Projeto escolar voltado à segurança alimentar auxilia quase 90 famílias de Campo Bom

Campo Bom – Uma sementinha germinada em sala de aula, na véspera da Feira de Ciências, se transformou em um exemplar projeto que engloba lições de empreendedorismo, assistência social, voluntariado e de hábitos alimentares saudáveis. À frente do projeto desenvolvido na Escola Municipal de Ensino Fundamental Duque de Caxias, no bairro Quatro Colônias, está a professora Micheli Capeletti, que lidera o projeto Horta Escolar com a turma 82 do turno da manhã.

Na fase preparatória do projeto, os estudantes foram provocados pela professora a pensar na solução de um problema. “Constatamos que muitos colegas possuíam famílias que tinham perdido renda e emprego. Foi, então, que sugeri a criação de uma horta, e quando chegasse o período da colheita, distribuíssemos os alimentos para as famílias que perderam renda. A turma gostou muito e abraçou o projeto”, relembra a professora.
A localização da escola facilitou o desenvolvimento do projeto. “Nosso bairro possui características meio urbanas meio rurais, e temos muitas famílias de agricultores. Articulamos com o senhor Felipe Jaeger, pai de um aluno e que possui um viveiro de criação de mudas de hortaliças nas proximidades, que nos doou 1.500 mudas de crucíferas (repolho, repolho roxo, brócolis, alface crespa, lisa e americana, além de couve-flor”, pontua a professora.
Após o chegada das mudas, a escola mobilizou uma empresa da região, a Família Strack, que doou calcário para concluir o trabalho de adubagem da terra.

Envio de questionário virtual contribuiu na seleção das famílias em vulnerabilidade

Antes de iniciar a colheita, em julho, a turma 82 e a direção da escola prepararam um questionário para filtrar aquelas famílias que mais necessitavam de doações. “Enviamos um formulário para 18 turmas do pré ao nono ano. Com isso, descobrimos o perfil das famílias, quem havia perdido o emprego, quantas pessoas moravam na residência, entre outros esclarecimentos. Esse trabalho foi fundamental e decisivo para encontrarmos as famílias em situação de vulnerabilidade, e a partir das primeiras colheitas, passamos a entregar os alimentos colhidos para quem mais necessitava”, pondera a professora Micheli.

Empreendedorismo

O principal ensinamento que o projeto deixou de legado aos estudantes foi o desenvolvimento da capacidade dos alunos perceberem que podem resolver situações simples, ou até complexas, através da mobilização e da solidariedade.

 

Com expansão

O projeto da Horta Escolar da Duque de Caxias deu tão certo que a direção e a professora Micheli articularam a ampliação do espaço. “Nesta semana, Felipe Jaeger foi até a escola para ampliar o canteiro, que possui 450 metros quadrados. A nossa meta é plantar mais 2 mil mudas nas próximas semanas entre rabanete, milho, beterraba, cenoura, alface americana lisa e crespa. A nossa intenção é colher esse novo plantio próximo do Natal, entre novembro e dezembro. Esse projeto foi importante, pois os estudantes perceberam que podem solucionar um problema real da comunidade”, conclui a professora.

Estudantes e professora avaliam

Micheli Capeletti, prof. de História. “Recente pesquisa mostrou que 54% da população vive hoje uma questão chamada de insegurança alimentar, que é quando não se consegue ter acesso a todos os grupos alimentares e não se ingere níveis seguros de proteína, legumes e vegetais.”

Gabriel Jaeger, 13 anos. “O projeto me trouxe uma boa oportunidade de ajudar as famílias que estão passando por necessidade na pandemia. Foi importante para todos verem a importância da agricultura para toda a humanidade.”

Julia Ferreira, 13 anos. “Me senti muito feliz em poder ajudar as famílias que estão passando por insegurança alimentar. Achei bem importante porque conseguimos ajudar muitas pessoas. E também conseguimos aprender como faz para cultivar a horta”.