Pais de Maria Luiza contestam resultados distintos em exames assinados pelo Estado

Sapiranga – Ainda sofrendo com a morte precoce da filha, Maria Luiza Laranjeira Vieira, de 11 meses, o casal sapiranguense, Jenifer Laranjeira e Rodrigo Ribas Vieira, moradores do bairro São Luiz, buscam entender o que de fato ocorreu com a menina.
Na segunda-feira (27), o casal abriu as portas da sua residência para a reportagem do Repercussão e revelou contrariedade com os dois laudos emitidos pelo Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS) – um de 17 de maio (dois dias após o óbito da criança) e o segundo, de 22 de maio. “No primeiro laudo, de 17 de maio, consta que foi detectado o vírus influenza A/H3. Porém, no segundo laudo, de 22 de maio, todos os resultados foram negativos para Influenza A, B, Parainfluenza 1, 2 e 3, e positivo para o vírus sincicial respiratório (a chamada bronquiolite)”, argumenta o pai, que ainda sente uma dor profunda pela perda da criança, que era a filha única.
No entendimento do pai, Rodrigo Ribas Vieira, ocorreu uma precipitação dos órgãos envolvidos na divulgação para a imprensa, que a causa da morte de sua filha era Gripe A. “Acreditamos que tenham feito um tratamento errado, pois deviam ter receitado antibióticos para um quadro de infecção dos brônquios. Com a demora na aplicação do tratamento adequado, logo os dois pulmões ficaram comprometidos”, relembra.

Hospital Sapiranga destaca que todas as medidas praticadas foram as corretas

Foto: Divulgação

Sobre os questionamentos aqui realizados, o Hospital reitera a nota já divulgada em 20.05, em que informa que todo manejo diagnóstico e terapêutico foi realizado dentro do que preconiza a literatura médica e as boas práticas de atendimento. Por fim, a direção do Hospital informa que se solidariza com o ocorrido e se coloca à disposição da família para maiores esclarecimentos.

Secretaria do Estado se manifesta

Esclarecemos que no caso da menina de 11 meses residente em Sapiranga, foram realizados dois tipos de técnicas laboratoriais para o diagnóstico. Para a gripe influenza, o mais importante é o que se chama de RT-PCR, que é uma técnica de biologia molecular que identifica a carga genética do vírus (o RNA, equivalente ao “DNA do vírus”). Esse exame é de maior sensibilidade (ou capacidade de identificar o agente viral) e nele se teve resultado positivo para Influenza A-H3N2.

Como protocolo para casos de internação hospitalar por síndrome gripal, sempre é realizado um segundo exame, chamado de imunofluorescência. Essa técnica é menos eficaz para influenza, mas tem como vantagem identificar outros tipos de vírus. Por ele, é possível visualizar por meio de luz ultravioleta os antígenos, que são as substâncias que desencadeiam a produção de anticorpos causados pelos vírus. O caso em questão apresentou, nessa técnica, positividade para o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), indicando o que se chama de codetecção (mais de um agente identificado). O VSR é o principal agente causador das bronquiolites (infecção comum em crianças que gera acúmulo de líquidos nos pulmões) em crianças menores de cinco anos. A questão de que nesse exame o resultado foi negativo para influenza é normal, em função de estarmos falando de técnicas laboratoriais com diferentes sensibilidades. O mesmo fato acontece sistematicamente nas amostras analisadas. Por não ser possível identificar qual dos dois vírus foi o responsável pelo agravamento do quadro clínico e o óbito, se considera a causa para os dois agentes.

Foto: Davis Luz