Por causa da pandemia, cirurgias eletivas não têm prazo para acontecer

Blocos cirúrgicos estão sendo utilizados somente em casos de emergência Foto: Arquivo JR

Sapiranga – Juliana Oliari tem 37 anos e é moradora de Sapiranga. Em março de 2018, ela caiu em casa e sofreu uma lesão no joelho. Dois meses depois, após exames e uma ressonância magnética no local – que, por ter sido feita em uma clínica particular de Novo Hamburgo, custou cerca de 400 reais (a metade do preço que custaria, na época, no Hospital Sapiranga) –, Juliana teve constatada uma ruptura parcial do menisco. Após algumas consultas e diversas sessões de fisioterapia, a sapiranguense foi encaminhada ao Hospital de Canoas, e, depois de realizar novos exames, seus médicos decidiram pela necessidade de realizar uma cirurgia.

 

Desde então, a cada três ou seis meses, Juliana é chamada ao hospital para realizar análises. A cada visita, um novo prazo de cirurgia é informado. Em dezembro de 2019 foi a última vez que foi chamada ao hospital, quando foi informada pelo médico que dentro de três meses poderia realizar seu procedimento. Surgiu, então, a pandemia do coronavírus, que forçou casas de saúde de todo o mundo a isolarem seus leitos e voltarem suas atenções aos pacientes com sintomas gripais e àqueles em situação mais grave, com dificuldades respiratórias e dores no peito. Juliana, portanto, ainda aguarda pela sua cirurgia, enquanto sofre diariamente com as dores.

 

Não há previsão

O Grupo Repercussão buscou esclarecimentos junto às secretarias de saúde de Canoas e do Estado. A secretaria estadual informou não ter acesso aos dados das cirurgias, alegando que “marcação de cirurgias é demanda do prestador de serviços e a verificação deve ser feita diretamente com ele”.

 

Já a secretaria de Canoas explicou que, em função da pandemia, para reduzir a circulação de pacientes nos hospitais e também prezar pela segurança dos pacientes das cirurgias eletivas (pois poderiam se infectar com Covid-19 no hospital), os procedimentos de menor gravidade estão restritos. Além disso, os leitos e profissionais de saúde foram realocados para o combate à pandemia. Segundo a secretaria, as cirurgias ficarão suspensas até que haja uma segurança sanitária para que os pacientes possam habitar o hospital.

Outros esperam

Outros pacientes também aguardam por cirurgias eletivas, ou seja, que não são emergenciais ou de urgência (ou seja, procedimentos em que não há risco de vida ou de perda de um membro, caso não seja feita alguma intervenção). Também em Sapiranga, Daiane Catiucia Fick enfrenta problemas pela espera na fila por uma cirurgia, na qual ela foi colocada em fevereiro de 2019. Daiane teve rompimento dos ligamentos no joelho e precisa de uma intervenção cirúrgica para resolver sua lesão. A sapiranguense foi encaminhada ao Hospital Universitário de Canoas (HU), localizado na Universidade Luterana do Brasil (ULBRA). “Como meu caso não era de urgência me colocaram na fila de espera e me falaram que dentro de um ano me chamariam para realizar a cirurgia, mas até agora nada ainda”, afirmou.