Sapiranga 67 anos: Elaboração do Plano Diretor Ambiental começa pelas águas na cidade

Até agora, já foram catalogadas quase 70 quedas d'água e quase 400 nascentes (Foto: Reprodução)

Sapiranga – Um trabalho minucioso e de muita importância científica está sendo realizado pela equipe da Secretaria de Meio Ambiente e preservação ecológica de Sapiranga. Trata-se da elaboração do Plano Diretor Ambiental. A fase inicial desse projeto é um mapeamento das áreas e recursos dos municípios, o que vai possibilitar diagnósticos mais precisos para planos de ação, regramentos sobre ocupação e também investimentos necessários. O estudo completo vai abranger tanto o meio físico: solo água e ar, e também o meio biótico: fauna.

O processo de visitas aos locais começou em junho do ano passado e o objetivo é que, durante todo este ano de 2022, as equipes consigam concluir pelo menos a fase de mapeamento. Nesse momento, acontece o levantamento dos dados hidrográficos onde os arroios e córregos estão sendo devidamente catalogados para que, em um segundo momento, as análises possam começar. O trabalho começou pela parte norte do município, que abrange a área rural e o Morro Ferrabraz, que estão dentro da Área de Relevante Interesse Ecológico-ARIE. O geólogo da Semape, Rodrigo Chaves Ramos, explica porque começar por este território. “Esse primeiro momento é para localização dos arroios: onde que tem arroio e a caracterização do mesmo. Por exemplo, na zona urbana, muitos estão canalizados, o que complica mapeá-los, por isso a área preservada foi feita primeiro”.

Nestes meses de levantamento, muitos dados já foram coletados e foi possível também realizar a divisão em sub-bacias hidrográficas. Sapiranga faz parte de duas grandes bacias, a do Rio Caí (em tons amarelos no mapa ao lado) e do Rio dos Sinos (representada em tons azuis e cinzas). Para viabilizar uma análise mais criteriosa e também para que, na fase de ações, os planejamentos possam ser mais pontuais, a equipe da Semape pretende definir 22 sub-bacias hidrográficas, utilizando como ponto de partida os arroios mais significativos. Algumas destas divisões já estavam previstas no plano de saneamento do município, como a bacia do arroio Sapiranga e outras estão sendo criadas, como a previamente chamada de bacia Reciclagem, que fica na área da Cetrisa. Essa divisão vai servir como unidade de gerenciamento de diagnósticos, como por exemplo, definir quais bacias têm presença de contaminação por esgoto ou quais precisam de monitoramento de prevenção de alagamentos.
A boa notícia é, que até o momento, os arroios catalogados na ARIE apresentam, visualmente, boas condições de conservação, mas ainda passarão por análise química. Infelizmente, esse índice deve cair com o avanço do estudo para as áreas urbanas.

 

Hidrografia é ferramenta de preservação

Em mais de sete meses de trabalho de campo, a equipe da Semape, liderada pelo geólogo Rodrigo Chaves Ramos, já conseguiu fazer o levantamento de dados significativos sobre o mapa das águas em Sapiranga.
Em um relatório, que ainda é preliminar – visto que somente a parte ARIE já foi visitada – o estudo mostra que 1,63% do município é coberto por água, seja ela de arroios e as chamadas massas d’água, composta por açudes, barragens e banhados. Essa área pode chegar a 5,65% durante as cheias no Rio dos Sinos. Esses dados sobre as inundações também são de extrema importância para outras áreas, além da ambiental. “Esses dados têm relação direta com a questão de edificações. O estudo vai servir para isso também, ajudar o município a ter esse entendimento”, explica Rodrigo Ramos.

Outro fator importante é a definição do que é açude, barragem ou barramento de águas – que se dá quando há interferência humana. Essa classificação será realizada em um segundo momento do estudo, quando todo o município já tiver sido visitado. Até agora, esse tipo de formação foi identificado em 448 pontos.
Só nesta primeira fase, onde é considerada a parte norte do município já estão registradas também 69 quedas d’água, incluindo as efêmeras, que se formam nos períodos de chuvas. São 367 nascentes, por enquanto, já catalogadas, o que é outro dado importante para a conservação e qualidade das águas no município.
Todo esse estudo hídrico, que faz parte da elaboração do Plano Diretor Ambiental, vai ser usado para planejar também corredores ecológicos, que é a formação de vegetação no entorno do arroio, a mata preservada nesse ponto serve de corredor para a fauna. Os diagnósticos vão ajudar a mensurar qualitativamente e quantitativamente a preservação ou a degradação. Portanto, o levantamento de águas é só o primeiro passo para um olhar mais aproximado e cuidadoso com os recursos naturais que Sapiranga tem a oferecer.