Onda privatista pode atingir Correios e servidores reagem

De olho | Funcionários públicos denunciam sucateamento e falta de pessoal nas unidades locais

Região – Os servidores públicos dos Correios estão em estado de atenção. Recentes declarações do ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, expuseram ao Brasil a grave crise de gestão que a estatal atravessa. Para Kassab – ministro do governo do presidente Michel Temer – ou o governo/direção dos Correios corta gastos, ou não haverá “saída, senão vamos rumar para a privatização”.

O Jornal Repercussão consultou os servidores dos Correios para entender o que de fato ocorre na empresa, que foi uma das mais respeitadas no País e hoje enfrenta a sua maior crise, desde a sua fundação, em 1663.

Para Silvio Oliveira Prado, há cinco anos servidor dos Correios em Campo Bom, o governo Temer, o ministro Kassab e o presidente nacional dos Correios, Guilherme Campos, fazem de tudo para tentar convencer a população de que o melhor caminho para os Correios é a privatização. “Eles (governo) começam a pregar que os Correios estão quebrados e que não tem solução e a sociedade vai acreditar. A sociedade não pode ser enganada”, denuncia. Para Silvio, o problema dos Correios é de décadas e de gestão, e privatizar não é a melhora saída.

Funcionários avaliam momento atua

Funcionário dos Correios campo-bonense há duas décadas (22 anos ao todo), Flavio Francisco Helmich avalia o que o governo Temer pretende fazer com os Correios. “Toda a privatização é construída. Primeiro, você deixa de contratar, sucateia a máquina, desestrutura a empresa e deixa a empresa com uma péssima imagem frente à população. Aí, a população acredita que tem que privatizar mesmo”, avalia Flávio.

Entre as dificuldades encontradas pelos servidores públicos dos Correios está a falta de pessoal. Esta carência impõe aos carteiros o que internamente é conhecido como ‘dobra’. “É quando um funcionário precisa fazer o seu distrito e mais um pedaço do distrito do colega. Isso virou uma prática comum nos Correios pela falta de pessoal”, explica o carteiro.

Outra situação desagradável que os funcionários dos Correios têm enfrentado é a questão do Plano de Saúde. “O Plano está defasado e não banca quase nenhuma especialidade. Agora, devem passar a cobrar do servidor o plano de saúde”, comenta.

Para o diretor da Sub-sede dos Correios na Região dos vales dos Sinos, Caí e Paranhana, Luis Carlos Vieira, outra grande dificuldade enfrentada nos Correios é a falta de pessoal. “Com a sequência dos Planos de Demissão Voluntária – PDV – vários colegas deixaram os Correios. Os funcionários não conseguem mais passar diariamente nas ruas. As horas-extras foram cortadas, as férias foram reagendadas para 2018 e 11 agências que possuem déficit de pessoal e de movimentação devem fechar. A primeira no Vale dos Sinos a encerrar suas atividades foi a de Lomba Grande, em Novo Hamburgo. Os funcionários das unidades em municípios menores estão apreensivos”, contextualiza.

Processo suave de terceirização

Atento às dificuldades dos servidores dos Correios em Nova Hartz, o vereador Jaques Scalcon (que também é funcionário concursado dos Correios), diz que buscará conversar com as gerências regionais para buscar soluções e, se possível, tentar expandir o serviço em Nova Hartz. Os loteamentos da Bica, Ipê, Brusius, Vila Alves, Canto Kirsch e Vicente Melo não possuem atendimento dos Correios. Atualmente, alguns serviços dos Correios já operam de forma terceirizada. Entre os casos mais evidentes estão alguns serviços de entregas motorizadas.

Atento às dificuldades dos servidores dos Correios em Nova Hartz, o vereador Jaques Scalcon (que também é funcionário concursado dos Correios), diz que buscará conversar com as gerências regionais para buscar soluções e, se possível, tentar expandir o serviço em Nova Hartz. Os loteamentos da Bica, Ipê, Brusius, Vila Alves, Canto Kirsch e Vicente Melo não possuem atendimento dos Correios. Atualmente, alguns serviços dos Correios já operam de forma terceirizada. Entre os casos mais evidentes estão alguns serviços de entregas motorizadas.

Contraponto

Ainda em 2016, os Correios anunciaram um plano de demissão voluntária para diminuir o déficit financeiro dos Correios. Sobre o Plano de Saúde, os Correios argumentam que é necessário encontrar um modelo onde o funcionário também contribua. No aspecto do fechamento de unidades, os Correios devem ampliar as franquias em parceria com a iniciativa privada.

Crédito da foto: Divulgação

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