Por enquanto, aulas não devem ser retomadas na região

Aulas presenciais estão suspensas no RS desde 19 de março | Foto: Melissa Costa

Região – O governo estadual do Rio Grande do Sul publicou, no último dia 5, um decreto que permitiu a retomada das aulas presenciais desde terça-feira (8). A volta às atividades escolares deve seguir um calendário para cada nível de ensino, além de que as regiões do modelo do Distanciamento Controlado devem seguir algumas determinações. Entre elas, está a exigência de classificação na bandeira amarela, ou estar há duas semanas, no mínimo, na laranja. As regiões também devem estabelecer um plano de contingência para a retomada.

 

Neste sentido, a presidente da Associação dos Municípios do Vale do Rio dos Sinos
(Amvars), Tânia da Silva, não acha justo, com os pais, alunos e professores, um retorno às atividades presenciais neste momento, da maneira como foi proposto (que depende das bandeiras), e, portanto, as atividades não devem ser retomadas no Vale do Sinos tão cedo. Tânia ressaltou que, pelos protocolos propostos, as crianças não poderão ficar em tempo integral nas escolas, sendo permitida a ocupação por somente três horas a cada turno. “Não vemos o melhor início sendo na educação infantil, são crianças de até 5 anos, e é praticamente impossível manter as crianças distanciadas entre elas. Sabemos da dificuldade dos pais, mas não vemos uma forma segura de retorno neste momento”, enfatizou Tânia.

 

“70% não voltaria”

Segundo a chefe da secretaria de educação de Sapiranga (SMED), Cláudia Kichler, o município também seguirá as decisões da Amvars, e não deve retomar as atividades presenciais neste momento. Para embasar a decisão, a SMED realizou uma pesquisa com mais de 9 mil pais de alunos sobre a volta às atividades presenciais, na qual 70% afirmou que não voltaria neste momento. A secretária Cláudia enfatiza que não é possível executar o planejamento realizado para os alunos de 0 a 3 anos, já que estes ficam nas escolas das 6h30 às 18h, o que não é permitido pelas novas medidas definidas pelo Estado. Em relação à adaptação das escolas, Cláudia afirmou que os materiais de higienização, exigidos pelo plano de contingência estadual, já estão todos adquiridos: são duas máscaras de pano para cada aluno e funcionário, tapetes sanitizadores, álcool em gel, luvas e termômetros digitais. “O principal problema mesmo é o distanciamento nas escolas”, ressaltou.

 

“Não temos como prever”

A secretária de educação e cultura de Campo Bom, Simone Schneider, afirmou que deverão ser cumpridas as definições da Amvars para a região R07 de Novo Hamburgo do Distanciamento Controlado (que também inclui os municípios de Sapiranga, Araricá e Nova Hartz), e não deve retomar as aulas em setembro. Segundo a secretária, não é possível fazer previsões neste momento. “Temos que respeitar o que a saúde determinar como o momento adequado para um possível retorno”, enfatizou Simone.

“Não resolve problema dos pais”

De acordo com os protocolos definidos pelo governo estadual, inseridos no modelo de Distanciamento Controlado, as crianças do ensino infantil não podem ficar em turno integral nas escolas. O turno da manhã, portanto, seria entre às 7h e às 10h, quando os alunos saem para higienização das salas de aula e espaços das instituições, e um novo grupo de estudantes voltaria às 13h, permanecendo até as 16h, quando haveria nova higienização para o dia seguinte. “Isso não resolve o problema dos pais, porque as crianças vão para a escola e terão que voltar para o lugar onde estão ficando agora, com familiares ou com pessoas que estão cuidando. Então, a circulação do vírus pode ser maior”, afirmou a presidente da Amvars.

Segundo o calendário proposto pelo governo do RS, a Educação Infantil tem permissão para retornar as atividades presenciais desde 8 de setembro, nas regiões que atendem aos requisitos. O Ensino Médio, Técnico e Superior pode voltar a partir de 21 de setembro (na rede estadual, a partir de 13 de outubro). Os anos finais do Ensino Fundamental podem voltar a partir de 28 de outubro, enquanto os anos iniciais têm permissão a partir de 12 de novembro. Seguindo este calendário, a Amvars já estuda, de forma embrionária, a retomada dos anos finais do Fundamental. “A grande maioria dos alunos tem mais de 13 anos e já têm uma maior consciência, facilitando a orientação sobre as medidas de segurança, como uso de máscara e álcool em gel”, afirmou Tânia. Ela também ressaltou que o retorno das escolas privadas vai depender, também, das decisões do Centro de Operações de Emergências (COE) de cada município.