta ela, orgulhosa.

 

“Faz renovar neles a vontade de viver”

A diretora pedagógica da Secretaria de Educação pontua que ainda há muito para evoluir no incentivo aos alunos de inclusão, mas garante que Sapiranga está no caminho certo. “Quando você escuta a seguinte frase de um aluno: ‘eu era só uma cadeirante, agora sou uma campeã de bocha’; nos dá a certeza de que tudo que estamos fazendo, batalhando, está valendo a pena”, disse Ana, com os olhos marejados. A profissional de educação acredita na inclusão e também incentiva aos demais colegas a ter esse olhar humano aos estudantes. “Se o aluno não pode fazer o esporte tradicional, ele pode ir para o caminho do paradesporto. O projeto do paradesporto é minha menina dos olhos. É algo que fez eu ver a vida de outra forma, de tu perceber o quanto esses alunos são capazes. Quando a gente acompanha eles, a gente passa a agradecer, a valorizar a vida”.

 

Opinião de quem entende do assunto

Cláudia Kichler, secretária de Educação. “Todos os alunos têm potencial. E, nós, temos que trabalhar em cima do potencial de cada um. Não é por ser um aluno de inclusão que ele não tem potencialidades; cabe a nós oferecer oportunidades”.

Ana Andrioli, diretora pedagógica da Educação. “Não é só esporte, é muito mais. Nesse público é algo que mexe com teu coração, tu revê valores de vida. Não é sobre ser o melhor, é sobre chegar na reta final, completar a prova; a emoção é indescritível”.

Caroline Araújo, aluna da Apae Sapiranga. “Este é o quarto ano que participo dos jogos e estou contente demais. Competi na corrida e no salto em distância. Dei o meu melhor, me esforcei, mas também me diverti muito com todos os colegas”.