“Os Correios dão lucro”, afirma liderança contrária à privatização

Região – Uma história de 357 anos pode estar ganhando um novo capítulo. A privatização dos Correios ganhou andamento, recentemente, com o envio pelo Ministério das Comunicações à Presidência da República, da minuta do projeto de lei que trata da desestatização da empresa pública. A proposta do presidente Jair Bolsonaro é vender a empresa para a iniciativa privada.

O Grupo Repercussão conversou com o diretor da subsede do Sindicato dos Trabalhadores em Correios e Telégrafos do RS (Sintect-RS) nos vales do Sinos e Paranhana, Luis Carlos Vieira, que apresentou uma série de considerações sobre a privatização. “Desde a eleição, o presidente Bolsonaro disse que privatizaria os Correios. Acontece que os Correios é uma empresa rentável e que dá lucro. Por outro lado, estamos com o Fundo de Pensão (Postalis) que está quebrado, com um rombo de R$ 14 bilhões. Mas, para conseguirem privatizar a empresa, o governo necessitará de 2/3 da Câmara dos Deputados. Como o governo sabe que não possui a totalidade dos votos necessários, agora, querem construir uma emenda ao projeto de lei encaminhado à Presidência da República, para quebrar o monopólio, assim, se tornaria mais fácil a venda, pois seria necessário a metade e mais um voto do total da Câmara dos Deputados”, cita Vieira.

 

Dados estatísticos dos empregados

MUNICÍPIO EMPREGADOS
Araricá            2
Campo Bom   31
Sapiranga       39
Nova Hartz     3
Parobé            20
Taquara           28
Igrejinha          6
Três Coroas     4
Rolante           4
Riozinho          1
TOTAL             138

Consórcio recebe informações

A venda e o processo de desestatização dos Correios é liderado pelo consórcio formado por Accenture do Brasil Ltda e Machado, Meyer, Sendacz, Opice e Falcão Advogados, contratado pelo BNDES no fim de agosto, por R$ 7,89 milhões. Em nota, os Correios informaram que não emitirão posicionamento ou opinião sobre estudos em curso.

Entrevista com Luis Carlos Vieira,  diretor do sindicato dos Correios

Jornal Repercussão – O que pode ser considerado monpólio dos Correios?
Vieira – Nosso monopólio é só em cartas, telegramas e malotes. Encomendas não é monopólio. É concorrência. O transporte por encomenda não é monopólio. Mas, os Correios têm a infraestrutura Centros de Distribuição (CD), caminhões, agências em tudo que é lugar e funcionários em tudo que é lugar. E, é isso que eles querem. Eles querem o filé.

Jornal Repercussão – Explique o que é considerado filé.
Vieira – Filé é o que dá mais lucro, que são as encomendas, bem mais rentável. As cartas eram 60% do lucro da empresa. Mas, agora, representam em torno de 40%. A encomenda é o que rende mais. Pensa em quantas cartas é necessário postar para dar valor de uma encomenda que são caixas, itens mais pesados.

Jornal Repercussão -A privatização ocorrendo, como ficarão os milhares de empregos?

Vieira – Brigaremos até o fim e contamos com o apoio de centenas de deputados federais. Os trabalhadores dos Correios são do Regime CLT, e nessa última greve, perdemos todos os direitos e benefícios que tínhamos. Nos deixou só com a CLT, tudo preparado para entregar a empresa à iniciativa privada, pois dessa forma, a empresa que comprar contratará os funcionários que desejarem permanecer, no futuro, com um salário bem mais baixo e sem benefícios.

Jornal Repercussão – E a venda de patrimônios dos Correios?
Vieira – A empresa possui vários imóveis e terrenos. Os prédios que estão à venda são de unidades que ficaram defasadas, não ocorriam ampliações, e a empresa foi alugando. Esses estão sendo vendidos, mas na região, não tem nenhum nesse critério à venda. Vamos continuar nos mobilizando contra a privatização.

Considerações

A coordenação de comunicação dos Correios no Rio Grande do Sul informou que a empresa tem colaborado tecnicamente com o consórcio contratado, auxiliando-o com o fornecimento das informações necessárias para o bom desempenho dos trabalhos. Pertinente ao tema dos imóveis próprios, a empresa pública informou que, somente nos municípios de Sapiranga, Taquara, Igrejinha e Três Coroas as agências funcionam em prédios próprios, e apenas Sapiranga e Campo Bom, contam com agências franqueadas.

A nota diz ainda que os Correios, ao longo dos anos, vem modernizando seu portifólio de serviços e possui papel social importante.