Sapiranga 67 anos: Down Hill – trajetória da modalidade que também já é símbolo do município

Pista Villa Paiva já faz parte do calendário das principais competições de Down Hill Foto: Renan Governatori/ Divulgação

Sapiranga – Um esporte radical, de habilidade e, principalmente, de contato intenso com a natureza. Assim podemos definir o Down Hill, modalidade ciclística que, traduzida para o português, significa literalmente ‘montanha abaixo’. E que lugar melhor para praticar esse esporte do que o Morro Ferrabraz?
Foi esse pensamento, e o espírito aventureiro que motivou os primeiros praticantes da modalidade a fazer as primeiras descidas de bicicleta na região, ainda nos anos 1990. “Em 1996, aconteceu o primeiro DH do Ferrabraz, foi pela estrada e era muito mais perigoso do que a modalidade atual, pois utilizávamos bikes de XCO (Cross Country Olímpico) e não havia proteção adequada. O esporte estava apenas iniciando no Brasil”, conta o ex-atleta e entusiasta da modalidade na cidade, Cícero Paiva.
A Villa Paiva, pista de down hill dirigida por Cícero, foi concebida conforme a modalidade ganhava força em Sapiranga. “Com o crescimento de adeptos, equipamentos de proteção e bikes mais especializadas, o esporte evoluiu e passou a ser praticado fora das estradas de rodagem. Foi quando surgiu a ideia para uma pista por dentro da mata do Morro Ferrabraz, por volta do ano 2000”, conta. A pista hoje recebe campeonatos de nível internacional e é referência para a prática do esporte do Rio Grande do Sul.

Atletas são também apaixonados pela velocidade

As bikes para a prática de down hill, são de uso exclusivo na modalidade, ou seja, são feitas somente para descidas. Possuem, por regra, em torno de 200mm de curso de suspensões dianteiras e traseiras, freios hidráulicos a disco com 220/200mm de rotores e quadros com geometrias específicas.
Atualmente, têm sido utilizadas rodas com 29 polegadas, ou mistas de 29 polegadas na frente e 27,5 polegadas na traseira. Para os iniciantes, é recomendável cautela, aprendizado técnico e paciência, embora a adrenalina da velocidade seja atrativa, há riscos. “É melhor praticar muito e evoluir aos poucos. Quando você percebe, está andando rápido e até competindo. Lembrando que, como quase todos os esportes, a preparação física e mental é fundamental”, orienta Cícero.

 

Sapiranga virou capital do Down Hill durante Pan-Americano

No mês de setembro, a pista Villa Paiva recebeu o Campeonato Pan-Americano de Down Hill, um marco para a modalidade e também para o reconhecimento de Sapiranga como expoente na modalidade. Os mais de 300 atletas começaram a chegar já na semana anterior ao evento, junto com suas equipes, causando a lotação da rede de hoteleira da cidade, o que foi motivo de comemoração por esse setor tão afetado pela pandemia.
A organização do evento envolveu mais de 50 profissionais e ficou a cargo da Radica Sports. Estiveram envolvidas também entidades como a UCI – União Ciclística Internacional- UCI, o Comitê Pan-Americano de Ciclismo – COPACI, a Confederação Brasileira de Ciclismo- CBC e a Federação Gaúcha de Ciclismo. O campeonato contou também com a participação de três árbitros internacionais. Somente em estrutura foram mais de R$ 40 mil reais investidos e todo o evento contou ainda com parcerias comerciais e o suporte da Prefeitura de Sapiranga.
O sucesso do evento e a consagração do sapiranguense Léo Becher – que fez o melhor tempo no geral e conquistou o primeiro lugar na categoria Júnior – fizeram com que a cidade ganhasse cada vez mais destaque nos circuito do esporte. Neste ano de 2022, o próximo evento será do Ranking Brasileiro em 26 e 27 de março. E no segundo semestre, em 6 e 7 de agosto, a Villa Paiva recebe uma competição de Cross Country. “Queremos trazer o Mundial Master de mountain bike e Downhill para 2024 e 2025”, revela o diretor da Radical Sports, Marcos Lorenz.