Sapiranga – Os últimos dois anos foram de desafio e adaptação também na área da educação. As aulas virtuais já eram usadas no formato de ensino à distância, mas nunca foram realidade para a rede municipal. No dia 21 de fevereiro, mais um ano letivo se iniciou, mas nenhum daqueles professores voltou à sala de aula sendo o mesmo. Até quem tem décadas de experiência teve que se adaptar e ampliar as capacidades na pandemia.
Pensando nestas mudanças e também para incentivar a todos os demais colegas, durante 2021 o departamento de Comunicação da Prefeitura de Sapiranga, juntamente com a Secretaria de Educação, realizaram o projeto #DandoShow. São vídeos divulgados nas redes sociais da Prefeitura mostrando mais detalhadamente alguns trabalhos e também apresentando os profissionais da educação que se destacaram neste período.
Um destes trabalhos que recebe destaque é o da professora da Emef Floresta, Márcia Raquel Auler, que leciona há mais de 20 anos. Márcia trabalha com turmas de 1º ao 5º ano e precisou se adaptar. “Sempre trabalhei na alfabetização e tive vários momentos que não foram fáceis, mas esse período da pandemia é uma experiência nova para todos. Me superei no quesito tecnologia, me aprimorei e aprendi muito nessa parte”, comenta a professora, que destaca um paradoxo dessa experiência. “Nesse período, tivemos aula à distância, mas a aproximação com o aluno, com a rotina familiar dele, na casa dele, aconteceu. Então, isso também é novo”, explica.
Quem também precisou se reinventar foi a professora de Jardim nível B, Fabiani Menegotto. Apesar de já usar ferramentas lúdicas nas suas aulas de anos iniciais ao longo dos 17 anos de carreira, a educadora precisou trazer ainda mais elementos para chamar a atenção dos pequenos, agora por uma tela. Atividades como vídeos musicados, clipes gravados com interação, personagens, e também o estímulo para que os alunos e pais produzissem materiais, foram se tornando parte importante das aulas da profe Fabi.
Professor e aluno: aproximação remota
Sobre a inserção do professor na casa do aluno, a secretária de Educação, Cláudia Kichler, salienta que se trata de novidade para todos. “A pandemia mudou totalmente o cenário, o ensino remoto exigiu um novo olhar, muito além dos conteúdos, o professor teve que se reinventar e buscar uma forma de estar presente na vida dos alunos, cada um em sua casa, algo totalmente novo”.
Além da questão pedagógica, também foi preciso uma atenção especial com a rotina dos alunos. Nem todos têm acesso a internet, algumas famílias sofreram de imediato o impacto da crise financeira e ainda houve aquelas famílias que sofreram perdas pela Covid-19. Mesmo com tantos desafios, a Smed comemora a criação do #DandoShow, e define o projeto como “uma forma simples de valorizar o trabalho e a dedicação de profissionais que tiveram que se desdobrar, para seguir exercendo sua função”.
Nova educação: ensino só tem a ganhar com a tecnologia
A nova realidade de ensino remoto se apresentou aos professores e alunos de forma abrupta, o que, com certeza, fez o desafio ser ainda maior. Mas além da questão de adaptação tecnológica e de diretrizes pedagógicas, esse período de pandemia serviu para que alguns paradigmas fossem modificados para sempre. Principalmente na questão da interação professor- aluno.
Obviamente, nada substitui o contato de sala de aula, principalmente nos anos de formação intelectual do indivíduo. Convívio em sociedade também é um dos aprendizados mais importantes que a escola proporciona, e nunca antes se deu tanto valor a esta troca.
A retomada das atividades presenciais, além de ser essencial para suprir algum prejuízo na aprendizagem do aluno, está sendo fundamental para o novo jeito dos professores darem aula.
“A rotina diária do professor é exaustiva, está sempre buscando aprender para exercer sua função com excelência e o desgaste emocional muitas vezes é inevitável. Mas, o convívio com colegas e alunos, renova as energias para seguir fazendo o melhor”, destaca a secretária de Educação de Sapiranga, Cláudia Kichler.
Aprendizado na troca de experiências
Destaque no projeto #DandoShow, o professor de português Luis Felipe Loro, tem como metodologia de ensino tentar se aproximar dos alunos. Por exemplo, utiliza em seus conteúdos o conceito dos gêneros digitais, algo que já está inserido na rotina dos seus alunos de 9º ano. “Na minha atuação com os anos finais, procuro sempre falar a língua dos adolescentes, é importante evidenciar pra eles o quanto aquele assunto vai ter uma utilidade prática no dia a dia e no futuro. O grande desafio dos professores é se conectar com os alunos que estão nessa fase”.
Essa conexão que o educador da Emef Anita Lydia Wingert já busca, é um legado que este período de ensino remoto vai deixar.
O professor especialista em Formação de Leitores atua há cinco anos e reforça que busca a constante evolução nos métodos. “Entendo que educar é formar para a vida, e costumo mudar a minha abordagem o tempo todo, para me aproximar deles”. A interação virtual ou presencial entre professores e alunos é fator inerente para a qualidade na educação, uma troca muito enriquecedora. “Quando escolhi ser professor, eu não imaginava que aprenderia tanto com os alunos e também com os colegas. Juntos, nós todos estamos #DandoShow”, finaliza.