Pacientes que venceram o câncer contam como foi o processo

Reportagem: Deivis Luz, Fábio Radke, Laura Blos e Leonardo Oberherr

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Pacientes curadas de Sapiranga tratam do assunto 

Com ajuda da Liga Feminina de Combate ao Câncer de Sapiranga, a reportagem do Jornal Repercussão conversou com duas mulheres que passaram pelo tratamento de câncer e hoje estão curadas.

Jéssica Tamara Dutra, hoje com 31 anos, teve câncer de mama há dois anos. Ao falar sobre o assunto, ela destaca a importância do autoexame: “Eu fazia o autoexame no banho, mesmo. Sem pretensão. Mas se não fosse por isso, teria demorado muito para descobrir a doença”. Jessica passou por quimioterapia, radioterapia e até mesmo uma cirurgia para a retirada do câncer. Hoje, ela está curada.

 

Na mesma direção do conselho de Jéssica, a também curada Michelle Ternus dos Santos, de 37 anos, falou sobre o seu tratamento junto ao Hospital Santa Casa de Misericórdia, de Porto Alegre: “Foi rápido, depois da descoberta da doença. Fui muito bem tratada, e os médicos lá de Porto Alegre me cuidaram muito bem” – destacou.

O tratamento das duas pacientes foi todo gratuito, pelo SUS. Mesmo depois da doença, elas precisam realizar exames periodicamente.

Tanto Jéssica quanto Michelle abordam o assunto com muita naturalidade, e a resposta das duas para isso é muito semelhante. Basicamente, essa naturalidade surge por entender que sim, a pessoa está doente e precisa de tratamento, de ajuda. Além disso, elas comentam que passam a dar menos importância para brigas e discussões insignificantes, e que procuram aproveitar os momentos bons de forma intensa.

Apoio familiar é imprescindível

As pacientes Marilene Honemann e Cecilia Torres dos Santos, de Campo Bom também contaram um pouco sobre o tratamento que elas estão realizando, e principalmente sobre como a família é importante para ajudar os pacientes: “Minha família ficou toda muito preocupada, e eu não. A gente tem que aceitar a doença. O meu câncer não deu para tirar, ele já está na pleura e sigo fazendo as quimioterapias” – explica Marilene, de 64 anos.

Já Cecilia, de 63 anos, destaca como a doença muda o cotidiano do paciente e da família: “É complicado. Durante o período das primeiras sessões de quimioterapia nós não sentimos fome. Além disso, a comida perde o sabor. Mal se diferencia o que é doce e o que é salgado. Tudo fica com um gosto de metal” – comenta a paciente.

Cecilia também teve câncer de mama e fala da importância do autoexame. Já Marilene venceu recentemente um câncer no fígado, e agora luta contra este câncer na pleura (membrana que recobre o pulmão).

Ambas ainda destacaram a importância da Liga Feminina de Combate ao Câncer de Campo Bom, entidade que procura amparar as pacientes com câncer ,seja com informações ou até mesmo auxílio em custos de exames, remédios e atendimentos profissionais. Cecilia e Marilene também falaram que todos devemos cuidar mais dos pequenos e bons momentos, sem dar importância a brigas e discussões sobre assuntos “bobos”.

Casos em Nova Hartz e Araricá entre mulheres

Quando estava com 27 anos, Paula Talita Blanco de Miranda, percebeu um carocinho no seio direito. Com o passar dos anos, percebeu que o sintoma havia aumentado. Nesse período, Talita descobriu uma nova gravidez, e ainda por cima, tempo depois, veio o resultado que nenhuma mulher gostaria de ouvir: o seu nódulo foi identificado como uma neoplasia maligna. “Fiquei paralisada”, relembra.

O agravante de Talita era a gestação, e em dezembro de 2011, iniciou as quimio. “Foi o Natal e Ano Novo mais tristes das nossas vidas. Encarei o restante da gravidez sem cabelo e em quimioterapia. Com o diagnóstico do nódulo aumentando, o parto foi induzido com 34 semanas”, conta lembrando que 12 dias após o parto, fez uma mastectomia radical da mama linfonodos. Atualmente, Tailita faz consultas regulares de seis em seis meses

Em Araricá, Rosa Amara Pereira, 50 anos, professora da APAE de Araricá e voluntária nas horas vagas na Liga Feminina, descobriu um nódulo na mama, em 2015. “O tempo passou e ele chegou a 11 centímetros. Sentia um desconforto e no dia 28 de maio de 2018 e recebi o diagnóstico. Todo o tratamento eu faço pelo Hospital Fêmina, de Porto Alegre. Quando se recebe o resultado do exame, o mundo começa a girar e você perde o chão. Na hora, você acredita que é uma sentença de morte. Ganhei mais de 50 lenços, mas o apoio da família foi fundamental. Meu marido, em solidariedade, também raspou o cabelo. É uma situação difícil, pois existem mulheres que até tiram os espelhos de suas casas”, conta Rosa.