Prefeita de Sapiranga, Corinha Molling, valoriza gratuidade da festa e diz o que espera de Bolsonaro

Sapiranga – Após meses de intensa mobilização, organização e de economia dos recursos públicos, é chegada a hora de valorizar a 35ª Festa das Rosas. E, neste ano, a prefeita Corinha Molling reforça que o recurso destinado via Ministério do Turismo precisa ser valorizado, pois foi conquistado pelo mérito e empenho de um coletivo de pessoas que se esforçam para que toda a população do município e da região possam aproveitar os sete dias do evento.

Entre os pontos abordados nesta entrevista estão a própria organização da festa, aspectos de seleção das atrações, o desafio de sensibilizar os novos deputados eleitos para olhar por Sapiranga e a eleição de Jair Bolsonaro.

Jornal Repercussão – Em 2017, a Festa das Rosas foi grandiosa e investimentos no Parcão foram inaugurados. Como se deu o planejamento para a edição deste ano para manter o nível?

Corinha Molling – Começamos a trabalhar a Festa em janeiro. Sem dúvidas, esse é um trabalho de um ano inteiro. Entendemos que é a maior festa do Município e foi resgatada pelo deputado Renato Molling quando prefeito. De 1997 para cá se resgatou. Faz parte do nosso plano continuar com a Festa. Cada vez mais temos que trabalhar com o dinheiro e a verba disponível. É preciso entender, que até então a festa tinha um patamar, e depois disso, continuamos com esse patamar. O que não pode acontecer é a Prefeitura ficar devendo para as pessoas e fornecedores como percebemos acontecer em muitos municípios. Desejo que isso jamais oconteça conosco, pois Sapiranga tem fama de bom pagador e assim continuará. Procuramos, sim, fazer uma festa como as outras edições. Uma festa com qualidade. Essa verba que vem do Governo Federal, ela é de suma importância para nós, pois isso faz com que a população, independente de classe social, principalmente, àqueles que tem menos condições, participem da Festa. Essa verba está lá, e alguém tem que buscar. Ela é específica para isso. Às vezes as pessoas cobram para direcionar para outra área. Mas não pode, se não vier para cá vai para outro lugar. Essa verba proporciona lazer para as pessoas. O povo sapiranguense é um povo trabalhador e ordeiro, acorda cedo e gosta de festa também. Me sinto muito realizada quando vejo o sorriso das crianças brincando nos brinquedos gratuitos. Sou mãe e professora, e gostaríamos que todas as pessoas pudessem participar das nossas festas, que possuem essa característica. Até então, somente a Festa das Rosas era cobrada. As outras não. Através dessa verba podemos trazer shows, e vejo que seguidamente, os shows que estamos trazendo para todas as classes sociais, gratuitamente, em outros lugares se paga de R$ 100,00 a R$ 500,00 o ingresso. A juventude parcela, muitas vezes, para assistir a esses shows e aqui é de graça. Mas, a satisfação de atender e oportunizar algo dessa grandiosidade para todas essas pessoas é gratificante.

Jornal Repercussão – Nas últimas edições a presença de cantores gospel com carreira consolidada era constante. A que se deve essa refomulação com incentivo aos artistas locais?

Corinha Molling – As pessoas e as igrejas sempre cobravam um show gospel top. Quando a festa cobrava ingresso, muito pouco era vendido. As pessoas não tinham poder aquisitivo, gostariam de estar nos shows, mas como show gospel também é caro, as pessoas queriam, mas na hora de comprar ingresso não tinham condições. Vamos aproveitar os talentos daqui. Quando vou no culto ou na igreja, percebemos pessoas que são daqui da região, e que não cobram nada, e percebemos o fervor do louvor, que fazem tão bem quanto os shows mais caros. Precisamos valorizar o que é daqui e o que saia de dentro do coração. Não ir na Festa das Rosas só porque é um show top. Sou muito espiritual. Um show deste estilo custa cerca de R$ 90.000,00 mas muitos não tem aquele carinho que os grupos daqui possuem.  O que me chama atenção é que os grupos oram por Sapiranga. Então, esse louvor é que precisamos dedicar a Deus, que é o verdadeiro Louvor e que as pessoas possam ir no show gospel e valorizando verdadeiramente o que é o amor por Deus, o que é crer em Deus. E podemos fazer isso muito bem com os artistas locais.

