Sapiranga 67 anos: Carina dá as cartas em Sapiranga

Carina está á frente da sua primeira gestão em Sapiranga Foto: Deivis Luz

O ritmo frenético de quem assume o cargo de prefeita impõe uma série de compromissos e responsabilidades. Entre agendas com empresários, com o corpo técnico da Prefeitura, a população e a assinatura de documentos a prefeita de Sapiranga, Carina Nath, também procura manter alguns hábitos simples e que ajudam a manter as energias.

 

“Quando eu tenho um tempinho, gosto de fazer o meu almoço ou de fazer um churrasquinho com a família. Não sou muito de festas. Gosto muito de feijão com uma couve na manteiga e sou mais do café preto. Na minha casa, consumimos muito. Quando tenho uma folga, gosto de olhar séries. Recebi indicação de várias. Gosto de séries de serial killer (risos)…Gostei da Scandel – Os Bastidores do Poder, a Irmandade, com o Seu Jorge, gosto muito dele, e ficou bem legal. Gosto das séries que possuem um viés psicológico presente, pois passamos a tentar entender o ser humano”, revela. Sobre o local que mais gosta em Sapiranga, Carina não esconde o jogo. “O Morro Ferrabraz. Ele é apaixonante para todo mundo. Às vezes, quando estou estressada, abro a cortina e olho para o morro e vejo as atletas voando. Quando o dia está turbulento, tu observas o horizonte e o pessoal voando…traz uma paz”, reflete a prefeita.

Repercussão – Todos questionam se haverá Festa das Rosas em 2022.
Carina – Vai ter festa. Se as condições da pandemia ficarem como estão hoje ou melhores vai ter festa. Nós só não vamos fazer a Festa de Emancipação porque as coisas ainda estão um pouquinho turbulentas. Temos Carnaval na semana que vem, o aniversário do município é bem no feriado de Carnaval e vamos dar uma segurada pois poderia ter um ‘efeito rebote’, em razão de eventuais contaminações. Mas, depois desse período do Carnaval, devemos retomar as festividades tradicionais do município. Entre as que iremos retomar está a Festa da Colônia, depois a Festa da Semana Farroupilha, Festa das Rosas e o Natal de 2022.

Repercussão – E sobre a Festa das Rosas. Você estabeleceu um comitê interno para viabilizar a festa de 2022?
Carina – Nossos técnicos das secretarias do Turismo e da Indústria ficarão envolvidos com isso. Fizemos o projeto e estamos aguardando abrir o período de cadastramento para efetivar o envio da proposta. Mudaram as sistemáticas dentro do Governo Federal e teremos que captar muito recurso via Lei de Incentivo à Cultura e pela Lei Rouanet, pois pelo valor possível de captar dentro do Ministério do Turismo é irrisório, não paga nem um show. Vamos trabalhar com entrada gratuita e vamos lutar para captarmos o máximo possível. Isso é algo difícil, não é algo fácil essas leis de incentivo, e se precisarmos reduzir para um fim de semana, reduziremos, e tudo isso estamos avaliando para se tornar bom para nós, bom para o município e para não termos muitos custos. Estamos só esperando para ver se conseguimos enquadrar isso. Do aspecto da pandemia e do contágio, estamos otimistas com uma melhora do quadro. Com a vacinação em massa, as pessoas estão contraindo o vírus, mas perto dos sintomas que se tinha antes, é muito rápida a recuperação. Precisamos brecar e remediar os casos leves para que as pessoas não precisem da estrutura hospitalar.

Repercussão – Para a Festa da Colônia, que é a primeira atividade, o que você pediu e tem cobrado da sua equipe?
Carina – O secretário Valdes está buscando recursos externos conjuntamente com nossa equipe de projetos. A ideia é obtermos captações via Leis de Incentivo. Outra frente é buscar estruturas emprestadas de outras cidades onde ocorrem festas maiores. Por isso, estamos em articulação com a Secretaria Estadual de Agricultura para ver a possibilidade de conseguirmos alguns itens essenciais. Estamos efetivando diversos contatos para podermos estruturar a Festa da Colônia, pois querendo ou não, quanto mais conseguirmos buscar de fora, melhor.

Repercussão – E para a Semana Farroupilha, pretende fazer algo na mesma proporção que vinha ocorrendo?
Carina – Sim, na mesma proporção. Podemos ampliar o espaço um pouco mais. Mas, vamos seguir o mesmo trâmite. Os CTGs estarão envolvidos completamente e contamos com o envolvimento de todos eles. Eles nos ajudam na estruturação da programação e a nossa secretária Roberta tem um bom diálogo com eles. Os CTGs possuem uma boa pró-atividade e eles nos valorizam, pois escutamos o que eles tem para dizer e sugerir. E, quem sabe da cultura gaúcha muito mais, são eles. Eles nos explicam o que é necessário e o que não é preciso fazer. Vamos ter shows, parte artística e tudo o que envolve a cultura gaúcha. Queremos contar com invernadas e a parte artística se possível.

