Para quem vive de eventos, o jeito está sendo mudar para pagar as contas

Eventos de porte maior foram todos cancelados com a pandemia da Covid-19 Foto: Centro de Eventos do Flavinho/Arquivodo

Sapiranga – Empreendedores que viviam exclusivamente de eventos viram suas agendas serem canceladas em questão de poucos dias, com o início da pandemia da Co-vid-19. Um dos primeiros a terem serviços cancelados, estão sendo os últimos a se beneficiarem com flexibilizações. No último dia 30 de setembro, a prefeitura de Sapiranga divulgou um novo decreto flexibilizando algumas atividades, entre elas, alguns pontos relacionados a eventos.

 

Conforme o novo decreto, eventos em ambiente fechado ou aberto podem ser realizados com a presença de no máximo 50% da capacidade do alvará dos Planos de Prevenção Contra Incêndios (PCCI), não podendo passar independentemente do tamanho do espaço, de 50 pessoas no local. A atividade tem horário limitado entre 10 e 22 horas. A mudança, conforme alguns empreendedores que atuam no ramo de eventos, não deverá trazer muitas mudanças e a expectativa é de que a situação comece a melhorar apenas para 2021. “Todos estão com dúvida, pois ninguém sabe qual será a bandeira da semana seguinte. Com isso, ninguém se arrisca a fazer um evento maior”, conta Flávio, do Centro de Eventos do Flavinho.

 

Mudando para vendas

Quando a pandemia começou, Flávio estava prestes a inaugurar seu segundo saão de festas. “Fiz um grande investimento e, no momento de começar a ter retorno, foi necessário parar”. Para tentar suprir o pagamento das contas e com os dois salões fechados, Flávio precisou se reiventar e passou a atuar na venda de veículos. “Eu adoro trabalhar com eventos e não pretendo parar. Porém, para este ano, não temos expectativas de que os eventos de maior porte possam voltar”, diz ele, que tenta manter a esperança de dias melhores. “Não penso em desistir. Acredito que as coisas irão melhorar e vamos poder voltar a comemorar e realizar festas; vai passar”, completa Flávio.

Casamentos cancelados

O ritmo de trabalho estava acelerado. Marisa Teresinha Simon Jacobus, proprietária da floricultura Recanto Verde, que também atua em decoração de eventos. “Chegávamos a ter até três eventos no mesmo dia nos finais de semana. E, de uma hora para outra, tudo foi cancelado. Tínhamos muitos casamentos agendados, principalmente em Novo Hamburgo e região da Serra, como Gramado”, conta ela. Sem trabalho de decoração, Marisa passou a se dedicar exclusivamente à floricultura. “Passamos também a nos reinventar. Por exemplo, não estávamos cobrando a entrega de flores. Como as pessoas passaram a ficar mais em casa, pensamos em sugestões para que se dedicassem a cuidar do jardim e isso deu certo”.

Momento para repensar prioridades

Em meio à tantas dificuldades e corrida contra o tempo para se reinventar e manter as contas em dia, Marisa também aproveitou a fase para fazer uma reflexão sobre a vida, sobre o que estava sendo prioridade. “Eu amo meus trabalhos, tanto a floricultura como na decoração. Antes da pandemia, para ter ideia, estava trabalhando direto, sem ter nenhuma folga. No final de semana, tínhamos eventos direto e, na semana, seguíamos na floricultura”, lembra Marisa. “No entanto, estava sempre cansada e chega uma hora que precisamos pensar em qualidade de vida. Acredito que quando as coisas voltarem ao normal, não vou manter a decoração no mesmo ritmo, com tantos eventos. Vou priorizar a floricultura e fazer menos eventos”, conta ela, que ama o contato com o público.