O carvão está aqui. Agora só falta a carne

Sapiranga – Parte de um processo evolutivo da economia, onde o fomento à agricultura familiar nunca foi tão grande como agora, uma cultura antiga perde espaço na região, mas continua viva junto às propriedades existentes no Morro Ferrabraz: a produção de carvão vegetal.
Até 2005, conforme dados do Censo Agropecário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Sapiranga e Nova Hartz produziam mais de 700 toneladas. Passados seis anos, a produção caiu para 627 toneladas – queda de 11%. E a reboque da queda na quantidade está o valor movimentado na economia local. Em 2005, foram mais de R$ 632 mil injetados na economia local, contra R$ 367 mil em 2010: uma queda superior a 72%.
E esta redução é sentida até mesmo pelos responsáveis por organizar as políticas públicas voltados ao homem do campo. O secretário de Agricultura,Vanderlei Harff, acredita que a queda na produção pode estar relacionado à grande quantidade de matéria-prima existente no mercado. “Além disso, se soma o fato da cultura exigir um trabalho pesado e cansativo”, relata.

– Em Sapiranga, conforme o agrônomo da Emater/RS-Ascar, Mateus Farias de Mello, se analisa a ideia de levar a técnica de extração do ácido pirolenhoso à área rural, onde ocorre a produção de carvão. “Veremos qual o sistema mais eficiente para implantá-lo”, explica.

– Em fase de testes, o técnico conta que em algumas propriedades está se extraindo o óleo sem equipamentos e aplicando o ácido na agricultura orgânica como um repelente e biofertilizante.

– Mateus conta que um dos fatores que pode ter contribuído para a queda tanto da produção quanto dos valores movimentados pode estar relacionado ao surgimento de doenças nas famílias e que, por algum motivo, são associadas à produção do carvão.

– Dados da Emater de Sapiranga mostram que há cerca de 33 famílias se dedicando à cultura do carvão.

– A produção feita nos municípios é vendida nos comércios de Nova Hartz, Araricá, Dois Irmãos e Sapiranga.

– Mateus destaca que a agregação de valor na produção de carvão em alguns casos chega até 500%. Além disso, a extração do ácido pirolenhoso reduz a emissão de fumaça, em quase 100%.