Repercussão – Como ficou a proposta da criação de um Horto das Rosas?
Carina – Nossas equipes do Centro de Educação Ambiental (Cemeam) deram início ao projeto e estão cultivando as rosas. A coordenação está com a responsável do Centro, que é a Fabiane Haubert, fomos até o município de Pareci Novo, junto com o senhor Remi Dresch, e conhecemos toda a parte de enxerto, estaqueamentos e tudo mais. Trouxemos para cá as ideias, mas decidimos que a parte de enxerto não vamos trazer para cá. É algo bem complicado e difícil e o número de perdas que posso ter com os enxertos é grande e não vale a pena. Mas, a parte do estaqueamento estamos fazendo no Cemeam. Contamos com uma estufa e já está rendendo frutos e está muito legal. Nossa ideia é ampliar, mas não de imediato. Essa etapa é um projeto piloto e estamos produzindo. A nossa ideia principal, ainda, é estruturar algo junto ao Morro Ferrabraz (provavelmente, na Travessão São Jacó, junto ao parque de máquinas da Secretaria de Agricultura). Mas, não chegamos nesse patamar ainda, pois precisamos organizar a garagem dos carros da Prefeitura, pois a ideia é fazer a reorganização do pátio de máquinas e do horto de uma vez. O piloto saiu do papel e ela está trabalhando nisso. Em agosto de 2021, plantamos 1.055 estacas. Destas, 286 sobreviveram e estão enraizadas no solo.

Repercussão – Casa do Agricultor às margens da RS-239. Vai sair algo?
Carina – Vai sair. O deputado federal, Maurício Dziedricki, encaminhou uma emenda de R$ 250 mil para a Praça do bairro Oeste, fizemos a reunião com os moradores para saber o que eles queriam na praça, e agora, montamos o projeto para apresentar na Caixa Econômica Federal. Além disso, o deputado também mandou R$ 380 mil de emenda especial, na qual a Prefeitura poderá usar onde houve maior carência, e outros R$ 370 mil para média complexidade na área da saúde. Como na saúde eu coloco muito recurso do livre, vamos adotar a seguinte estratégia: vamos aplicar esse recurso na saúde, mas uso do livre para atender e terminar a Casa do Agricultor. A arquiteta Ana Carolina está concluindo o projeto e está ficando bem legal. A proposta é retirar a parte de muro que existe atualmente. Deixaremos tudo aberto e projetamos uma pequena pracinha em um dos lados. Ficou um projeto bem moderno e muito bonito. Assim que tivermos pronto conseguiremos disponibilizar para o Grupo de Mulheres Agricultoras utilizarem o espaço. O local vai contar com fornos para a produção dos pães, tem espaço para o pessoal da secretaria de Turismo utilizar para virar a porta de entrada para oferecer o que Sapiranga tem de melhor. Queremos que esse projeto vá para licitação, no máximo dos máximos, em março. Só falta finalizar os cálculos. O projeto em si está concluído. Havíamos previsto um valor, mas o projeto final ficará mais caro, pois internamente, o espaço estava bem deteriorado. Existe um anexo ao lado da casa que é onde ficam os fornos. Isso acreditamos que chama a atenção, pois é uma característica da colônia. Vamos ajustar ainda todo o acesso e o entorno, para que as pessoas da área urbana possam acessar com facilidade.

Repercussão – E a Praça da Bandeira?
Carina – A Praça da Bandeira também é para entrar em licitação em breve. Vamos utilizar uma emenda parlamentar de R$ 300 mil do deputado federal Afonso Hamm e vamos dar uma contrapartida com recursos próprios para que consigamos revitalizar a Praça da Bandeira. Essas duas obras, em março, queremos lançar os editais. Na Praça, é necessário retirar as pedras portuguesas existentes na parte frontal, realocaremos para a parte de trás, vamos retirar a concha acústica e vamos reposicionar para o espaço onde ficou o palco do Natal. Queremos que essa concha fique entre as árvores. A nova pracinha para as crianças brincarem ficará onde, normalmente, ficam posicionados os food trucks/bolinho de batata. Lógico que vamos instalar proteção para tornar o ambiente seguro e as crianças não correrem para a rua. Vai ser uma praça com conceito mais aberto e mais clean. Para as artesãs que utilizam a sala existente lá, também preparamos uma reforma. Vamos instalar novos pontos de iluminação LED, e queremos fazer a licitação tanto na Praça da Bandeira como para o Parque do Imigrante de segurança com câmeras. Isso é um projeto que vamos implantar logo após a conclusão da obra. Vamos colocar as câmeras e uma segurança privada para não termos problemas.