Jornal Repercussão – A Prefeitura durante a festa de 2017 conseguiu entregar grandes investimentos no Parque do Imigrante. Este ano as melhorias foram mais simbólicas. Como se dá essa organização?

Corinha Molling – É preciso deixar claro e falar abertamente que se não fosse verba do deputado Renato Molling a pista de skate não teria acontecido. E isso só foi possível com verba federal. O município não tem condições de investir sozinho em obras deste porte. Este ano, com verba municipal, está saindo o Cachorródromo. Um cidadão sapiranguense, feliz com a iniciativa, me deu um abraço e parabéns pela ação pois ficou muito feliz. Além disso, está em construção a Casa Enxaimel que o promotor de Justiça, Micael Schneider Fleck, ajudou muito. Será um espaço muito bonito para reuniões, oferecer serviços. Nosso objetivo é continuarmos melhorando a cada dia que passa o Parque do Imigrante, para valorizar este espaço da nossa cidade.

Jornal Repercussão – Infelizmente, é comum recebermos notícias de vandalismo no Parcão. Existe alguma intenção da Prefeitura em aumentar a segurança no Parque?

Corinha Molling – Estamos atentos a esta situação. Um dos nossos projetos e estudos é terceirizar a segurança do Parque. O Parcão é um patrimônio e não dá mais para deixar os vândalos estragarem. Colocamos hoje uma lâmpada ou uma torneira, de madrugada alguém vai lá e tira ou vandaliza. O parque é muito grande. O objetivo é fazer isso e estamos atrás, mas é caríssimo. Estamos estudando essa medida para 2019. Os vigilantes desempenham uma tarefa importante, mas não podem portar arma. Também me preocupo com a segurança dos nossos servidores. Estão lá à noite, e às vezes, não temos efetivo para deixar dois servidores nesse período por lá.

Jornal Repercussão – Após três mandatos consecutivos, Sapiranga e os municípios da região perderam a referência política, em Brasília, que é o deputado Renato Molling. Como será essa construção com outras lideranças daqui para frente?

Corinha Molling – Para nós de Sapiranga é muito ruim. Podem diagnosticar e ver todas as verbas que o Renato enviou para nós. Inclusive também enviou muito para o nosso Hospital. O deputado não se descuidou da infraestrutura do município, e olhou muito para o nosso Hospital que é bastante elogiado. Essa era a nossa referência. Agora, muda tudo. Não tem essa referência lá em Brasília que vai brigar pelo nosso município e região. Muitos prefeitos(as) têm me ligado e dito: “Agora, quem vai ser a nossa referência lá?” Então para a região, não estou falando só de Sapiranga, para a região e fora do Vale do Sinos será muito ruim. Ele nunca foi um deputado de olhar partido. Ele sempre reforça que olha para as pessoas.

Jornal Repercussão – Existe chance de deixar alinhado com o governo federal recursos para a Festa das Rosas de 2019?

Corinha Molling – O deputado vai deixar encaminhado sim, para 2019. Conversamos sobre isso.

Jornal Repercussão – Outro reflexo será a necessidade da prefeita ir mais vezes à Brasília?

Corinha Molling – Eu como prefeita fiz muita economia não precisando ir para Brasília, porque o Renato é uma referência. Quando ligava para algum ministério e dizia que era esposa do deputado Renato, as portas se abriam, era diferente. O deputado conseguia para nós prefeitos, de um dia para o outro, agendas com os ministros. Mesmo que fosse às 22 horas, mas conseguia. Perdemos essa referência agora. Ele se relacionava muito bem com todo mundo. E as pessoas não entendiam a boa relação dele com ministros e presidentes de estatais. É por isso que as melhorias acontecem. Se não tiver alguém que brigue, elas não vêm para a nossa região e a cidade. Isso que ficará muito ruim, agora, vou ter que ir muitas vezes para Brasília, e isso gera gastos. Porque, às vezes, é necessário levar secretários ou técnicos e essas coisas precisamos a começar a pensar. Mas, serve para as pessoas pensarem e valorizar. Quando perdemos, passamos a valorizar. As pessoas têm inveja do currículo do deputado Renato. Mas, não é fácil ter um currículo assim. O talento nasce com as pessoas e isso vai se moldando de acordo com o serviço que ela mostra. E a política é um serviço. Está servindo a comunidade.

