Prefeitura oferece ginásio como medida provisória, mas MTD rejeita e ocupa outra área em Sapiranga

Sapiranga – Após ocuparem um terreno particular, no bairro Amaral Ribeiro, por quase dois meses, o Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD) deixou a área na manhã desta quinta-feira (25), após intervenção da Brigada Militar, que chegou ao local para realizar a reintegração da área por volta das 7h30 da manhã.
Após conversar com integrantes do movimento, o Major Ailton Iaruchewski, comandante da operação, cedeu um prazo às famílias: elas teriam até às 10 horas para desmontarem o acampamento. “Notamos que as famílias já estavam desmontando as barracas e concedemos este prazo. Havíamos explicado que, como a Justiça determinou que a área deveria ser desocupada no dia 28 de maio, não temos o que fazer, a determinação deve ser cumprida. Mas, em nome do bom senso e da tolerância, demos este prazo”, explicou o major.
O efetivo da Brigada Militar – com apoio do Pelotão de Operações Especiais (POE), de Porto Alegre – contou com cerca de 250 homens, incluindo a cavalaria da Brigada Militar e um helicóptero, que sobrevoava a área pouco antes dos policiais chegarem ao local. Durante o prazo extra concedido pela Brigada ao movimento, caminhões de mudança foram chamados para retirar os pertences das famílias acampadas. Expirado o prazo, por volta das 11h20, máquinas retroescavadeiras demoliram o que restava das barracas do MTD no terreno do bairro Amaral Ribeiro. 
MTD ocupa nova área de terras próximo da antiga ocupação
Conforme uma das líderes do movimento, Juliane Camargo, integrantes do movimento saíram da área e se deslocaram para outra área de terras, que fica entre a Avenida 20 de Setembro e  a Avenida Travessão Ferrabraz. “São terras do governo, não particulares. Nossa preocupação, agora, é com o tamanho da área. É um terreno menor, que não comporta todas as famílias. Teremos de fazer barracões coletivos. Famílias que ainda possuem casas para as quais voltar, estão sendo orientadas para ir para suas casas, até que surja uma alternativa”. Sem ter certeza de quem seria o dono do novo terreno ocupado pelo MTD, a Prefeitura verifica a questão.
Prefeitura oferece Ginásio Nenezão para MTD
Durante a ação de reintegração, a Prefeitura de Sapiranga, por meio da Secretaria de Assistência Social, propôs ao MTD que as famílias fossem levadas para o Ginásio Nenezão, onde permaneceriam, até que novas moradias fossem viabilizadas pela Administração. A proposta incluía alimentação e transporte escolar para as crianças das famílias. Em reunião com os integrantes do movimento, foi decidido que a proposta seria rejeitada e as famílias seguiriam para o terreno na Avenida 20 de Setembro. “Teremos que nos revezar na hora de dormir, já que não haverá barracas e espaço para todos, até que pensemos em algo”, explica Juliane. 
Prefeitura e Ministério Público cobram informações adicionais
O secretário da Assistência Social, Roberto Ornes, comenta que, ao se reunirem com os líderes do MTD e com o Ministério Público, questionaram as lideranças do movimento sobre a quantidade de pessoas e crianças que faziam parte do grupo. “Eles não souberam nos dizer quantas famílias integravam o movimento, nem quantas crianças ou pessoas, o que dificulta nosso trabalho na hora de planejar uma ação para garantir as moradias dessas pessoas. Porém, oferecemos então levar as pessoas que realmente eram de Sapiranga e que portavam documentos, para o Ginásio Nenezão, onde ficariam abrigadas até que todos tivessem uma moradia. Nos questionaram sobre as crianças, que precisariam ter acesso garantido à escola. Respondemos que, sendo crianças de Sapiranga, iríamos fornecer transporte público para elas, como demanda a lei. Porém, eles nos responderam que teriam de conversar com os demais integrantes, antes de aceitar a proposta – e a resposta foi negativa”, esclareceu Roberto Ornes.