Repercussão – As viagens à Brasília têm rendido bons frutos?
Carina – Eu tenho ido em todos os gabinetes de deputados e senadores. Se fez votos em Sapiranga é um compromisso do deputado contribuir com a população que acreditou nele. Nada mais justo que eles invistam no município onde receberam um voto de confiança. Em 2021, fui gabinete por gabinete e falei ou com o deputado ou com o chefe de gabinete de cada parlamentar. Usei como argumento para cobrar envio de recursos os votos que cada um fez na nossa cidade. De todos os que conversamos, um grande número acreditou e viu a possibilidade de ter uma projeção dentro da nossa cidade, que antes não tinha e, por isso, tem apostado. Um exemplo é o Maurício Dziedricki, que mandou R$ 1 milhão de reais, o deputado federal Bibo Nunes nos prometeu R$ 1 milhão, o Giovani Feltes veio aqui e disse que está à disposição do município. Ele já mandou R$ 500 mil e está articulando junto ao Ministério do Desenvolvimento Regional para mandar outros R$ 550 mil, que não estava no compromisso e que iria batalhar para a liberação. O Afonso Hamm destinou R$ 300 mil para a Praça da Bandeira. O senador Lasier Martins destinou R$ 250 mil. O senador Heinze mandou R$ 400 mil para pavimentação e saneamento. A deputada Liziane Bayer mandou recurso para a Praça da AGVL e vai sair também esse projeto. Independentemente do partido, eu quero que os deputados destinem recursos para a cidade. Não vamos fechar a porta para ninguém. Pode ser do PT, do PP, não importa o partido. Todos os deputados são bem-vindos e queremos que eles destinem recursos para Sapiranga, pois esses recursos serão bem utilizados. Captamos mais de R$ 4 milhões até o momento.

Repercussão – Entre os fornecedores, Sapiranga tem a fama de ser boa pagadora e honrar com os compromissos.
Carina – Temos o Plano de Compras, que é um programa dentro do Sebrae. Temos no mercado a fama de sermos bons pagadores. Queremos melhorar isso ainda mais. Queremos implantar esse programa do Sebrae e mostrando para as pessoas da cidade que elas podem participar de processos licitatórios, se cadastrar na Prefeitura e pagamos em dia e rapidamente. O fornecedor que presta serviço para a Prefeitura tem garantia de que vai receber esse pagamento. Em um mundo de hoje, sabemos que várias prefeituras isso não acontece. Temos essa fama em toda a região. Recebi um empreendedor, recentemente, que me disse que queria ser fornecedor da Prefeitura porque pagamos direitinho. São valores importantes e altos. Trabalhamos com transparência e exigimos qualidade.

Repercussão – O que a prefeita entende por uma gestão eficiente?
Carina – Eu acredito que uma administração precisa ser eficaz. Nossa gestão é eficaz e vai além dos resultados. Cada vez que recebo uma indicação de prazo, por exemplo, cinco dias, eu quero em 2-3 ou até em prazo menor. A celeridade e a transparência nos encaminhamentos é fundamental. Outro quesito é ter qualidade no atendimento à comunidade. Quando um serviço é de qualidade e devolve isso com qualidade para a população, acredito que isso é uma gestão com eficácia. Para ilustrar o que estou comentando. Em 2022, estamos licitando o novo sistema de gestão da Prefeitura.
Vamos acelerar ainda mais os processos e estamos fazendo um novo sistema para que termine com o papel e seja tudo informatizado e on-line. Esse novo prédio da Prefeitura é para que possamos estruturar o novo Data Center e que possamos contar com um novo sistema para viabilizar com mais rapidez todos os processos aqui dentro. O Tum Tum foi uma das ferramentas que adotamos para agilizar os processos e a população pode usar cada vez mais. O SapiCity, cada vez mais está sendo aperfeiçoado para que possamos usar da tecnologia para acelerar os processos. Esse ir e vir de papeis precisam, cada vez mais, serem diminuídos.

Repercussão – Alguma iniciativa pioneira na área da saúde em andamento?
Carina – Sim, vamos disponibilizar o acesso à prótese dentária na rede pública de saúde. Recebi uma ligação de uma senhora da Vila São Paulo. Ela me explicou que havia quebrado um dente e ela foi no dentista. Mas, eu não possuía prótese na rede pública. Pensei comigo e com a nossa equipe. Descobrimos que podemos oportunizar esse serviço através de um programa federal chamado Brasil Sorridente. Estamos encaminhando o cadastramento dos dentistas para que possamos ter esse programa para a população. Outro desejo nosso é na área da oftalmologia. Mas, esse ainda está pendente de abertura do programa, em Brasília.

