Região – Sem nenhum óbito por Covid-19 e com bandeira Laranja (risco médio) no sistema de Distanciamento Controlado do Governo do Estado, os quatro municípios da região adotaram políticas públicas e medidas sanitárias que asseguram tal condição em meio a preocupante pandemia que tira o sono de diversos prefeitos e governadores pelo Brasil a fora. A conscientização somada aos cuidados de higiene dos moradores de Araricá, Campo Bom, Nova Hartz e Sapiranga, possui papel relevante para que hoje alguns estabelecimentos comerciais já abram suas portas e o número de medidas restritivas diminua de modo gradativo. Entretanto, as autoridades alertam que a conscientização continue tendo em vista que ainda não ingressamos no inverno e as demais doenças respiratórias continuam existindo.
O Jornal Repercussão em pesquisa ao Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS) do Ministério da Saúde, obteve os números de óbitos e internações em unidades de saúde por doenças respiratórias, nos primeiros meses do ano e constatou que houve um leve aumento em comparação ao mesmo período do ano passado.
Pesquisa aponta mais mortes e internações
Os óbitos e internações por doenças respiratórias na região aumentaram. Foram 15 mortes a mais nesse trimestre. De janeiro a março do ano passado haviam sido 25 óbitos. As internações também aumentaram. Foram 207 de janeiro a março deste ano, diante 111 no mesmo período de 2019. Um salto de 93 casos. Campo Bom registrou o primeiro caso de Covid-19 no RS em 10 de março.
Raio-x de doenças respiratórias
Óbitos por doenças respiratórias de janeiro à março de 2020
Município 2020/Jan 2020/Fev 2020/Mar Total
Araricá 1 – 1 2
Campo Bom 10 4 4 18
Nova Hartz – 1 2 3
Sapiranga 10 3 4 17
Total 21 8 11 40
Internações por doenças respiratórias de janeiro à março de 2020
Município 2020/Jan 2020/Fev 2020/Mar Total
Araricá 5 2 5 12
Campo Bom 35 24 24 83
Nova Hartz 5 7 6 18
Sapiranga 40 26 28 94
Total 85 59 63 207
Covid-19 não tem relação direta
Os números relacionados ao mês de abril, já dentro do cenário de pandemia, ainda não constam no SIH/SUS do Ministério da Saúde. Com o primeiro caso de Covid-19 no Estado em 10 de março, esse aumento de óbitos e internações ainda não tem relação direta com os números obtidos. Os médicos e demais profissionais da saúde evidenciam a necessidade de manutenção de cuidados, como etiqueta respiratória, uso de máscaras e de protocolos de distanciamento social controlado. O levantamento inclui patologias respiratórias, como síndromes gripais, pneumonias, asma, doença pulmonar obstrutiva crônica e outras doenças do aparelho respiratório.
Médico alerta para cuidado com o inverno e manutenção da etiqueta respiratória
De acordo com o responsável técnico pela UTI do Hospital Lauro Reus, médico José Toribio, em Campo Bom, não houve um aumento significativo de pacientes com doenças respiratórias que passaram pela unidade no trimestre. “A gente traçou um quadro aqui na UTI e não teve aumento significativo de casos respiratórios comparado ao ano passado. A gente observa que algumas cidades da região sentiram um pouco mais, proporcionalmente, mas não teve um incremento maior do que apontado pelo estudo da UFPel”, explica. O médico alerta ainda que a população deve manter os cuidados com a etiqueta respiratória, especialmente, com a chegada do frio no Estado. “Existem de quatro a cinco vírus que podem coexistir no mesmo ambiente. É necessária a ampla capacidade de comprometimento individual do cidadão redobrando os cuidados, sair de casa com máscara, esperar um pouco quando encontrar muito movimento em supermercados ou outros estabelecimentos a fim de evitar aglomerações”, acrescenta o médico.
Os profissionais de saúde afirmam ainda que o inverno favorece o aparecimento das doenças respiratórias pelas baixas temperaturas e elevadas taxas de umidade,além de ser um período em que as pessoas tendem a permanecer em locais fechados, o que facilita a circulação de vírus e bactérias.
Mais Óbitos em casa atestados
Um dado que não pode ser ignorado na pandemia são as mortes em casa. Um total de 27,9% dos registros de óbitos feitos pelos Cartórios de Registro Civil do Rio Grande do Sul, desde a primeira morte por Covid-19, no dia 16 de março, teve como local de morte o domicílio do falecido. Os dados fazem parte do Portal da Transparência do Registro Civil, que disponibiliza as informações com base no local de falecimento atestado pelos médicos. O site mostra que, em comparação com o mesmo período de 2019 – entre 16 de março e 30 de abril – foi registrado um aumento de 17,5% no número de mortes em domicílio em todo o estado. Foi registrado, também, o aumento de mortes em domicílios por Insuficiência Respiratória, Septicemia, causas Indeterminadas e Demais Óbitos por causas naturais: somados, em 2019 foram 1.982 óbitos; em 2020 passou para 2.323, um aumento de 17%. A região não possui nenhuma morte pelo novo vírus desde o começo da pandemia.