Jornal Repercussão – Houve um sentimento nacional de renovação no âmbito político também.

Corinha Molling – Principalmente, a mídia do centro do país trabalhava muito na tecla da renovação. Tudo é saudável, sem renovação as coisas elas perdem a essência. Tudo é um ciclo. E Deus vai mostrar qual é a nova missão. Se temos que viver, agora, para a família ou para outros ângulos, esperamos sempre o sinal de Deus.

Jornal Repercussão – Como vai ser essa nova interlocução com as lideranças eleitas em 2018?

Corinha Molling – Temos sempre as idas em maio e outubro. É quando vamos passar o chapéu em cada deputado e ministério. Sou prefeita até 2020 e tenho que ir igual. Se vamos conseguir êxito e atenção é outra história. Vamos ver se os deputados que se elegeram vão olhar para nós.

Jornal Repercussão – E o aspecto das finanças da Prefeitura. A cidade tem o que comemorar?

Corinha Molling – É do nosso perfil, como prefeita, cidadã e como pessoa, levar a gestão tudo muito a sério. Desde 2013, sempre me preocupei em pagar os funcionários, fornecedores e obrigações em dia, tudo pelo correto e conforme o TCE orienta. E assim é a secretária da Fazenda. Não é a toa que escolhi uma secretária de carreira como a Simone, que possui 20 anos de experiência na Administração. Temos responsabilidade, e alguns irão reclamar que a Festa das Rosas não vai ter o mesmo porte dos anos anteriores, mas prefiro diminuir agora do que ter gente batendo na porta e colocando no jornal que a Prefeita está devendo. Ou funcionários fazendo panelaço dizendo que a Prefeita não paga 13º e obrigações. Tem que fazer o dever de casa e tudo recai sobre as prefeituras. Estamos cheios de programas, que eu e outros prefeitos herdamos, que bancamos tudo. Por exemplo, cria-se um programa em Brasília. Os prefeitos estão vacinados e sem olhar os prós e contras, não entramos mais. Essas coisas de fazer populismo em cima dos prefeitos não dá mais. Prefeitura é a mesma coisa que uma casa. Não adianta, se tu ganha x por mês, não pode gastar dois X.

Jornal Repercussão – E o nome para a sucessão em 2020?

Corinha Molling – Temos que pensar um nome. Eu digo para as pessoas que o PP tem como presidente o Renato. Ele tem a prefeita reeleita. Tem que valorizar esse sentido. Tudo é um ciclo. O Renato foi prefeito, eu também. Tem que haver um candidato. Se vai ser renovação ou vai ser coligação, vamos trabalhar e ver.

Jornal Repercussão – E o futuro governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro?

Corinha Molling – Todo e qualquer governante, seja municipal, estadual ou federal, se não fizer gestão, não vai para frente. Espero gestão e espero que seja feito tudo aquilo que os outros presidentes populistas não tiveram condições de fazer. O povo está depositando esperança no Bolsonaro. Espero gestão. E tudo aquilo que está para tirar do papel deve ser feito para que o país possa melhorar. Que acabe com privilégios, combata a corrupção e é isso que os prefeitos esperam. Tem que fazer como os prefeitos, que enxugam cargos, secretarias para pagar as contas em dia. Tem que ter gestão. Se não fizer isso, será difícil. O Brasil não aguenta mais governos populistas e é necessário repartir melhor o bolo tributário. O recurso tem que ficar nos municípios e acabar com esses projetos que não nos levam a lugar algum. A maioria dos projetos de Brasília é gasto para os municípios. O caminho sabemos, só falta dinheiro. É preciso deixar no município o que é do município. É necessário repartir melhor o bolo tributário e parar com demagogia e populismo. O Brasil já viu que isso não adianta mais.

Texto: Deivis Luz

Foto: Hermes Rech