Projeto voltado para a doação de órgãos é destaque em Campo Bom

Campo Bom – Um assunto muito pertinente e que ainda carrega muitos mitos é a doação de órgãos. Com o objetivo de criar uma rede de cooperação e difundir o tema, a prefeitura de Campo Bom, através do gabinete da primeira-dama e da Secretaria de Saúde, realiza um projeto de capacitação sobre doação e transplante de órgãos.

O projeto nasceu da proximidade da primeira-dama Kátia Orsi com a história de Anália Goreti da Silva que é uma transplantada e decidiu compartilhar a sua vivência com a comunidade. “Numa conversa ocasional ela me falou que achava que deveria retribuir as orações e apoio que recebeu durante o tratamento e a melhor forma seria levar às pessoas a informação, visando desmistificar e conscientizar sobre o tema, porém, pouco se falava sobre doação de órgãos em Campo Bom. Foi uma das melhores ‘provocações’ que recebi, pois a partir daí formamos um grupo”, contou Kátia.
O primeiro movimento foi conhecer a Fundação Ecarta de Porto Alegre, que mantém ações permanentes em várias áreas, sendo um deles o Cultura Doadora. Fazem parte desse projeto pessoas de diversas áreas que se capacitam para tal, entre elas Glaci Borges e a Dra. Fernanda Bonow, médica intensivista e coordenadora do programa de captação de órgãos da Grande Porto Alegre.
Em outubro de 2021 o grupo realizou a primeira ação, um fórum para esclarecimentos e para conhecer histórias de transplantados, famílias de doadores e também pacientes que aguardam transplantes.

Criação do CIHDOTT e capacitação dos profissionais de saúde da rede municipal

Outra ação importante é a criação de uma Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT) no Hospital Lauro Reus. Essa equipe é formada por profissionais que fazem o trabalho de orientação da família do momento em que se apresenta um quadro irreversível e uma possível doação de órgãos. A criação da comissão é o primeiro passo para que possam vir a acontecer as captações e os transplantes. “A diretoria do Lauro Reus abraçou a ideia e já fez a indicação de nomes para a comissão, o processo está em via de instalação, porque é preciso capacitar essas pessoas, e uma autorização do Governo do Estado, a partir disso Campo Bom fará parte da rede de doação e captação de transplante de órgãos”, comentou Kátia Orsi.
Palestras para capacitação estão sendo realizadas com os profissionais da saúde, que vão agir como multiplicadores do projeto. O primeiro encontro foi com os Agentes Comunitários de Saúde e ainda serão realizadas palestras para profissionais de nível superior e técnico e profissionais médicos da rede. A Fundação Ecarta também vai promover ações em escolas municipais.

Agilidade nos procedimentos
A doação de órgãos é uma decisão delicada pois acontece em um momento de perda. Por isso é tão importante que o tema seja tratado da forma mais transparente possível. “No sexto ano doente se percebeu que não haveria mais tratamento que pudesse manter a minha vida, o único tratamento que poderia ter era o que dependeria da sensibilidade humana, ou seja, de um transplante de órgão”, relatou a advogada Anália Goreti, que recebeu um pulmão em 2018 e é grande apoiadora da causa e do projeto.
A primeira-dama Kátia Orsi reforça que a informação faz toda a diferença para os procedimentos. “O tempo é uma questão chave, um órgão tem em média 4 horas para ser captado e transplantado, por isso é tão importante que as equipes e comunidade conheçam o processo e estejam informadas”.
Goreti salienta a importância da conscientização. “É muito bom ver Campo Bom despertando para esse tema, através dessas ações. Elas ajudam a diminuir um sofrimento de algo que já é tão sofrido”.

Envolvimento da comunidade
     O trabalho de conscientização precisa chegar a quem mais importa: a população. Para isso, o Núcleo Municipal de Educação em Saúde Coletiva, (Numesc), da Secretaria de Saúde de Campo Bom é parceira deste projeto. As palestras com os profissionais de saúde servem para difundir o tema, sanar dúvidas e, principalmente, levar as informações para dentro das unidades.
“Precisamos fomentar esse tema, levarmos a informação e, assim, criarmos uma cultura de doação. A comissão implantada tem o importante papel de viabilizar doações, como esclarecer dúvidas e desmistificar o tema. Toda essa rede de parceria é para tornar possível que nossa rede pública de saúde também se qualifique para abordar o tema e aumentar o número de doadores”, reforçou o prefeito Luciano Orsi.