Partos por cesárea geram debate entre especialistas da saúde

Índices | Brasil é o país com mais partos por cesáreas no mundo

Região – Para uns, é uma escolha que cabe apenas à gestante; para outros, é preciso levar em conta também a saúde do bebê; para outros, é uma simples questão de comodismo. A única coisa na qual todos parecem concordar é que o Brasil tem uma taxa de partos por cesáreas muito além do número normal.

Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o líder no ranking dos países que mais realizam partos por cesárea, com uma taxa de 55,6%.

Em Sapiranga, mais de 64% dos partos são realizados através de cesáreas. Em Campo Bom, a média dos procedimentos feitos pelo SUS é de 50%. Porém, em 2013 e 2014, nota-se que o número de partos normais supera o de partos por cesáreas: contra as 44 cesáreas realizadas em 2013, houveram 48 partos normais. Em 2014, foram 162 cesáreas e 351 partos normais.

Pró Parto Normal

Buscando diminuir os índices do procedimento no município, a Secretaria de Saúde de Sapiranga está promovendo uma conscientização das mulheres do município sobre o parto normal. “Queremos reduzir os índices de Sapiranga, que são de 64,2%, para 40%. Nós, da Saúde, somos oficialmente pró parto normal. É claro que alguns partos por cesárea são feitos por necessidade, mas às vezes eles ocorrem por comodismo, também”, diz o secretário de Saúde, Emerson Leite.

No último sábado, dia 18 de julho, a Secretaria lançou a Campanha Municipal Pró Parto, que através de vídeos e esclarecimentos busca estimular a prática do parto normal entre as gestantes do município.

Busca pelo resgate das tradições antigas em Sapiranga

Para o secretário de Saúde de Sapiranga, Emerson Leite, é preciso identificar o motivo pela alta procura pelo procedimento da cesárea. “Existe hoje culturalmente uma preferência pela cesárea. No passado era rotina fazermos partos normais, era algo que partia até da própria gestante. Nosso município é hoje um dos que tem a maior taxa de cesáreas, são mais de 64% dos partos feitos através desse procedimento.Resta saber qual foram as condições que levaram a isso, fazer um resgate das antigas tradições”.

Segundo as novas normas da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), para realizar as cirurgias, o médico deverá entregar um “partograma” e a paciente deverá ter seu “cartão de gestante”, que registram o desenvolvimento da gravidez e do parto. Caso esses registros não sejam feitos, o médico deverá fazer um relatório médico, justificando a cesárea.Questionado a respeito, o secretário Emerson afirma que esta é uma medida que torna a relação entre o médico e a paciente algo mais frio. “Iremos burocratizar um evento natural”, diz.

Hospitais promovem cursos de orientações para gestantes

No Hospital de Sapiranga, é elaborado a cada trimestre o encontro de gestantes, curso gratuito oferecido a todas as futuras mães. Neste curso as gestantes são orientadas sobre riscos e necessidades da cesárea. A direção informa que isso se aplica às pacientes que chegam ao plantão. Em casos de médicos privados, a relação é entre médico e paciente.

A direção do Hospital Dr. Lauro Reus, de Campo Bom, através de sua equipe de enfermagem, faz um trabalho de orientação e conscientização junto as mamães que estão no período gestacional, como no Curso para Gestantes realizado em março e que terá nova edição em agosto. De acordo com a gestora de Enfermagem, Dorian Schuch, se tudo estiver bem com mãe e com a criança, o parto é um processo fisiológico que requer pouca intervenção médica. “A cesárea, cirurgia de médio porte, é recomendada em casos de complicações reais para a mulher e para o bebê e necessita, portanto, de indicação médica”.