Prefeitos e lideranças avaliam mudança do local do pedágio na RS-239 e anúncio da concessão

 Região – O projeto de concessão das rodovias estaduais gerou diferentes reações entre as lideranças dos vales do Sinos e do Paranhana. Logo após o governador, Eduardo Leite, divulgar em uma apresentação o seu plano para conceder à iniciativa privada dezenas de estradas estaduais, entre elas as RSs 239, 020 e 115, prefeitos e representantes da sociedade civil manifestaram a sua opinião sobre o tema.

Integrante do lote 1, as rodovias da área de abrangência do Grupo Repercussão podem receber um investimento privado de até R$ 3,9 bilhões de reais em uma estimativa otimista do governo gaúcho. No passado, a Univias foi a responsável por outra rodovia estadual na região – a RS-474 -, entre Taquara e Santo Antônio da Patrulha. E, a forma que foi administrada na época, foi criticada pelo presidente do Coredes do Vale do Paranhana e Encosta da Serra, Delmar Backes (ver declaração ao lado).

Para a prefeita de Taquara, Sirlei da Silveira, a instalação de um pedágio na RS-020 é vista como positiva. “Apesar de ser um custo a mais para o motorista que utiliza a rodovia, enxergamos com bons olhos. Esta é uma das estradas em piores condições em nosso município, com asfalto deteriorado, sem iluminação e precariedade, inclusive, na sinalização”, pondera a prefeita, que avalia ainda uma eventual troca do pedágio de Campo Bom para Parobé. “Isso trará um custo a mais no deslocamento para os nossos moradores. Independente do local do pedágio, esperamos que sejam realizados investimentos ao longo da rodovia”, espera Sirlei.

O Repercussão questionou o Estado sobre a proposta de construção de terceiras pistas ao longo da RS-239, mas uma posição concreta seria repassada somente ao fim desta semana.

Veja o que pensa cada uma das lideranças
da região do Vale do Sinos e do Vale do Paranhana

Carina Nath, prefeita de Sapiranga
 “A possível  troca da localização da praça de pedágio de Campo Bom para Parobé, sendo Sapiranga um dos importantes municípios do Vale e uma localização privilegiada entre a Região Metropolitana, Serra e Litoral, também causará um impacto significativo no custo de vida das pessoas, que para se deslocarem até a Serra e Litoral precisam  passar por duas ou até três praças de pedágios e pagar as tarifas”, destaca.

Diego Picucha, prefeito de Parobé e presidente da AMPARA


“Nem a cidade nem a região, foram informadas oficialmente sobre essa decisão e, muito menos, consultada. Entendemos que a instalação de uma praça de pedágio aqui pode prejudicar diretamente Parobé e, de forma indireta, as demais cidades da região do Paranhana. A Administração não medirá esforços, somados com outras entidades de nossa cidade e da região, no sentido de reverter esta decisão”, destaca.

Leandro Horlle, prefeito de Igrejinha


“Vemos como positivo o interesse do Estado em promover investimentos nas rodovias estaduais de nossa região. Contudo, a alteração das praças de pedágio já existentes, especialmente nos locais citados, trará novos encargos aos cidadãos, uma vez que a frequência de uso dos trechos pedagiados será maior. Lamentamos que o Estado não tenha divulgado a totalidade dos investimentos a serem realizados, tampouco consultado a população ou os representantes antes do anúncio realizado. Estamos manifestando nossa inconformidade com a alteração das praças sem a divulgação da amplitude e impacto dos investimentos a serem realizados no Vale do Paranhana”.

Pedro Rippel, prefeito de Rolante

 “A transferência do pedágio de Campo Bom para Parobé para nós do Vale do Paranhana não vai alterar muita coisa. Vai facilitar um pouco para outros municípios como Sapiranga, Araricá e Nova Hartz. Possivelmente, vai baixar a arrecadação do pedágio porque o fluxo vai ser menor.
Quanto à duplicação da 239 de Taquara a Rolante na 474, isso é uma obra que já se iniciou muitos anos atrás. Já tem algumas coisas de obras de arte já pronta, só que parou. É uma obra considerada importantíssima, porque é um fluxo muito alto, principalmente no veraneio. É uma obra essencial. Teria que ter sido uma prioridade inicial e não ter esse prazo de construção de primeira pista. Deveria ser logo no início da parceria.
Também acho que teria que ser colocado a questão de Taquara. Existe um projeto antigo que a RS-239 sai sentido Rolante a Taquara, passar por cima da Sebastião Amoretti com um viaduto, e cai dentro da 239 mais pra frente. É um projeto mais antigo, mas devia constar dentro dos investimentos da nossa região”, pondera o prefeito.

Delmar Backes, presidente do Coredepes

“Acompanho através do Corede a história do pedágio de Campo Bom, desde a criação e construção, no governo Collares. Quando o pedágio ainda era comunitário, conseguimos realizar muitas coisas, sempre olhando o bem comum, sem olhar cor partidária, nada disso, nem privilegiamos município A, B ou C. Somente uma visão comunitária do que seria melhor. Sempre o que evitamos foi aumentar a tarifa e nunca permitimos deslocar a praça para outros locais, justamente, em razão do fluxo de automóveis. Não compreendi o fato, por enquanto, do porque transferir o pedágio para Parobé. Tenho preocupação muito grande com a RS-020 e a RS-115. Quando for privatizado tudo isso, as empreiteiras e construtoras devem investir e penso que não há necessidades grandes de investimento na 239. Espero que não ocorra o mesmo que aconteceu com a RS-474, onde conseguimos com muita luta, através do Corede, essa ligação com o Litoral. O que fez a empresa que assumiu a 474? Absolutamente nada e recolheu um bom número de milhões e não queremos que isso ocorra de novo”.