Rigidez não impede alta no repasse de antidepressivos

Região – Cada vez mais, a população têm consumido remédios contra depressão, controle de humor e insônia. O alerta vem da Federação Nacional dos Farmacêuticos (Fenafar) após pesquisa com base em dados de secretarias municipais de saúde. Para desenvolver o estudo, foram utilizadas apenas estatísticas dos repasses das farmácias municipais.
O estudo da Fenafar realizado em 2011 mostrou que foram entregues à população mais de 42 milhões de caixas de pílulas psicotrópicas (remédios que agem no sistema nervoso). Outro dado revelador é de que o consumo mais intenso ocorre nos municípios pequenos, derrubando a tese da qualidade de vida nestes locais.
Em Nova Hartz e Araricá, por exemplo, o consumo de ansiolíticos, antidepressivos, controladores de ansiedade e pílulas contra insônia chegam a quase 100 mil comprimidos. É como se cada um dos habitantes de Araricá e Nova Hartz consumissem cerca de 4,3 pílulas por ano. A soma é cinco vezes acima do consumido em países europeus, conforme levantamento da Organização Mundial de Saúde (OMS).
De acordo com a Secretaria de Saúde de Araricá, existe uma preocupação com o uso indiscriminado dos medicamentos controlados. “Antes de repassar qualquer medicamento como os antidepressivos, estabilizadores de humor e ansiolíticos, procuramos sempre que o paciente passe por uma avaliação mais minuciosa, pelo serviço de psicologia ou de psiquiatria”, explica o prefeito de Araricá, Sérgio Machado. Ele destaca ainda a necessidade de estabelecer o tratamento adequado e manter o paciente com um acompanhamento clínico e psicológico em uma das unidades de saúde do município.
ELE EXPLICA A SITUAÇÃO
“As razões para o citado aumento provavelmente se devem a vários fatores: maior precisão do diagnóstico de depressão e de alguns trantornos de ansiedade, nos quais há fortes evidências científicas de eficiência terapêutica; marketing da indústria farmacêutica; prescrição exagerada para situações clínicas nas quais outra abordagem seria mais indicada. As pessoas buscam com clínicos um antidepressivo, mas deveriam buscá-lo com um psiquiatra. Talvez, por ainda acreditar, erroneamente, que a psiquiatria é coisa de louco”.
Rogério W. de Aguiar – Presidente Conselho Regional de Medicina do RS (Cremers)