Repercussão – Como você tem avaliado o acolhimento do povo contigo.
Carina – Eu amo o nosso povo! Se tu me perguntares qual é o meu melhor momento na Prefeitura eu te respondo da seguinte: é a segunda-feira, que é o momento em que a população vem conversar comigo e quando eu vou para a rua. Ontem eu estava em um empreendedor e passou uma criança, olhou para a mãe e disse: “Mãe é a presidente Carina Nath”. As pessoas me reconhecem e falam a maioria das crianças ou idosos param para conversar comigo. Isso é demais e recompensa. Qualquer dia atribulado ou algo de ruim que eu possa estar enfrentando é superado com momentos assim. Não tem quem pague. Isso é maravilhoso. As pessoas vêm aqui para me contar o que está acontecendo na vida delas. Claro que vem para resolver problemas, mas vou para casa renovada. É o meu melhor dia. Procuro dar retorno para todos, mesmo que seja negativo. Explicamos a razão de ser viável ou não. Eles me contam tudo o que ocorre na cidade. Já ocorreu de situações que eles me contaram que me levou a cobrar da minha equipe. As pessoas ficam impressionadas em entrar na Prefeitura. É difícil para muitos vir conversar, enfrentar até mesmo a vergonha. Ao término, disponibilizamos como se fosse um porta retrato que conta a história do município e fala do Gabinete de Portas Abertas para marcar a visita. O objetivo é fazer com que a pessoa que vem falar comigo é parte do processo de crescimento da cidade, tem direitos mas deveres. A cidade é dele e não minha. É nosso. E precisa fazer parte de tudo, se envolver na escola, se importar com o posto de saúde, com a rua onde mora, na frente de casa. E, se algo está errado, tem que vir cobrar, exigir aquilo que é certo. Mas, tem que ajudar a cuidar. As pessoas pegam a foto e ficam maravilhadas.

Repercussão – Eixo principal empresariado e fortalecer o desenvolvimento da economia e geração de empregos
Carina – Estamos desenvolvendo a ampliação da área industrial no bairro Vila Nova. Além disso, desenvolvemos um mapeamento de todo o nosso trecho às margens da RS-239 para buscar novos segmentos econômicos. Nas próximas semanas, ocorrerá uma agenda decisiva para alinharmos o futuro de uma área de grande potencial que é o nosso imóvel existente em frente do IFSul. Queremos transformar esse ambiente em um local de inovação tecnológica. Com o secretário José Della Santos, tenho conversado da necessidade de captarmos investidores para pensar a área da tecnologia. Não adianta falar de tecnologia, precisamos implantar.
Mas, outra preocupação nossa é o fortalecimento dos empresários e empresas instaladas em Sapiranga. Mesmo com a pandemia, alteramos a lei para poder dar a estruturação para quem estava com atividades no município. A política de apoio ao desenvolvimento econômico não significa só captar novas empresas, mas sim, manter aquelas que temos aqui. A Secretaria de Indústria, Comércio e Tecnologia está pronta para isso. Com o Inova Sapiranga, temos um edital do Ministério da Ciência e Tecnologia, onde estamos buscando um outro parceiro para fazer esse investimento neste setor. Também na área da tecnologia, estamos em parceria com a Feevale, dando o suporte para startups, no formato de incubadora e queremos ampliar essas parcerias para usar dessa estrutura em favor do município. Mostrar que Sapiranga tem um local próprio para o desenvolvimento de tecnologia. Temos áreas de terras para fortalecer esse segmento na cidade.

Repercussão – Educação e os projetos para alavancar o ensino e a qualificação dos profissionais
Carina – Estamos com três escolas de Educação Infantil em andamento (a Major, a Letrinhas Mágicas e a Dr. Décio Gomes Pereira). Sempre vamos pensar em qualificar os professores e sempre projetar o que ele pode oferecer de melhor aos estudantes. Então, a secretária Cláudia está articulando um incentivo para os professores se capacitarem cada vez mais. É importante pensar na estrutura física, mas é fundamental proporcionarmos qualidade de ensino para que possamos devolver isso em formas de frutos para a comunidade. Sapiranga tem a proposta da Escola Militar e a secretária está empenhada na viabilização dos uniformes (abrigo, mochila, tênis, quepe).

Repercussão – E a parte das parcerias para oportunizar cursos profissionalizantes?
Carina – Estamos com a parceria com o Senai, onde os melhores alunos são encaminhados para lá. Vamos ampliar o programa Vocações Profissionais e oportunizar que mais crianças tenham acesso a cursos nas áreas de robótica lego, tecnologias do calçado, mecânica industrial e introdução à gestão, inovação e empreendedorismo. Além disso, contamos com a parceria com o Sebrae na área do empreendedorismo. Este projeto envolve os estudantes do 1º ao 9º ano, e está sendo aplicado e vamos começar a colher os resultados.